Estilo musical africano dita o ritmo da festa popular mais longa do mundo
Texto e fotos: Ministério de Turismo do Uruguai
Para aqueles que acreditam que a força do Carnaval está só no Brasil, está bem enganado. O Brasil tem quase cinco dias intensos de badalação, mas o Uruguai tem aproximadamente 40 com uma enorme variedade musical e dança, o que lhe confere o título do carnaval mais longo do mundo. A semelhança com a nossa festa popular é que o ritmo do vizinho também é ditado por um estilo musical originário da África, o Candombe.
Esse gênero anuncia a chegada do carnaval e anima os famosos “Desfiles de Llamadas”. Dois dias de desfiles com bateria de tambor, 7 e 8 de fevereiro, descem a avenida 18 de Julio - principal de Montevidéu, e arrastam uma multidão que dança ao ritmo do Candombe – hoje Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade. A força e o colorido do ritmo africano fazem os visitantes vibrarem, por uma manifestação caracterizada pelo diálogo de três tipos de tambores: chico, repique e piano. O comovedor espetáculo é o maior no mundo quando se trata de tambores sendo tocados ao mesmo tempo: são mais de 2500 instrumentos unissonantes arrepiando a alma dos espectadores.
O candombe, é uma dança levada ao som de atabaques típica da América do Sul. Atuante na cultura uruguaia há mais de 200 anos, é uma manifestação cultural originada a partir da chegada dos escravos da África ao continente sul-americano. A sua importância não está só no carnaval, ele se manifesta no Uruguai durante muitos domingos e feriados do ano ressoando no bairro sul de Montevidéu e em outros dois bairros meridionais da capital: Palermo e Cordón, que abrigam boa parte da população de origem africana. Pequenos desfiles são organizados nessas datas onde os participantes se reúnem para esquentar os tambores e confraternizar. Uma vez esquentados, a procissão é liderada pelos mais prestigiados membros de famílias da comunidade, renomadas por seu virtuosismo na arte de tocar bateria por gerações, e logo atrás surgem os outros bateristas, que marcham em fila respeitando aos mais experientes. Transmitido dentro das famílias afrodescendentes, o Candombe não é apenas a expressão de uma resistência, mas também uma festividade musical uruguaia e uma prática social coletiva profundamente enraizada no cotidiano desses bairros. É também um símbolo e uma manifestação da memória da comunidade, que encoraja os antigos habitantes a retornarem ao núcleo histórico do Candombe em determinados feriados, com mais força normalmente nos dois dias que anunciam a chegada do carnaval no Uruguai.
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