A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos divulgou o balanço referente ao mês de fevereiro, o Brasil ainda não reagiu
Texto e fotos: Abimaq / Eduardo Abbas
Apesar da pequena recuperação no segundo mês de 2017, os números da industria brasileira ainda permanecem assustadoramente baixos. O impasse nas reformas polícias e econômicas que o governo ainda não conseguiu promover, continuam freando a retomada do crescimento econômico.
Veja a seguir como estão os valores nos diversos segmentos da indústria nacional.
Resumo de desempenho / Fevereiro 2017
Consumo aparente / R$ bilhões constantes*
No mês de fevereiro de 2017 os investimentos em máquinas e equipamentos registraram queda de 11,8% em relação ao mês de janeiro de 2017. No 1º bimestre o recuo foi de 22,4% em relação ao mesmo período de 2016.
A queda no bimestre foi muito mais devida à redução das importações do que das vendas de produção nacional. A queda das importações mostra que ainda é prematuro anunciar uma retomada dos investimentos.
Receita Líquida Total / R$ bilhões constantes*
Apesar do recuo no volume de investimentos no país, as vendas realizadas pela indústria nacional de máquinas e equipamentos se elevaram 14,5% em relação ao mês de janeiro de 2017.
No ano o setor ainda acumula queda devido, principalmente, às exportações. No mercado interno o crescimento das vendas foi de 5,5% em relação a janeiro/17 e no ano acumulou crescimento de 3,7% nas suas vendas, o que indica uma relativa estabilidade. Isso elevou a participação no market share nacional para 44%.
Curva de comportamento / Receita Líquida / Média 2010-2013 vs 2016 e 2017
A ligeira melhora das vendas na ponta é sazonal.
Os resultados dos últimos meses refletem oscilações das vendas em torno de R$ 5 bilhões que é metade dos valores mensais no período pré-crise (R$ 10 bilhões ao mês – curva azul). Um nível bastante baixo para manutenção do parque industrial brasileiro, que não garante sequer a taxa de reposição do estoque.
Taxa de câmbio real / Variação % acumulada – base: 2005 = 100
A apreciação do real ocorrida em 2016, continua em 2017 e voltou a prejudicar a competitividade da indústria de transformação brasileira.
No último mês a moeda brasileira voltou para a casa dos R$/US$ 3,10. O ganho proporcionado pelo
efeito Trump foi completamente devolvido pela apreciação do fim do ano passado e início deste, e taxa de câmbio não foi afetada nem pela subida da taxa de juros nos Estados Unidos.
Exportação / US$ bilhões FOB
O crescimento das exportações no mês de fevereiro de 2017 (36,2%), não compensou a queda observada em janeiro (38,7%).
No bimestre, o setor continuou acumulando queda de 3,6% em relação ao mesmo período de 2016. Numa tendência já observada ao longo de todo o ano passado.
Exportação por setores / Setores com sua participação no total
O crescimento observado no mês de fevereiro em relação a janeiro do mesmo ano ocorreu em 4 dos 7 segmentos fabricantes de máquinas e equipamentos.
A maior taxa de crescimento foi em Máquinas para agricultura (40,7%). Houve crescimento ainda nas exportações de Máquinas para Logística e Construção Civil (26,9%), Componentes para a Indústria de Bens de Capital (21,0%) e Máquinas para Petróleo e Energia Renovável (37,9%).
Exportação por destinos / US$ milhões
Os principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos são, pela ordem, América Latina, Europa e Estados Unidos.
Observou-se, no primeiro bimestre de 2017, um aumento das exportações para a América Latina, puxado principalmente pelo Mercosul que aumentou 19,7% suas compras de máquinas no Brasil. Para a Europa e EUA houve queda de 16,5% e 9,1%, respectivamente.
Importação / US$ bilhões FOB
Em fevereiro houve queda de 21,1% nas importações de máquinas e equipamentos.
Na comparação interanual (fev-17 contra fev-16) as importações recuaram 14,0%, e no 1º bimestre, a queda foi de 14,9%. A queda do preço dos importados, proporcionado pela valorização de mais de 20% da moeda nacional não motivou a aquisição de novas máquinas. Em razão disto o déficit da balança comercial de máquinas recuou para US$ 280 milhões no mês (-59%). No ano o recuou foi de 25%.
Importação por setores / Setores com sua participação* no total
A queda das importações em fevereiro/17 atingiu 6 dos 7 segmentos da indústria, as variações mais expressivas ocorreram nos segmentos de Infra-Estrutura e Indústria de Base, componentes para a indústria de Bens de Capital e Máquinas para Bens de Consumo.
No bimestre, a queda foi verificada em 5 dos sete segmentos, destacando os segmentos Indústria de Transformação, Infra-Estrutura e Indústria de Base e Logística e Construção Civil.
Principais origens das importações / Part. % no total importado (US$)
Houve ligeiro crescimento nas importações de máquinas dos Estados Unidos (+0,8%) que mantiveram a primeira posição no ranking em valores. A China e a Alemanha com participação de 19,2% e 15,3%, respectivamente, reduziram suas vendas para o Brasil.
A Coreia do Sul que foi o grande destaque em 2016 por conta de investimentos para siderurgia, voltou à sua participação histórica.
NUCI Nível de Utilização da Capacidade Instalada % / Carteira de Pedidos em meses para o atendimento
O NUCI, em fevereiro/17, foi 0,8% superior ao observado no mês imediatamente anterior e 6,1% maior que o do mesmo mês de 2016.
Assim como pode ser observado na análise de vendas, a utilização da capacidade instalada estabilizou em nível baixo a partir do 1º sem de 2016. A carteira de pedidos, medida em meses, apresentou o pior resultado da série histórica iniciada em 1999, 2,4 meses para atendimento, -6,6% em relação a janeiro e -7,4% em relação a fev16.
Pessoal ocupado (em mil pessoas)
A indústria de máquinas e equipamentos encerrou o mês de fevereiro/17 com 292,6 mil pessoas ocupadas, mesmo número observado em janeiro/17, o que poderia sinalizar a estabilidade do emprego no setor.
Na comparação interanual houve redução de 18,3 mil postos de trabalho, queda de 5,9%. Desde 2013, quando teve início a queda de faturamento da indústria de máquinas, já foram eliminados mais de 87 mil postos de trabalho no setor.
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