A fĂ¡bula do novo sĂ©culo Ă© uma volta no tempo e mostra que sonhos nĂ£o tem limite

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures

Aves e mamĂ­feros, animais de sangue quente, tem uma caracterĂ­stica em comum, o sonho. Nos humanos talvez seja essa a melhor qualidade, eles podem acontecer quando estamos dormindo ou acordados e isso sĂ³ nos faz bem, crescemos, evoluĂ­mos, criamos, afinal de contas, a necessidade Ă© a mĂ£e das invenções, e claro, a vida foi feita para sonhar.

Claro que nem todos vĂ£o se tornar realidade, muitos acabam ficando mesmo na fronha do travesseiro ou nos devaneios passageiros, mas, e sempre existe um mas, se juntarmos vontade e desejo possĂ­vel, aĂ­ ninguĂ©m segura!

É com essa pegada de fĂ¡bula moderna, drama com um pouco de comĂ©dia, que estreia hoje nos cinemas brasileiros Sra. Harris vai a Paris (Moonriver Content, Superbe Films, Hero Squared, Elysian Films, Hungarian National Film Fund, Umedia, eOne Features, Focus Features, Universal Pictures), um filme que acontece, uma parte em Londres e outra na capital da França no pĂ³s-guerra, mas que tem como objeto de desejo uma obra da genialidade e bom gosto do costureiro que criou uma das marcas mais longevas e importantes do mundo fashion, a Christian Dior. Ah, detalhe, ela estĂ¡ entre nĂ³s mais tempo que seu criador ficou.

O longa Ă© escrito, produzido e dirigido por Anthony Fabian, nele Ada Harris (Lesley Manville) Ă© uma faxineira viĂºva que mora em Londres nos anos 1950. Ela se apaixona por um vestido da Dior e decide comprar uma peça, com isso, Ada trabalha dia e noite para realizar seu sonho, embarca em uma aventura na cidade luz que mudarĂ¡ sua vida e o futuro da Maison Dior.

É um roteiro bem elaborado, trata de temas pertinentes como o preconceito da Ă©poca, as conflitantes relações de trabalho e claro, do amor, atĂ© porque nĂ£o existe lugar onde ele seja mais poderoso que Paris. Durante os 115 minutos da exibiĂ§Ă£o, os Ă³timos figurinos, as locações, as excelentes reconstituições de Ă©poca e a estĂ³ria bem contada, se perdem na filmografia pouco criativa e sem a exuberĂ¢ncia, Ă© uma pena.

NĂ£o Ă© um filme que vai encher os olhos pela beleza plĂ¡stica, mas sim pelas atuações de monstros como Isabelle Huppert (Claudine Colbert), Alba Baptista (Natasha), Lucas Bravo (AndrĂ© Fauvel) e Ellen Thomas (Violet Butterfield), eles garantem uma sustentaĂ§Ă£o dramĂ¡tica muito realista, a qualidade individual de cada personagem Ă© apresentada com clareza, sĂ³ pela representaĂ§Ă£o de cada um jĂ¡ vale o ingresso.

Sra. Harris vai a Paris Ă© um desses filmes que podemos guardar na memĂ³ria como uma criaĂ§Ă£o da Maison Dior, ambos nasceram para serem Ăºnicos e, goste ou nĂ£o do que vĂª, vai fazer parte da sua vida durante muito tempo. Segundo Christian Dior, “a alegria Ă© o segredo da beleza, sem entusiasmo nĂ£o hĂ¡ beleza que seja atraente”, pois os sonhos sĂ£o para ser sonhados pelo seu sonhador, realize eles ou nĂ£o.

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