O diretor francĂªs mais americano do cinema surpreende com um filme rico em aĂ§Ă£o e suspense

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Diamond Films

A criatividade de Luc Besson se renova a cada produĂ§Ă£o, a fĂ³rmula Ă© aliar elementos do cotidiano para contar estĂ³rias cheias de tramas quase insolĂºveis e dar vida a personagens dos mais variados contextos, o “difĂ­cil de acreditar” nĂ£o existe no dicionĂ¡rio desse parisiense.

Desta vez ele usou um elemento muito em evidencia no tal mundo civilizado, os cachorros. Os pobres animais sĂ£o amados pelos franceses, abusados pelos americanos, desdenhados pelos latinos e nem me arrisco a dizer o que representam para os asiĂ¡ticos, mas essas almas frĂ¡geis serviram de combustĂ­vel para o novo filme do diretor. JĂ¡ estĂ¡ em cartaz Dogman (Luc Besson Production, EuropaCorp, TF1 Films Production, Canal+, CinĂ©+, TMC, Diamond Films) os “anjos de 4 patas” mostram que o amor incondicional Ă© capaz de tudo.

O longa escrito e dirigido por Besson conta a histĂ³ria de Douglas Munrow (Caleb Landry Jones), um garoto de Nova Jersey que foi abusado e maltratado por seu pai e encontra sua salvaĂ§Ă£o no amor dos cĂ£es, treinados por ele para ajudĂ¡-lo em todos os momentos. NĂ£o vou dar mais spoilers, mas a coisa nĂ£o fica apenas no amor.

A direĂ§Ă£o Ă© muito competente, principalmente quando os cĂ£es entram em cena, a coreografia Ă© absolutamente verossĂ­mil e Caleb dĂ¡ um show de interpretaĂ§Ă£o. O elenco formado por Jojo T. Gibbs, Christopher Denham, Clemens Schick, John Charles Aguilar, Grace Palma, Iris Bry, Marisa Berenson, Lincoln Powell e Alexander Settineri nĂ£o Ă© tĂ£o conhecido, mas mergulha de cabeça no forte argumento criado por Besson.

Rico em aĂ§Ă£o, a fotografia feita em captaĂ§Ă£o digital pelo francĂªs Colin Wandersman Ă© farta em contraluz e pontos quentes, o uso de cĂ¢meras Sony Venice e lentes Cooke Full Frame Anamorphic 1.8X facilitam mostrar movimentos de atores e animais sem fugir do campo de visĂ£o. Com isso, a ediĂ§Ă£o Julien Rey Ă© limpa, muito ritmada e abre espaço para os efeitos visuais criados pela MPC serem inseridos com muita competĂªncia, nĂ£o dĂ¡ para diferenciar o real do virtual.

Vencedor no Festival de Veneza com a Graffetta d'Oro for Best Film, Dogman Ă© para maiores de 16 anos, tem 113 minutos, orçamento divulgado de US$ 23 milhões e jĂ¡ estĂ¡ rodando nos cinemas do mundo desde setembro, mas tem que ser apreciado como um Beaujolais Nouveau, um vinho muito saboroso feito para ser bebido jovem, o tempo se incumbe de transformar em clĂ¡ssico, assim como as obras de Luc Besson.

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