Vivemos uma mitologia, tentamos
criar deuses e heróis e esquecemos que o mundo vive a era dos homens que
trabalham
Texto: Eduardo Abbas
Não é de hoje, isso vem desde
sempre, o brasileiro sempre procura algo ou alguém para se espelhar, não gosta
de ver o próprio rosto no espelho, é melhor ser visto como parte do sucesso de
alguém do que correr atrás do próprio sucesso. Esse complexo de vira-lata já
deveria estar com seus dias contados, somos um país que não é tão jovem, não
estamos deixando nenhum legado para o mundo, destruímos tudo a nossa volta e a
única coisa que fazemos bem é falar mal dos outros, é acreditar que sempre
seremos mais espertos e vamos nos dar bem.
Continuamos a levar esse
pensamento para tudo que fazemos principalmente o esporte. Tirando as bravatas
dos narradores quase sempre despreparados, comentaristas mal informados e
convidados sempre de olho no lucro da participação em um evento, que vivemos querendo
exaltar ao máximo os feitos quase patéticos de alguns atletas. Somos um país limitado,
esportiva, política e administrativamente, não temos nada que nos incentive a
ser melhores que ninguém, a maioria acha que apenas o nome Brasil vai mudar
alguma coisa, pensamento pequeno de gente sem preparo. Mesmo os nossos ídolos
locais que ficaram na história não são respeitados, somos os primeiros a
desfazer nossas referencias, mas precisamos criar novos mitos, para nos
representar, claro, é melhor alguém fazer o trabalho sujo.
Tudo isso que eu disse até agora
é para, em parte, justificar o que o Felipe Massa fez na largada do GP da
Alemanha. Independentemente de ser uma manobra das mais descuidadas, coisa até
comparável a pilotos com pouca experiência, o fato é que foi colocado nas
costas dele ser o nosso representante do esporte na categoria. É um grande
erro, ele não em lastro pra isso e o fato de estar entre os 22 “melhores”
pilotos do mundo, não significa ser, assim como não era o Mark Webber, Jean
Alesi, Satoru Nakajima, e tantos outros. Não adianta só criticar, é isso que
temos e não vai mudar tão cedo, se você gosta do esporte, olhe os outros que
são melhores, e esqueça quem vem para ser apenas coadjuvante, até porque ele
não vai vencer todas as corridas até o fim da carreira e ganhar todos os
títulos que disputar.
Tirando esse começo desastrado, a
corrida alemã foi muito boa, uma das melhores do ano. Foram muitas disputas por
posições, os pingos foram colocados nos “is” e agora ficou claro quem vai
brigar pelo que até o fim do campeonato. O campeão vai sair da Mercedes, como
eu disse no começo do ano, apesar do Rosberg estar liderando, ainda acho que o
Hamilton consegue reverter, ele tem aquele incentivo de ser um estranho no
ninho, a pressão da equipe alemã esta nas costas do piloto da casa e ele tem a
vantagem de ter o mesmo equipamento. A vitoria foi do Nico mas o show foi do
Lewis, que só não conseguiu bater o piloto revelação do ano e fazer a
dobradinha.
Não importa que ele seja companheiro de equipe do Massa, o Bottas
esta se tornando um dos grandes, tem a audácia da juventude aliada à frieza dos
nórdicos que ele representa. Ninguém deveria ficar puto por ele colocar tempo
nas costas do brasileiro, deveríamos sim respeitá-lo como provável candidato a
título nos próximos anos e ser o responsável pelo time ter ultrapassado a
Ferrari na classificação dos construtores. No fim de semana tem mais, a Hungria
abre as portas para um GP que é normalmente uma fila indiana de emoções. É a
corrida antes da parada de três semanas, são os primeiros acordes da música que
vai iniciar a dança das cadeiras para o ano que vem.
Eu deveria falar de Fórmula Indy
também, mas a corrida do sábado foi cancelada por causa da chuva, passou no dia
seguinte em um horário que a emissora brasileira que transmite a prova não
abriu espaço, e a corrida de domingo, por causa do glorioso futebol também não
foi vista na TV aberta. Em resumo, o Bourdais venceu a primeira prova, o Helio
foi segundo e o Tony terceiro. A segunda quem venceu foi o Conway com o Tony em
segundo e o Power em terceiro.
O Helio mantém a liderança faltando 4 corridas
para o fim do campeonato, que acaba dia 30 de agosto e nós, que gostamos de
automobilismo, vivemos essa incerteza que as emissoras proporcionam, assistimos
quando e o que eles querem. É a famosa tática Raul Gil, não tá feliz, pegue o
seu banquinho e saia de mansinho.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos &
queijos
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