A Pirelli mais uma vez inova e abre o debate de olho no que será das duas rodas, no Brasil e no mundo

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Pirelli

O mundo da motocicleta está muito além da imaginação de quem se desloca em uma caixa fechada, sozinho ou coletivamente, é a essência da liberdade, com ela se pode sentir a natureza ao redor, olhar em todas as direções, ter o poder da compactação de espaço, chegar a lugares que os automóveis não conseguem e, de maneira até inesperada, até substituir animais no trabalho escravo, ela ajuda muito mais que atrapalha.


Mas vivemos em um país de contrastes muito grandes, o respeito ao próximo praticamente se perdeu nas novas e velhas gerações, não é exclusividade de uma faixa social específica, se vivo fosse, o engenheiro mecânico alemão Gottlieb Wilhelm Daimler, que é considerado o inventor da motocicleta, daria pulos de raiva com alguns tipos irresponsáveis que fazem com que uma das mais geniais e práticas invenções seja levada para a marginalidade.


Os sem habilitação e qualquer preocupação com segurança são hoje responsáveis pelo nariz torto que as motocicletas provocam em muitas pessoas, o exemplo que é dado pelos motociclistas quase desaparece no meio de tanta loucura e da falta de sociabilidade dos motoqueiros que se acham acima da lei, mas ainda bem que existem pessoas com mais consciência e que também se preocupam com o bem estar geral, seja de motoristas ou motociclistas.


É por isso que o desenvolvimento de novos modelos de motos e seus respectivos pneus são feitos em parceria, um não nasce sem o outro e a homologação sempre será em conjunto. O trabalho da fabricante é, digamos, facilitado em parte pela montadora, ela fornece os parâmetros que deverão ser utilizados para a fabricação de pneus, isso é muito importante para a agilidade do processo, na verdade as montadoras querem opções mais assertivas e por isso as simulações em laboratório aumentaram muito.


O grande desafio já tem cor: verde. Os chamados Pneus Verdes são aqueles que nos aproximam mais do futuro, o começo do desenvolvimento se deu nos automóveis, que hoje já utilizam o composto em larga escala e atinge quase todos os modelos de grande parte das montadoras. Eles são encontrados geralmente em carros de entrada e que tenham um uso muito freqüente, a migração para os pneus das motocicletas foi mais lento que o esperado.


Essa demora se deu porque são projetos completamente separados por causa do tipo de construção que as duas rodas impõem, a utilização também é um fator muito importante na hora de se construir este modelo de pneu, o desenho, a utilização de novos materiais e a complexidade em alinhar os compostos, por isso a simulação é muito importante neste caso. O Metzeler FeelGreen é o representante da empresa para esse segmento, nos testes descobriu-se que com Groove Duplo a área que faz o contato com o solo é quase a mesma do Slick, com a vantagem de ter todo o desenvolvimento que auxilia em pisos molhados.


Muita gente afirma que o futuro da mobilidade será elétrica, por ser essa energia a mais limpa do planeta. Não é bem assim, ela se torna mais limpa se sua fonte for solar ou mesmo de hidrelétricas, no caso de usinas térmicas, trocam-se seis por meia dúzia e ainda tem o desconforto da espera em carregar as baterias do veículo em questão.


O que se procura mesmo é a emissão zero de poluentes enquanto a frota roda. Os automóveis já atingiram um enorme grau de desenvolvimento, sejam eles híbridos (já existe uma versão com motor Flex) ou 100% elétricos, as motocicletas por sua vez começam a dar sinais muito positivos de avanços na eletrificação, os Scooters devem ser os modelos preferidos, o seu desenho que permite a instalação de baterias sem grandes alterações no projeto original além de ser muito mais urbano que suas irmãs de outras categorias.


Com isso, o desenvolvimento de novos pneus com compostos mais eficazes já faz parte do cardápio que os engenheiros começam a degustar, isso promete ser transferido para outros modelos de motocicletas que devem ganhar em desempenho e segurança. É o futuro chegando muito depressa, que ficar parado vai perder o trem da história.


A parte mais chata da história é saber que, o sucesso das montadoras que partem para esse mundo elétrico recebe incentivos do governo (aqui e de outros países) para continuarem nessa toada, agora, os sistemistas e demais fabricantes de partes (como os pneus) não tem nenhum desconto de imposto, ajuda de custo, linha de crédito ou financiamento para criar o futuro, como pode?