A lĂngua portuguesa e suas
variações fonĂ©ticas sĂ£o, muitas vezes, responsĂ¡veis pelas promessas virarem
fumaça
Texto: Eduardo Abbas
Mais um fim de semana
movimentadĂssimo no esporte acabou em louros, choros e outros ingredientes que
formam o bolo de emoções que vivemos. Tivemos uma estupenda etapa da
motovelocidade, uma interessantĂssima prova meio de dia, meio de noite na Indy
e uma final de copa do mundo. Sabe o que as trĂªs tĂªm em comum? Planejar, um
verbo pouco utilizado pelos brasileiros, que preferem achar ou imaginar.
Foi com planejamento que na tarde
de sĂ¡bado a FĂ³rmula Indy disputou mais uma etapa, agora em Iowa, terra do milho
americano e das 300 voltas mais rĂ¡pidas no lindo oval. Uma corrida tĂpica, meio
caipira, mas com muitas coisas de cidade grande. O Tony Kanaan fez a pole,
largou muito bem e logo depois teve que parar, assim como todos os outros, por
causa da chuva. Meia hora depois, o baiano continuou mostrando a superioridade
do time e liderou 247 voltas, mas, e sempre existe o mas, a sua equipe se
atrapalhou no planejamento final da corrida, quando vĂ¡rios pilotos usaram uma
bandeira amarela para trocar os pneus, o brasileiro continuou na pista. Sabe o
que aconteceu?
O apagadĂssimo Ryan Hunter-Reay tomou a ponta faltando duas
voltas para o fim. Incapaz de reverter o resultado restou ao Tony um terceiro
lugar, pois o Josef Newgarden ainda tomou o segundo. Falta do que? Sorte? NĂ£o,
planejamento, saber administrar situações de adversidade, pecar talvez pelo
excesso e nĂ£o pela falta.
No fim de semana tem mais Indy,
agora em Toronto, no CanadĂ¡, em rodada dupla. Vai ser uma etapa para o Helinho
tentar garantir a liderança do campeonato conquistada nesse fim de semana, vai
ser um tempo curto pra se pensar no que passou, mas serĂ£o dias longos para se
tentar conjugar mais alguns verbos: conversar, pensar e agir.
Sob a regĂªncia do verbo superar,
na Alemanha aconteceu o fim de semana da Motovelocidade. Foram muitos verbos e
muitas emoções, mas para nĂ³s brasileiros começa finalmente surgir a luz no fim
do tĂºnel. Trabalhar, estudar, pilotar e conquistar, finalmente começam a fazer
sentido na vida de Eric Granado. O brasileiro vive agora um novo momento na
vida e na carreira, esta se encontrando como piloto e ser humano e teve o fim
de semana coroado com os primeiros pontos na Moto3. Pode parecer, aos olhos de
crĂticos que nunca subiram em uma moto, pouco, mas representam, finalmente, uma
oportunidade do Brasil voltar Ă categoria mĂ¡xima. Tudo graças Ă ousadia e
coragem do Eric, porque apoio do governo ou mesmo da entidade que representa o
motociclismo ele nunca teve, aliĂ¡s, essas entidades querem apenas a taxa. Go
Eric!
Ainda sob o sol da GermĂ¢nia, a
MotoGP continua a ser a maior categoria em emoĂ§Ă£o do mundo. Em uma das mais
espantosas largadas, sim, pois os pilotos estavam com pneus de chuva e 60% do
grid resolveu, apĂ³s a volta de apresentaĂ§Ă£o, trocar por slick´s e partir dos
boxes. Um grid vazio saiu na frente e depois o imenso batalhĂ£o de motos que
prometiam fazer um grande show, entre eles Marquez, Rossi, Lorenzo e Pedrosa.
Prometeram e cumpriram, a grande salada de posições logo caiu na real, a ordem
dos mais fortes prevaleceu sobre aqueles que preferiram esperar acontecer. Os
verbos ousar, trocar e conquistar estavam escritos em cada viseira dos
vencedores, deixar para mais tarde ou simplesmente nĂ£o fazer, acarretou na
maior decepĂ§Ă£o que aquela meia dĂºzia de tontos conseguiu ter num fim de semana
que poderia ser muito melhor.
Marc Marquez conquistou a nona
vitĂ³ria no ano, nĂ£o precisa mais vencer nenhuma atĂ© o fim do campeonato para
ser bi, e agora partem para um curto perĂodo de fĂ©rias atĂ© chegar a
IndianĂ¡polis no mĂªs que vem. A grande façanha ficou por conta da recuperaĂ§Ă£o de
Lorenzo, que voltou ao pĂ³dio e, quem sabe, ainda consegue brigar com o
Valentino e o Pedrosa pelo vice, claro, pois o tĂtulo jĂ¡ tem dono.
Vou ficando por aqui, citando
mais alguns verbos, esses utilizados pela seleĂ§Ă£o alemĂ£ de futebol: chegar,
ver, aprender, gostar, divertir, treinar, jogar, vencer e reinar. Como fizeram
os portugueses que em 1500 aportaram em terras baianas, os alemĂ£es fizeram o
mesmo agora em 2014. O tal povo frio se vestiu de Brasil, se lançou na disputa
como se nĂ£o houvesse amanhĂ£, e viveu a glĂ³ria de ser campeĂ£o do mundo em outro
continente. Trouxeram sua garra, seu poder de superaĂ§Ă£o e, principalmente sua
imensa capacidade de organizar, planejar e realizar. Ao contrario do que diz o
Coringa, no filme Batman, o cavaleiro das trevas, fazer bons planos
geralmente rende bons frutos, evita lĂ¡grimas e permite ao chamado “povo frio”
momentos quentes como essa selfie com a mandante da naĂ§Ă£o.
A gente se encontra na semana que
vĂªm!
Beijos &
queijos
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