Nesse novo filme, os cineastas abandonam sua marca registrada
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paris Filmes
É impossível se pensar em cinema
bem feito, de qualidade e com tudo que se tem direito em termos de roteiro,
fotografia, trilha sonora e robustez de personagens, sem se pensar nos irmão
Joel e Ethan Coen. Esses dois cineastas, apadrinhados de Steven Spielberg, tem
a enorme capacidade de construir roteiros de histórias absurdamente bem
contadas e conseqüentemente bem dirigidas por eles mesmos.
Difícil não se lembrar de duas de
suas obras mais emblemáticas, o espetacular Onde os Fracos Não Têm Vez
(Paramount Vantage / Miramax Films), vencedor de quatro prêmios Oscar® em 2007: Filme,
direção, roteiro e ator coadjuvante e o não menos sensacional Bravura
Indômita (Scott Rudin
Productions / Skydance Productions / Mike Zoss Productions / Paramount
Pictures), indicado em 10 categorias do Oscar® em 2010. Todos eles têm
como característica e marca registrada dos irmãos, começar e acabar da mesma
maneira, o personagem principal inicia contando a história em OFF em cenas
bucólicas e termina com o mesmo indo embora num horizonte sem fim.
Mas chegou a hora de mudar, e
dessa vez foi de uma forma radical, mostrando um lado menos perverso do ser
humano e mais artístico no sentido da vida ser uma canção que esta sempre a
espera de ser tocada. Estréia nessa sexta-feira Inside LLEWIN DAVIS – Balada
de um Homem Comum (Mike Zoss
Productions / Scott Rudin Productions / StudioCanal / Paris Filmes) que chega com uma nova proposta para filmes musicais.
É a
história de uma semana na vida de um jovem cantor
folk, ambientada no bairro de Greenwich Village, Nova York, em 1961. Llewyn
Davis (Oscar Isaac, ator mais conhecido por séries de tv) está numa
encruzilhada. Com seu violão em punho, acuado pelo imperdoável inverno nova-iorquino,
ele luta para viver como músico, apesar de enfrentar obstáculos quase
intransponíveis – muito por sua própria culpa. Vivendo à mercê de amigos e
estranhos, assustado com os trabalhos que encontra, as desventuras de Davis
o levam de bares no Village, a um clube vazio em Chicago, enfrentando uma odisséia
para ter uma audição com um influente empresário musical – e depois voltar.
Repleto de músicas interpretadas por Isaac, Justin Timberlake (em uma
aparição que é quase um bico) e Carey Mulligan (que vive com Justin
o casal de amigos do Village), além de Marcus Mumford e Punch
Brothers na trilha sonora, Inside Llewyn Davis — na
mesma tradição de “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?” – é embalado por músicas
de outro lugar e época.
O destaque
do filme é a fotografia. Executada com brilhantismo pelo francês Bruno
Delbonell, que traz na bagagem Harry Potter e o Príncipe Mestiço (Warner)
cada cena parece um quadro, cada tomada é surpreendente na forma e dinamismo em
que a luz insere na película, é uma das duas indicações ao Oscar® desse ano,
junto com a mixagem de som, um trabalho também brilhante quando nos damos conta
que falamos de um filme musical.
Um filme
bom de assistir, com algumas risadas inseridas no contexto e algum suspense bem
elaborado nas situações mais ridículas que um homem pode ter na sua vida. É um
filme para ficar na memória pela beleza de suas imagens e, quem sabe, pela
trilha sonora. É um novo jeito ousado de se fazer cinema com musica, é uma nova
cara dos já conhecidos irmãos Coen.
A gente se
encontra na semana que vem!
Beijos &
queijos
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