Com elenco muito competente, o filme retrata os problemĂ¡ticos anos 80 pelo olhar de um adolescente
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures
Tem gente que sente saudade e tem quem odeie se lembrar dessa dĂ©cada que mudou o mundo de formas distintas. Quem vivia no lado debaixo do Equador, adora esse perĂodo cheio de criações musicais e culturais importantes, o surgimento de novidades tecnolĂ³gicas, de curtir as quase obrigatĂ³rias baladas no fim de semana, da enxurrada de vestibulares para se formar e criar uma vida mais tranquila, pelo menos no Brasil, a ideia era progredir.
JĂ¡ quem estava no lado de cima, a coisa foi muito diferente, as grandes cidades americanas se viam refĂ©ns da criminalidade crescente e brutal, tudo era mais explicito com relaĂ§Ă£o a brigas Ă©tnicas, preconceitos de todos os tipos, roubos sem precedentes, assassinatos sem soluĂ§Ă£o, enfim, o caos tomava conta da casa do Tio Sam.
Estreia nos cinemas brasileiros Armaggedon Time (Focus Features, Keep Your Head, MadRiver Pictures, RT Features, Spacemaker Productions, Universal Pictures) um longa quase biogrĂ¡fico que Ă© uma ficĂ§Ă£o do diretor James Gray, ele tambĂ©m assina o roteiro e a produĂ§Ă£o.
O longa Ă© uma histĂ³ria de profundo amadurecimento pessoal sobre a força da famĂlia e a busca de gerações pelo sonho americano, atravĂ©s de uma narrativa inocente e despretensiosa, mas que ganha força na postura firme das atuações do elenco, que tem entre eles Anthony Hopkins, Anne Hathaway e Jeremy Strong, mas Banks Repeta (Paul Graff) e principalmente Jaylin Webb (Johnny Davis) roubam a cena, suas atuações sĂ£o absurdamente convincentes.
O filme tem Ă³timo figurino e uma excelente direĂ§Ă£o de arte, que nĂ£o sĂ£o explorados como deveriam pela fotografia, ela tem cara antiga e lembra as sĂ©ries da dĂ©cada em que se passa a estĂ³ria. Darius Khondji poderia ter modernizado a captaĂ§Ă£o jĂ¡ que contava com cĂ¢meras de tecnologia moderna, existem cenas tĂ£o indefinidas que nĂ£o vĂª quase nada da aĂ§Ă£o. A montagem tambĂ©m tem uma forma pouco produtiva, Ă© feita em ritmo demasiado lento, o editor Scott Morris deixa o espectador agoniado em alguns momentos com a demora no desfecho que, quando acontece, se mostra nĂ£o ser de tanta relevĂ¢ncia, e quando tem, certamente jĂ¡ deu para adivinhar o que vai acontecer.
Essas observações nĂ£o tiram o brilho de Armaggedon Time, que deve ser apreciado em tela grande na totalidade dos seus 115 minutos repletos de situações que conhecemos e que, na verdade, mancham a histĂ³ria da humanidade que simplesmente nĂ£o consegue entender o fato de que somos todos iguais, independentemente de cor, raça, credo, sexo, acima ou abaixo do Equador.
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