O novo cinema italiano tem a técnica de Hollywood e a cara da Itália
Texto: Eduardo Abbas
É
impossível se pensar em um filme italiano que não tenha referências à igreja.
Seja um sino ao fundo, uma missa, um padre dando a comunhão a seus fiéis ou até
mesmo as suntuosas frentes e interiores das igrejas. Mesmo com toda essa
fervorosa devoção ao catolicismo, os italianos vivem uma vida mais festiva, se
valem muito dos amigos e das incontáveis doses de vinho que tomam durante a vida.
O
idioma também ajuda, é uma língua que nasceu para ser divertida e muitas vezes
engraçada, cheia de controversas e golpes gramaticais que fazem a vida dos
roteiristas muito mais fácil. É com essa pegada cômica e direta, típico dos
romanos no trato com a história, que o diretor Paolo Sorrentino apresentou
em São Paulo, no Prêmio Magneti Marelli de Cinema Italiano uma das melhores
obras do atual momento cinematográfico da Itália. Em A Grande Beleza (La
Grande Bellezza, Medusa Film, Índigo Film), o napolitano, indicado
várias vezes nas categorias filme e diretor no festival de Cannes, consegue
através de uma história simples e bem contada emplacar seu novo rebento na
eleição para o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a Itália.
Usando uma tecnologia de
ponta na captação e edição do filme, as cenas são muito bem dirigidas, sua luz
lembra os longas rodados na Califórnia contrastando com as cores quentes que
Roma fornece aos seus moradores e visitantes. No enredo, que acontece na cidade
eterna durante o verão, o escritor Jap
Gambardella (Toni Servillo) reflete sobre sua
vida. Ele tem 65 anos de idade, e desde o grande sucesso do romance "O Aparelho Humano", escrito
décadas atrás, ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então, a vida de Jep
se passa entre as festas da alta sociedade, os luxos e privilégios de sua fama.
Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude, Jep cria forças para
mudar sua vida, e talvez voltar a escrever.
É
um filme rico em lições, muitas subjetivas outras escancaradas, tem farta
exibição de seios femininos e alguns momentos de envergonhar o espectador da
poltrona ao lado, mas atinge o objetivo principal de se colocar em questão, em
um tema muito atual hoje, como se envelhecer com dignidade e estar sempre fazendo
parte de tudo de importante na vida.
A Grande Beleza
carrega nas cores da ousadia, se esbalda em takes longos, lentos e com uma boa
música de fundo, exibe o que já estamos cansados de saber e que insistimos em
não ver. É uma ótima referência do novo jeitão do cinema italiano, é uma obra
que deve ser vista por quem gosta de cinema feito por gente e para gente.
A gente se encontra na semana que vem!
Beijos &
queijos
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