Houve no primeiro trimestre de 2019 um aumento de 2 dígitos em relação ao mesmo período do ano passado
Texto: Eduardo Abbas / Anfavea
Fotos: Claudio Larangeira
Claro que foi uma apresentação com cara de fim de festa para o atual presidente Antonio Megale, afinal de contas é a última coletiva que ele comanda antes de passar o bastão para o seu sucessor, Luiz Carlos Moraes que vai segurar comandar a entidade pelos próximos três anos.
As boas notícias do mês garantem que a missão de Megale foi cumprida com louvor, afinal de contas apenas as exportações, que atingem a indústria brasileira como um todo, não conseguem reagir principalmente por causa da crise de nosso maior comprador, a Argentina, mas novos países começam a abrir mais as portas, casos do México e da Colômbia que tiveram aumento na nossa participação em seus mercados.
Aqui em casa, tá tudo indo bem, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, 607,6 mil veículos foram comercializados nos três primeiros meses do ano, ante os 545,5 mil de 2018. Somente em março, 209,2 mil unidades foram licenciadas, aumento de 5,3% contra as 198,6 mil de fevereiro e de 0,9% frente às 207,4 mil de março de 2018.
Para o presidente da Anfavea, Antonio Megale, os resultados da indústria automobilística em março foram animadores: “Mesmo com uma quantidade de dias úteis menor em março, devido ao carnaval, tivemos um balanço positivo no comparativo mensal. A média diária de vendas no último mês foi de 11 mil unidades, a melhor de março desde 2014. Isso mostra o impulso que nosso setor tem dado à recuperação da economia brasileira. Segundo relatório do Banco Central, o setor respondeu por 1/3 do crescimento da atividade industrial no biênio 2017-2018, e por 1/4 da elevação PIB nacional”.
A produção de autoveículos no acumulado do ano ficou em 695,7 mil unidades, baixa de 0,6% frente ao mesmo período do ano passado com 699,8 mil unidades. Somente em março, 240,5 mil unidades saíram das linhas de montagem, o que significa queda de 6,4% ante as 257 mil de fevereiro e de 10,1% contra as 267,5 mil de março do ano passado.
As exportações apresentaram queda em função da retração da economia argentina, principal parceiro comercial do Brasil. No acumulado do ano, 104,6 mil unidades foram exportadas, baixa de 42% quando comparadas com as 180,2 mil de igual período de 2018. Em março, 39 mil veículos foram negociados, diminuição de 3,7% sobre as 40,5 mil de fevereiro e de 42,2% em relação às 67,5 mil de março do ano passado.
Perguntei ao presidente se "com essa queda enorme nas exportações, não é chegado o momento de se incentivar mais a compra de veículos no mercado interno? Não pode o governo junto com as montadoras criar condições de aumento de consumo?" Segundo Megale "na verdade precisamos ser mais competitivos para melhorar e aumentar a nossa participação em outros mercados, os casos do México onde tínhamos 10% e subimos para 13% e da Colômbia que aumentamos de 3% para 10% mostra que temos potencial para crescer muito mais em outros mercados. No caso das vendas internas, temos que esperar as votações dos pacotes e novas leis que o governo tenta fazer no congresso".
Caminhões e ônibus
As vendas de caminhões este ano têm mostrado uma retomada importante da economia brasileira e do setor automotivo. Nos três primeiros meses deste ano, as negociações cresceram 47,7%: foram 21,5 mil unidades este ano e 14,5 mil em 2018. No último mês, 7,6 mil caminhões foram registrados, alta de 10,5% no comparativo com os 6,9 mil de fevereiro e de 28,1% contra os 5,9 mil de março do ano passado. Os fabricantes de caminhões produziram em março 8,3 mil unidades – número 13,6% menor se analisando com as 9,6 mil de fevereiro e de 16,4% com as 9,9 mil de março de 2018. No trimestre, 24,8 mil unidades saíram das fábricas, ou seja, expansão de 1,3% ante as 24,4 mil de igual período do ano passado.
As exportações para o segmento seguem em baixa: 2,5 mil unidades embarcaram no trimestre para outros países, recuo de 65,6% frente as 7,3 mil de 2018. As vendas de ônibus aumentaram 69,7% nos três primeiros meses: foram 4,7 mil unidades em 2019 e 2,8 mil em 2018. No terceiro mês do ano 1,6 mil unidades foram licenciadas, crescimento de 6,6% no comparativo com as 1,5 mil de fevereiro e de 53% na análise com as 1 mil de março do ano passado. A produção de chassis para ônibus encerrou o trimestre com diminuição de 11,2%, com 6,1 mil unidades este ano e 6,9 mil no ano passado. Somente em março, a queda foi de 41%, com 1,7 mil unidades no mês e 2,8 mil no mesmo período de 2018. Quando comparadas com fevereiro, quando 2,5 mil unidades foram fabricadas, o recuo é de 33,8%. As exportações no acumulado permaneceram em baixa: foram 2,1 mil unidades este ano e 2,5 mil no ano passado, o que resultou em uma diminuição de 15,9%.
Máquinas agrícolas e rodoviárias
O resultado das vendas para o setor de máquinas agrícolas e rodoviárias em março foi positivo, com 3,8 mil unidades comercializadas, alta de 31,6% frente às 2,9 mil de fevereiro. No comparativo com março do ano passado, quando 3,5 mil unidades foram vendidas, o segmento apresentou aumento de 7%. No acumulado, o balanço foi de crescimento de 23,5% com 9,3 mil unidades este ano e 7,5 mil no ano passado.
A produção no primeiro trimestre de 2019 foi de 10,9 mil unidades, retração de 9,4% contra as 12 mil do ano passado. Em março 4,5 mil unidades foram fabricadas, aumento de 30,9% diante das 3,5 mil de fevereiro e diminuição de 16% sobre as 5,4 mil de março de 2018.
As exportações no trimestre caíram 8,6%: foram 2,7 mil este ano e 2,9 mil no ano passado.
Emprego
Houve uma leve retração no número de empregos no mês de março, isso é considerado normal pela Anfavea, pois tratam-se de ajustes corriqueiros no setor, nada preocupante.
O ainda ativo Layoff tem agora 600 empregados esperando para retornar ao trabalho, 96 a menos que em fevereiro, este programa se aproxima gradualmente da extinção, que segundo previsões deve acontecer até o final do ano.
Estoques
Com menos dias úteis por causa do carnaval os estoques permaneceram estáveis, mas continuam altos nos pátios e concessionárias, o ideal é que ambos fiquem em torno de 30 dias. Acredita-se no aumento da demanda a partir de abril, esse número deve enfim se estabilizar no patamar considerado ideal.
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