A versão cinematográfica do musical vencedor do Tony Award ganha toda a espetacular visão do diretor
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros.
Não é de hoje, nem de pouco tempo
que o ex-cowboy trocou os filmes cheios de tiros por películas mais suaves, com
grandes fundos musicais e interpretações convincentes ao extremo. Quem
acompanhou Clint Eastwood no começo da carreira, poderia imaginar que,
quando se aposentasse das telas, viveria de fazer shows em algum parque
temático. Nada disso!
Dotado de um enorme bom gosto, se
aventurou pelo lado de trás das câmeras, procurando mostrar a então sufocada
sensibilidade que nunca era revelada nos incontáveis bang bangs que atuou, a
maior parte deles na Itália, quase sempre dirigido pelo rei do spaghetti
western, Sergio Leone. E foi justamente com esse gênero que arrebatou
seu primeiro Oscar® de diretor com Os Imperdoáveis, que é
considerado por muitos como o western definitivo.
Mas foi com BIRD, de 1988, que
ele realmente surpreendeu. Talvez tentando reviver esse clássico, muito
elogiado e pouco premiado, que ele agora se volta de novo para o gênero
musical. Estréia nessa quinta-feira nos cinemas do Brasil Jersey Boys: Em Busca da Música (GK Films, Malpaso Productions, Warner Bros.
Pictures), versão do musical teatral do mesmo nome. É a história de
quatro jovens que moram no subúrbio de Nova Jersey e se unem para formar o
icônico grupo de rock dos anos 60 The Four Seasons.
No longa, recheado
de música, interpretação e uma direção de arte impecável, é contada a história do
grupo e traz sucessos que influenciaram uma geração, incluindo “Sherry”,
“Big Girls Don’t Cry”, “Walk Like a Man”, entre outras. John
Lloyd Young, ator de teatro, que reprisa seu papel dos palcos na tela e
que foi vencedor do Tony Award, vivendo o papel do vocalista do The
Four Seasons, Frankie Valli, é digamos, um Frankie
mais bem acabado.
Sua interpretação é segura, claro, pois esta há 8 anos vivendo o personagem no teatro. No elenco ainda tem Erich Bergen (que vive o autor e pianista Bob Gaudio), Michael Lomenda (vivendo o baixista Nick Massi) e Vincent Piazza (que fez alguns seriados para TV, no papel de Tommy DeVito).
Sua interpretação é segura, claro, pois esta há 8 anos vivendo o personagem no teatro. No elenco ainda tem Erich Bergen (que vive o autor e pianista Bob Gaudio), Michael Lomenda (vivendo o baixista Nick Massi) e Vincent Piazza (que fez alguns seriados para TV, no papel de Tommy DeVito).
O grande destaque é para Christopher Walken (é impossível
pensar em O Caçador sem ele) na pele do mafioso Gyp
DeCarlo, engraçado e sempre correto, fazendo o ponto de equilíbrio dos
jovens atores.
A direção segura de Eastwood dá uma dinâmica diferente
ao filme, suas interrupções explicativas, sem perder o ritmo do mundo girando
ao redor, são realizadas com grande destreza, os atores são excelentes e
transformam as aspas em pontos de exclamação. O filme tem uma fotografia linda,
feita por Tom Stern (indicado ao Oscar® por A Troca) e reflete
toda a magia que o designer de produção James J. Murakami imaginou. A edição
é impecável, feita pelo craque Joel Cox (que ganhou o Oscar® por Os
Imperdoáveis), muito superior a edição de áudio nas dublagens
durante os números musicais. É um grande pecado, mas em alguns momentos as
vozes “escorregam” na sincronia com os movimentos labiais, é quase
imperceptível e em nada compromete o produto final, e sendo práticos, numa obra
dessa proporção, esse tipo de bug passa completamente despercebido.
Jersey Boys: Em Busca da
Música é um desses filmes biográficos que trazem à tona todo o sofrimento e
as amarguras que os seres humanos passam na sua viagem pela vida. O importante
nesses casos é se entender que, apesar do sucesso, dinheiro, fama e tudo mais
que se conquista, tudo pode ruir em apenas um momento, naquele movimento único
que transforma nossas vidas, afinal somos falíveis e às vezes uma decisão
considerada certa pode ser a mais errada possível.
Em se tratando de Clint Eastwood, um jovem de 84 anos em plena forma
física e mental, é um filme de 134 minutos imperdíveis e recomendáveis a todos
os gostos e idades, traz na assinatura final a sempre indefectível mensagem das
suas obras: OK, eu sou o mocinho, mas a que preço?
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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