A superprodução do anti-herói dos quadrinhos além de ser muito bem realizada vai te ajudar a entender melhor um personagem não tão famoso
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures
Antes de falar do filme, dois avisos: não caia na conversa de gente babaca que acha que sala de cinema é lugar para terapia em grupo, ou você vai para se divertir ou é melhor mudar o programa. O outro é, se você conhece o personagem, ótimo, se não conhece, tem gente que se preocupa em explicar, por isso os filmes são longos.
Pronto, já que estamos nos entendendo, vou falar da super estreia de hoje nos cinemas brasileiros de mais um personagem baseado nos quadrinhos da DC Comics, que confesso, sempre gostei mais que da outra que agora vive embaixo do guarda-chuva do rato orelhudo. A preferência é porque eles sempre tiveram a preocupação em não esconder o passado nem criar o avesso do avesso, é, digamos, uma ficção mais humanizada.
Começa hoje a saga de Adão Negro (DC Entertainment, Flynn Picture Company, New Line Cinema, Seven Bucks Productions, Warner Bros. Pictures) que tem como grande missão fazer com que todos voltem para assistir a continuação, porque terá e isso fica muito claro na bem sacada cena meio-créditos.
No longa, que tem a direção absolutamente correta do catalão Jaume Collet-Serra e que usa em cerca de 75% dos 124 minutos de exibição efeitos visuais e especiais, a estória é a de que quase 5.000 anos após receber poderes onipotentes de deuses antigos, e logo depois ser aprisionado, Teth-Adam (Dwayne Johnson) é libertado de sua tumba terrena, pronto para levar ao mundo moderno sua forma singular de justiça, mas tem gente que não gosta muito disso.
O roteiro de Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani, baseado na criação de Otto Binder e C.C. Beck, evidentemente é cheio de referencias, easter eggs e todas aquelas coisas necessárias para mostrar ao leigo no assunto, do que se trata. Jaume foi muito feliz na escolha do elenco, tirando dois personagens menos, digamos, ativos, mesmo em algumas situações de bravatas necessárias, ninguém foi além do limite, o filme é muito equilibrado em suas quase pontuais trocas de diálogos.
Com tanto tempo de utilização de efeitos, duas gigantes do ramo foram escaladas, a Double Negative e a Weta Digital encabeçam o pool de 15 empresas responsáveis por dar vida a todos os personagens e seus inimigos, criação de enormes cenários virtuais e, principalmente, agilizar de forma realista as incontáveis cenas de ação com consequência para todos os lados, literalmente. A fotografia é assinada por Lawrence Sher, que mantém a mescla entre claro e escuro de forma quase sutil, a mesma que ele usou em Coringa e consegue trazer aos olhos toda a profundidade que os cenários e personagens exigem.
Esse é um daqueles raros casos em que o longa é editado em cima da trilha sonora, e isso acontece em vários momentos, Lorne Balfe entregou uma seqüência de acordes marcados que foram muito bem utilizados por John Lee e Michael L. Sale, isso dá um ritmo muito acelerado e deixa a exibição quase que hipnotizando a plateia. É um grande ponto do filme, ele desacelera em pouquíssimos momentos, é muito rápido, ágil e envolve o espectador de modo fast quase que o tempo todo, a impressão é que, se fosse tratado em velocidade normal, teria umas 4 horas de exibição.
Foi uma espera de 15 anos para a ideia sair do papel e ganhar as telas dos cinemas do mundo, mas Adão Negro chegou para ficar e fazer sucesso, foram gastos US$ 200 milhões na superprodução que tem classificação indicativa de 12 anos e deve ser assistido de preferência em uma sala com tecnologia IMAX, foi feito para diversão e vai deixar muitos pseudointelectuais preocupados com violência, de cabelos em pé, mas deve ser assistido, certamente, mais de uma vez, afinal de contas, cinema bem feito é assim, custa caro e cria polemica. Aproveite o momento!
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