A luta entre as duas lendas ganha uma roupa tecnológica moderna e aprofunda a ideia de que tudo é possível na Terra

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

Já faz tempo que esses dois personagens dos filmes de ficção fazem parte do imaginário dos cinéfilos do mundo. King Kong apareceu em 1933 e Godzilla em 1954 e, sabe-se lá porque, resolveram ser inimigos nos anos 60, continuam quebrando o pau e destruindo cidades ao redor do mundo, haja tijolo para tanta reconstrução.

Essa é a essência do cinema, ser diversão, isso é a ordem para, nos dias de hoje, criar coragem, sair de casa e enfrentar todos os riscos inerentes a quem está vivo. Ir a uma sala escura para ficar sentado por quase duas horas vendo dois monstros criados pela imaginação do homem lutando para ver quem manda no pedaço é, no mínimo, a garantia de que vale a pena se arriscar, tomando todos os cuidados, é claro!

Estreou ontem nos cinemas brasileiros Godzilla vs. Kong (Legendary Entertainment, Warner Bros.), essa aventura épica está em cartaz nos EUA desde 31 de março, aqui só chegou agora por causa da pandemia. No longa, essa guerra espetacular e histórica entre esses adversários míticos mexe com o destino do planeta.


Kong e seus protetores iniciam uma jornada perigosa para encontrar seu verdadeiro lar. Com eles está Jia (Kaylee Hottle) uma jovem órfã com quem Kong criou um vínculo único e sólido, mas, inesperadamente, eles cruzam o caminho de um Godzilla enfurecido, que tem deixado atrás de si uma trilha de destruição por onde passa.

O confronto entre eles é causado por forças invisíveis, há um grande mistério nas profundezas da Terra, com essa pegada, o roteiro bem escrito por Eric Pearson (Thor: Ragnarok) e Max Borenstein (Godzilla II: Rei dos Monstros, Kong: A Ilha da Caveira) toca em um ponto muito interessante e que até os dias de hoje não teve conclusão, mas nem mesmo usando nossa atual tecnologia se consegue comprovar: seria a Terra oca?

Essa é uma hipótese que propõe que o planeta Terra possui um interior vazio e habitável, a comunidade científica rejeita esta noção e trata como folclore, mas grandes autores como Dante Alighieri, Edgar Allan Poe, Jules Verne, Edgar Rice Burroughs usaram esse artifício em algumas de suas obras, quem mais levou a sério essa teoria foi Raymond Bernard, autor do livro A Terra Oca que reitera a teoria que nosso planeta não é uma esfera sólida, mas com aberturas nos polos e no interior vive uma civilização tecnologicamente avançada, cujos integrantes às vezes vêm para a superfície em OVNIs.

Verdade ou não, o que vale mesmo é a diversão que o filme proporciona. Sua realização é minuciosamente cuidada, com detalhes muito coerentes em se tratando do tamanho das pessoas em relação aos monstros. A direção de Adam Wingard (O Hóspede, Você é o Próximo) é muito competente, ele procurou dar o mesmo peso e tempo para cada “vilão” e soube usar o recurso de CGI com qualidade sem abusar, alias, o trabalho da Weta Digital é primoroso, se aproxima muito da qualidade que era considerada insuperável da ILM antes de mudar de dono, as animações, as destruições e as atuações nas lutas de todos os envolvidos são muito convincentes.

Neste tipo de filme, todos estão mais ligados na ação do que na atuação, mesmo assim os personagens que descrevem o enredo são muito bem dirigidos e não interferem no enredo, Alexander Skarsgård, Millie Bobby Brown, Rebecca Hall, Brian Tyree Henry, Shun Oguri, Eiza González, Julian Dennison, Kyle Chandler e Demián Bichir são na verdade aqueles coadjuvantes da melhor qualidade que qualquer titã pode querer ao lado.

Godzilla vs. Kong tem um espetacular orçamento de US$ 160 milhões, já faturou US$ 415.590 milhões antes mesmo de estrear por aqui onde é indicado para quem tem mais de 12 anos, a tendência da arrecadação é crescer e se tornar uma das maiores bilheterias do ano, afinal de contas, quem não está louco pra sair de casa e voltar a apreciar o que de melhor o cinema faz? Escolha uma sala com toda a segurança e se jogue, para quem gosta do tema é um prato cheio!

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