Se vocĂª estĂ¡ procurando um filme profundo, que vai te emocionar, nĂ£o Ă© esse, se quer diversĂ£o alegria e muita aĂ§Ă£o, achou!

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Marvel Studios

Todos sabem que a nossa histĂ³ria contemporĂ¢nea Ă© recheada de ações e pessoas muito chatas, na verdade vivemos um ocaso da racionalidade e damos vazĂ£o a uma nova mentalidade onde nada pode e tudo ofende, a coisa chega a um ponto onde se discute a falta de coerĂªncia e sexualidade de personagens de ficĂ§Ă£o, se esse ou aquele super-herĂ³i deve ou nĂ£o fazer determinada coisa ou se relacionar com esse ou aquele sexo. Oi?


A impressĂ£o que fica Ă© a de quanto mais evoluĂ­mos em tecnologia regredimos como pessoas, nĂ£o me conformo com alguĂ©m achincalha um filme que nasceu para divertir ser taxado de intelectualmente inferior, ora meu filho, diversĂ£o Ă© diversĂ£o, nasceu para ser alegre e engraçado, Ă© gostar ou nĂ£o, simples assim. Essa sempre foi e serĂ¡ a missĂ£o da Marvel, criar seres imaginĂ¡rios que tem menos problemas que nĂ³s, ou alguĂ©m realmente acredita que voar Ă© fĂ¡cil e que a imortalidade fĂ­sica existe?


Estreou na quinta-feira um dos melhores filmes de personagens dos quadrinhos feitos neste sĂ©culo, ele nĂ£o tem o objetivo de discutir se esse ou aquele personagem Ă© ou nĂ£o correto muito menos se existe alguma coerĂªncia no relacionamento interpessoal, Thor: Ragnarok (Marvel Studios, Walt Disney Studios Motion Pictures) nasceu para ser alegre, divertido, cheio de efeitos e tudo mais que uma produĂ§Ă£o nesse quilate com um orçamento generoso de US$ 180 milhões pode oferecer para quem vai ao cinema.


Esse Ă© certamente o mais divertido da trilogia, tem no roteiro Eric Pearson a essĂªncia dos personagens Marvel, começa com uma seqĂ¼Ăªncia introdutĂ³ria grande e muito bem resolvida. Na estĂ³ria, Thor (Chris Hemsworth) Ă© aprisionado no outro lado do universo sem o seu poderoso martelo e se encontra em uma corrida contra o tempo para voltar a Asgard e impedir Ragnarok – a destruiĂ§Ă£o do seu planeta natal e o fim da civilizaĂ§Ă£o Asgardiana – pelas mĂ£os de uma nova e poderosa ameaça, a implacĂ¡vel Hela (a maravilhosa Cate Blanchett).


Essa corrida contra o tempo tem muitas voltas e as situações de superaĂ§Ă£o do herĂ³i, antes de salvar seu mundo ele precisa sobreviver a uma competiĂ§Ă£o mortal de gladiadores que o coloca contra seu antigo aliado e companheiro nos Vingadores - o IncrĂ­vel Hulk (Mark Ruffalo) que estĂ¡ vivendo em um planeta onde o lĂ­der supremo, o GrĂ£o-Mestre ditador Sakaariano (Jeff Goldblum) pinta e borda.


SĂ£o situações tragicĂ´micas com personagens extraĂ­dos dos gibis, os diĂ¡logos sĂ£o muito bem escritos e dĂ£o sempre aquele duplo sentido acompanhado de uma reaĂ§Ă£o altamente intempestiva de um personagem. Funciona perfeitamente, te prende e leva a viajar no enredo de fĂ¡cil compreensĂ£o onde as soluções nĂ£o sĂ£o tĂ£o obvias, esse Ă© o charme, os muitĂ­ssimos bem realizados efeitos da Digital Domain surpreendem, ela estĂ¡ se mostrando uma nova e poderosa concorrente para a ILM e a Weta Digital por sua qualidade e cuidado, ajudada principalmente pela cinematografia do espanhol Javier Aguirresarobe (Blue Jasmine) e pela montagem cuidadosa e limpa de Zene Baker (Vizinhos).


No elenco nĂ­vel AAA, encontramos tambĂ©m Loki (Tom Hiddleston), Heimdall (Idris Elba), Valkyrie (Tessa Thompson), Skurge (Karl Urban), Odin (Anthony Hopkins) e Korg. Ele Ă© vivido pelo neozelandĂªs Taika Wititi que tambĂ©m assina a direĂ§Ă£o do filme e tem como especialidade longas com humor envolvido embalado por mĂºsicas conhecidas, a trilha sonora muito bem feita pelo maestro Mark Mothersbaugh Ă© suave e quase imperceptĂ­vel, nas canções uma curiosidade: Waititi iria pedir Ă  banda Queen que trabalhasse na trilha sonora do filme se Freddie Mercury ainda estivesse vivo, seria uma grande homenagem a uma das maiores vozes de todos os tempos.


Thor: Ragnarok ainda nĂ£o estreou nos EUA, sĂ³ Brasil e Portugal tiveram o privilĂ©gio de assistir a nova aventura do Deus do TrovĂ£o antes do resto do mundo, Ă© muita sorte poder apreciar essa nova aventura sem influĂªncia de outras opiniões, as duas cenas pĂ³s-crĂ©ditos confirmam que vem muito mais por aĂ­ e quem sabe, agora com cada coisa no seu lugar os chatos de plantĂ£o dĂªem um tempo para quem gosta de cinema de entretenimento possa curtir sem os preconceitos que a nova geraĂ§Ă£o carrega, sorria, a vida Ă© muito curta.


Beijos & Queijos

P.S. – de onde tirei essa coisa de Barra-Limpa? Dessa abertura do desenho do que era exibida nos anos 70! Enjoy!