Sistemas de frenagem em motocicletas “esquentam” debates
Freios convencionais, freios ABS ou Combined, em
motocicletas, polarizam discussões no SeminĂ¡rio de Segurança Veicular da
AEA.
Texto e fotos: Texto final
O Milenium Centro de Convenções se transformou em um palco de debates, propostas, estudos, pesquisas e trabalhos voltados Ă segurança no trĂ¢nsito, durante o SeminĂ¡rio de Segurança Veicular, pautado nesta ediĂ§Ă£o sob o tema “2014 – O ano do veĂculo seguro”. O evento, ocorrido ontem em SĂ£o Paulo, foi promovido pela AssociaĂ§Ă£o Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) e reuniu mais de 150 participantes, entre engenheiros automotivos, tĂ©cnicos de Ă³rgĂ£os pĂºblicos, fornecedores, concessionĂ¡rios, jornalistas, acadĂªmicos, entre outros.
“O tema segurança no trĂ¢nsito traz estatĂsticas elevadas e existe uma convergĂªncia de esforços com o intuito de melhorarmos o que tanto impacta na sociedade, inclusive no ponto de vista da legislaĂ§Ă£o”, disse Antonio Megale, presidente da AEA, durante sessĂ£o de abertura. “A partir do ano que vem, teremos a obrigatoriedade do uso do airbag e freios ABS nos automĂ³veis, cenĂ¡rio implementado de forma gradual. O prĂ³ximo passo Ă© trabalhar nas mudanças tecnolĂ³gicas e buscar evoluĂ§Ă£o, principalmente para minimizar a distĂ¢ncia que temos quando comparada com outros paĂses mais evoluĂdos”, afirmou.
O painel “EvoluĂ§Ă£o do desempenho de frenagem” teve inĂcio com a palestra “Segurança de frenagem; identificando motos com freio a disco e ABS”, ministrada por Emerson Feliciano, gerente tĂ©cnico da Centro de ExperimentaĂ§Ă£o de Segurança ViĂ¡ria (Cesvi Brasil). Com o objetivo de defender a segurança viĂ¡ria, Feliciano apresentou o tema por meio de uma pesquisa que reflete a valorizaĂ§Ă£o do sistema de freio ABS.
Para falar sobre frenagem de moto, Feliciano apresentou dados como o crescimento da frota circulante no PaĂs, de 4 milhões em 2000 para 18 milhões em 2011 e o aumento de 134% das ocorrĂªncia de morte com motocicletas, crescimento de 7,5 mil registros em 2.000 para 17 mil em 2011.
“O Cesvi acredita no conceito da eficiĂªncia de frenagem, independente da tecnologia. Essa eficiĂªncia Ă© baseada no conceito de reduzir a velocidade do veĂculo, na menor distĂ¢ncia possĂvel, mantendo sua dirigibilidade em qualquer condiĂ§Ă£o de piso”, diz o gerente que exibiu ainda um estudo internacional que identificou uma reduĂ§Ă£o de 31% de acidentes fatais com a adoĂ§Ă£o do ABS nas motocicletas.
O diretor comercial da Real Simuladores, Gil Pierre Herck, em palestra “Simulador de direĂ§Ă£o , dirigindo com o futuro”, defendeu a importĂ¢ncia do uso de um simulador durante a obtenĂ§Ă£o da Carteira Nacional de HabilitaĂ§Ă£o. De acordo com ele, 90% dos acidentes sĂ£o o resultado direto da falha humana e os estudos comprovam reduĂ§Ă£o de mais de 50% dos acidentes nos primeiros 24 meses apĂ³s a obtenĂ§Ă£o da CNH, com treinamento em simuladores de direĂ§Ă£o. “Simulador educa e acelera o aprendizado, aumenta o nĂvel de discernimento de forma controlada, repetitiva, mensurada e sem riscos”, informou Herck.
da esq. para dir. - Leandro Mello; Emerson Feliciano; Gil Pierre e Arthur
Caldeira |
Melhorias nas tĂ©cnicas de pilotagem, como adaptaĂ§Ă£o da motocicleta de acordo com a estatura, postura sobre a moto, ponta dos pĂ©s na pedaleira e o trabalho do corpo para direcionar a motocicleta, segundo Leandro Mello, piloto e comentarista do programa Auto Esporte, da TV Globo, sĂ£o grandes diferenciais durante a conduĂ§Ă£o que podem evitar acidentes graves ou atĂ© mesmo fatais. O piloto ainda defendeu o uso da motocicleta, jĂ¡ que o veĂculo Ă© menos poluente e traz qualidade de vida, principalmente em paĂses desenvolvidos. O painel “EvoluĂ§Ă£o do desempenho de frenagem” foi encerrado com debate mediado pelo jornalista e editor-chefe da AgĂªncia InfoMoto, Arthur Caldeira.
A palestra “A experiĂªncia britĂ¢nica na segurança viĂ¡ria”, por Ian Yarnold, ministro dos Transportes do Reino Unido, reuniu dados importantes, como o programa Safe Road, criado pelos ingleses com o objetivo levar educaĂ§Ă£o do trĂ¢nsito Ă s escolas, elaborar normas de conduĂ§Ă£o com foco em melhorias contĂnuas, alĂ©m de investimentos em engenharia de veĂculos e em rodovias. Yarnold ainda destacou a importĂ¢ncia das tecnologias empregadas nos veĂculos que auxiliam a conduĂ§Ă£o contribuem significativamente com a segurança dos ocupantes, como cĂ¢mera de rĂ©, sistema de alerta ao motorista em ponto cego, freios antitravamento, entre outros.
Identificar e especificar quantitativamente os fatores responsĂ¡veis pelo tipo e gravidade de lesões em acidentes, resultantes da correlaĂ§Ă£o funcional entre o efeito mecĂ¢nico e a lesĂ£o resultante foi o objetivo de FĂ¡bio Viviani, diretor da FLV Automotive Safety e gerente geral da Kistler Brasil Instrumentos de MediĂ§Ă£o, em apresentaĂ§Ă£o “Ensaios biomecĂ¢nicos – evoluĂ§Ă£o”.
Na oportunidade, o diretor informou que os equipamentos disponĂveis para testes biomecĂ¢nicos evoluĂram de maneira significativa nos Ăºltimos anos e continuarĂ£o a evoluir e ainda que as normas de testes cada vez mais exigentes (NCAP). “Existe a necessidade do Brasil estar preparado com laboratĂ³rios equipados e pessoal treinado e como resultado, a conscientizaĂ§Ă£o maior da sociedade para demandar carros brasileiros mais seguros”, afirma Viviani.
“Para prover confiança Ă sociedade brasileira nas medições e nos produtos, por meio da metrologia e da avaliaĂ§Ă£o da conformidade, promovendo a harmonizaĂ§Ă£o das relações de consumo, a inovaĂ§Ă£o e a competitividade do PaĂs, Ă© preciso regulamentaĂ§Ă£o”, informou Leonardo Rocha, do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), em palestra “CertificaĂ§Ă£o de componentes”. Rocha aproveitou para mostrar ao pĂºblico presente os principais pontos da regulamentaĂ§Ă£o dos freios hidrĂ¡ulicos, das baterias automotivas e terminais e barra de direĂ§Ă£o.
A obrigatoriedade do airbag nos veĂculos produzidos no PaĂs a partir do ano que vem entrou em pauta e levantou questões importantes sobre sua utilizaĂ§Ă£o na Ăºltima palestra do dia, “O airbag tambĂ©m tem seus riscos”, ministrada por Rodrigo Laurito, vice-coordenador da ComissĂ£o TĂ©cnica de Segurança Veicular da AEA.
O vice-coordenador expĂ´s situações em que o airbag frontal pode nĂ£o deflagrar, como a intrusĂ£o de elemento diretamente no habitĂ¡culo, colisĂ£o em postos de baixa velocidade e no centro do veĂculo, impactos em traseira de caminhĂ£o, choque oblĂquo-frontal e capotamento. “A deflagraĂ§Ă£o do airbag estĂ¡ associada Ă desaceleraĂ§Ă£o do veĂculo, ao obstĂ¡culo, ao Ă¢ngulo de colisĂ£o e ao risco de lesĂ£o grave ou fatal”, afirmou Laurito.
Ainda de acordo com ele, o airbag e o cinto de segurança tĂªm um potencial de reduĂ§Ă£o de 51% do risco de morte. “Mas Ă© imprescindĂvel que o equipamento seja usado de forma correta, pois transportar crianças no colo de adultos no banco dianteiro, colocar os pĂ©s sobre o painel, ter o ocupante do carro fora de posiĂ§Ă£o e ainda objetivo e/ou animais entre o motorista e a regiĂ£o do airbag podem causar consequĂªncias ainda mais graves”, explicou Laurito.
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