Enquanto a FĂ³rmula 1 frustra os fĂ£s, a MotoGP Ă© um exemplo de competitividade

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: f1.com, motogp.com

NĂ£o foi por falta de aviso, estava na cara que os novos carros com os novos pneus nĂ£o iriam conseguir o resultado esperado, por mais que toda a comunidade que ainda tenta salvar a categoria e transformar o chato em menos chato, ficou claro na primeira etapa do ano que ninguĂ©m vai passar ninguĂ©m.


É fato: sem risco nĂ£o existe superaĂ§Ă£o, sem colocar os pilotos prĂ³ximos do erro dificilmente vai acontecer algo diferente de uma enorme fila indiana. A corrida da AustrĂ¡lia foi muito, mas muito chata, ninguĂ©m ameaçou seu oponente de verdade, quem sai na frente e lĂ¡ se mantĂ©m nĂ£o serĂ¡ ultrapassado, vai sempre vencer quem demorar mais para trocar os pneus. E aĂ­? AĂ­ nada meu filho, quem tiver o carro mais equilibrado vai vencer e ponto.


Foi assim que o Vettel conseguiu sair na frente do campeonato, a Ferrari surpreendentemente nĂ£o ficou apenas na lorota dos treinos prĂ©-temporada e mostrou que consegue andar prĂ³ximo das Mercedes, e nessa nova configuraĂ§Ă£o ninguĂ©m mesmo abre mais de 10 segundos do adversĂ¡rio, se vocĂª ficar mais tempo na pista vai ultrapassar na hora do pit-stop.


EntĂ£o Ă© sĂ³ isso mesmo, tem gente que vai tentar remar muito para transformar o entĂ£o Ăºltimo ato do dinossauro Ecclestone em algo interessante, enquanto isso as equipes vĂ£o despejar seus orçamentos em viagens e festas, que acabam sendo mais divertidas do que o motivo delas acontecerem, afinal de contas as corridas sĂ£o agora pano de fundo para as baladas.


Inversamente proporcional, a MotoGP surpreende positivamente a cada temporada, surgem novos talentos que começam a apagar a luz de seus Ă­dolos e transformam cada corrida em um espetĂ¡culo Ăºnico e sensacional. Os meninos das duas rodas se encontraram no Qatar, corrida noturna e cheia daquelas variantes que colocam o risco sentado na garupa.


No momento da largada, começou a chuva, seguida do vento que trĂ¡s areia para a pista e atrapalha a vida de todo mundo, inclusive da emissora que transmite para o Brasil, foi um festival de fezes no ar, na hora da volta de apresentaĂ§Ă£o começaram um programa sobre futebol, aĂ­ cortaram o programa e repetiram a largada e depois iniciaram a transmissĂ£o ao vivo.


No tempo em que eu trabalhava em televisĂ£o, essa operaĂ§Ă£o era conhecida como Samba do Crioulo Louco, tamanha a insensatez e falta de planejamento, mas alguma alma caridosa resolveu manter a corrida em tempo real. Ufa, foi uma grande merda, mas no fim tudo deu certo, ainda bem, porque senĂ£o ninguĂ©m testemunharia o baile que o Maverick Viñales deu em todo mundo.


O Rossi, que acabou chegando em terceiro, arrumou agora uma encrenca maior que o seu companheiro do ano passado, esse aĂ­ nĂ£o tem medo de chuva como o cagĂ£o do Lorenzo, tanto Ă© medroso que acabou em dĂ©cimo primeiro e seu companheiro o Dovizioso, em segundo e ainda dando trabalho para as duas Yamaha. A decepĂ§Ă£o foi a Honda, nĂ£o chegou ao pĂ³dio nem incomodou os adversĂ¡rios, vai ser um ano difĂ­cil para os japoneses que nĂ£o repetem o mesmo desempenho do ano passado, pelo menos atĂ© agora.


Vou ficando por aqui, na semana que vĂªm nĂ£o tem corrida de nenhuma categoria importante e a coluna vai descansar, eu volto depois da rodada tripla do dia 09 de abril.


Beijos, queijos e aproveite a vida!