O terceiro longa da saga tem texto muito explicativo, produção impecável e realização de alto nível, a pentalogia vai de vento em popa

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures

A escritora J.K. Rowling não gosta de brincar em serviço, desde que saiu da pobreza e se tornou multimilionária contando estórias de bruxos nos seus livros, tudo que vem da chispa criadora desta mulher é possível. Muita gente acreditava que, com o fim da saga Harry Potter, a fonte iria secar. Mas não, ela leva muito a sério essa coisa de dar um passo para trás para dar muitos para frente, isso é admirável e J.K. faz isso com perfeição.

Alguns cineastas já criaram enredos que começam a ser narrados na metade e voltam ao inicio para explicar como tudo aconteceu, em O Poderoso Chefão, Francis Ford Copolla e Mario Puzo fizeram com maestria e muita competência, já George Lucas em Star Wars acabou se enrolando e quebrou o impacto de “Luke, I´m your father”. Vai ser muito difícil Rowling se perder em Animais Fantásticos, que surgiu em 2016, ela toma muito cuidado, até porque toda competência deve ser premiada.

Estreia hoje no Brasil a terceira parte da pentalogia, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (Heyday Films, Warner Bros. Pictures) é dirigido pelo inglês David Yates, o mesmo dos dois primeiros longas, mantém a marca do diretor em optar por narrativas mais lentas misturadas a toneladas de criaturas de CGI e muitos efeitos visuais e especiais.

Nessa nova aventura, o professor Alvo Dumbledore (o sempre ótimo Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen, que substituiu o demitido Johnny Depp) se movimenta para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, pede ajuda a Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma equipe de bruxos, bruxas e trouxa nessa missão perigosa.

É uma realização grandiosa, o budget é segredo de estado, mas deve ter custado mais de US$ 200 milhões que foi o orçamento do filme anterior, certamente a maior parte foi para os efeitos, realizados pela queridinha do momento, a Digital Domain, eles são o fio condutor deste enredo, que retrata os primórdios do universo da magia que culminou nas aventuras de Harry Potter.

Não é 100% spoiler, mas se quiser evitar, pule este parágrafo. Uma coisa me incomodou nos 142 minutos de exibição, a distribuição do peso de cada personagem é desproporcional em vários momentos, tem elementos que pronunciam algumas palavras, outros nenhuma, o que é uma loucura porque sua participação tem ação direta com o que está acontecendo e terá consequências futuras na trama, são atores e atrizes de primeira linha, nos papéis parecem coadjuvantes de luxo.

Yates tem ótimo entendimento da obra e seus desdobramentos, desta vez o diretor de fotografia é George Richmond, com ele o filme ganha uma quantidade maior de cenas realizadas em Noite Americana e elementos mais escuros, mesmo em tomadas com luz natural. Já o editor continua sendo Mark Day que esta com David desde Harry Potter e a Ordem da Fênix, talvez por conta de um roteiro mais explicativo a montagem ganhou um ritmo mais lento.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore não é para todos os públicos, tem Classificação Indicativa de 14 anos, talvez não pelo que se fez mas sim pelo que fala, é um filme moderno que rompe alguns paradigmas e expõe mais claramente detalhes da vida de alguns personagens, deve ser visto e entendido como parte de um todo, certamente terá sequência e sim, vai fazer toda a diferença na sua vida, J.K. Rowling é mestra em fazer de um limão uma limonada suíça adoçada com açúcar cristal e servida em um copo de vidro borosilicato.

Assista ao trailer