Winston Churchill tem uma frase que se encaixa perfeitamente nessa ocasião: "O Sucesso não é final, a falha não é fatal; é a coragem de continuar que conta de verdade"

Texto: Carlos Lua
Fotos: Dakar / DPPI

A 39ª Edição do Dakar terminou no sábado dia 14 e, podem ter certeza, a Edição 40 de 2018  já está nas mentes, pranchetas, planos, decisões e sonhos de muitos. Tomando como base, então, o que aconteceu nesse 2017 vamos fazer uma rápida coluna falando um pouco do que a Edição 39 ensinou.


O Percurso
A entrada do Paraguai e o maior número de etapas na Bolívia, mostrou que o Dakar pode (e deve, claro) ser sempre novo, diferente, ousado e impossível. A capital paraguaia foi uma bela anfitriã e nos deixa sempre com água na boca sobre o que seria um início (ou pelo menos uma rápida passada) por terras brasileiras. Uma festa bonita, sem dúvida, mas mais do que isso uma festa necessária para o Brasil entrar de forma definitiva nesse mundo de provas off road, como a Argentina fez. Com entusiasmo, participação popular e grande quantidade de participantes. Nosso Rally dos Sertões é ao mesmo tempo um exemplo e um impeditivo para que isso aconteça, seria ótimo achar um meio termo.

O Clima
As chuvas quase que conseguiram acabar com essa Edição 39 obrigando ao cancelamento de pelo menos duas etapas importantíssimas que na teoria muitos acham que teriam contribuído para os resultados finais. Inclusive tornaram mais duras as dunas percorridas o que facilitou a vida. Sinceramente não tenho a mesma opinião sobre esses cancelamentos, já que com certeza a Peugeot e os seus novos 3008DKR teriam mostrado mais uma vez sua superioridade.

Carros
4x2 ou 4x4? Essa é uma pergunta que há muito se faz no Dakar. É também um campo onde há muito se tenta encontrar uma forma para equilibrar as duas soluções. Neste 2017 resolveram dar um pouco mais de chance aos 4x4 com motores aspirados e aumentaram suas potências através do aumento dos restritores, buscando maior velocidade final. Mas nem isso foi suficiente para compensar os diversos dias passados no Altiplano Boliviano onde os motores turbo reinaram tranquilos.


Os 4x2 ainda continuaram sua maior facilidade de adaptação a terrenos variados e a Peugeot, mesmo tendo vencido de forma convincente em 2016, trouxe um carro praticamente novo, mais comprido entre eixos, mais equilibrado nos saltos e, mesmo com um motor um pouco menor (3.0 em vez de 3.2) com mais torque e um novo sistema de refrigeração dos freios (Brembo italianos) por ar em vez de água. Mais leve, menos massa não suspensa e melhor capacidade de freada. Esse conjunto todo sobrou face às Toyota de motor aspirado, mas de concepção ainda do ano passado e aos MINI que já atingiram o máximo do seu ciclo de vida.
Não podemos esquecer ainda que a Peugeot veio com 4 duplas oficiais de fazer inveja e claramente superior aos componentes da Toyota (que a rigor tinha apenas o Nasser Al Attiyah como candidato mais forte) e da MINI (que contava com Mikka Hirvonen como candidato) que alinharam quantidade com qualidade questionável.
Fica a boa apresentação da dupla brasileira Sylvio de Barros / Rafael Capoani que em um MINI não oficial e de uma geração ainda anterior chegaram a andar entre os 15 primeiros.
Faltou a presença do Robby Gordon que resolveu faltar exatamente no dia em que as condições do percurso poderiam ser favoráveis aos seus carros.

Motos
Nova vitória da KTM, muito mais em função da qualidade dos seus pilotos do que uma superioridade técnica que este ano estava mais para o lado da Honda que teria vencido com Barreda Bort (termonou em 5º) não fosse a penalização de quase uma hora sofrida. Já a Yamaha fez 4º, a sueca Husqvarna fez 7º, a indiana Hero em 12º e a francesa Scherco 13º. A maior novidade foi a primeira vitória de um inglês no Dakar em qualquer categoria, Sam Sunderland fez história e deu continuidade às performances esportivas inglesas que vêm surpreendendo desde os Jogos Olímpicos do Rio e ã liderança de Murray no tênis.


Dos nossos brasileiros apenas Richard Fliter de Honda chegou ao final em 59º lugar na geral. . Para quem largou em 159º e era estreante, podem considerar que foi um belo feito.

Quadris
Já nessa categoria a Yamaha reina suprema há anos e não dá sinais de "largar o osso". O Brasil começou bem com uma inédita vitória de especial na categoria por obra de Marcelo Medeiros que depois acabou abandonando. Mas o início deu para animar e vai contar pontos para um Dakar um pouco mais brasileiro no ano que vem.


SUV
Na estreia como categoria separada dos carros os Polaris foram absolutos. Mas de uma maneira geral a categoria ainda tem muito trabalho pela frente. Não só eram os mais lentos de todos os veículos como tiveram um índice de quebra muito grande co apenas 5 dos 10 inscritos chegando ao final. Parabéns à dupla brasileira Leandro Torres / Lourival Roldan (Leandro e Lourival no mais puro espírito country foram sensacionais e até uma quebra de suspensão não os derrotou) que deram ao Brasil a primeira vitória em um Dakar. Quem sabe era isso que faltava para animar o país e fazer o Dakar um pouco mais brasileiro em 2018.


Caminhões
A batalha mais uma vez foi vencida (1º e 2º) pela KAMAZ (os tártaros, maiores fabricantes de caminhões na Rússia) pela 14a vez, um recorde difícil de ser alcançado. Seus maiores adversários os IVECO (vencedores em 2016) ficaram em 3º e 4º. Os dois primeiros este ano eram modelos "cara chata" batendo os "bicudos" vencedores de 2016, com a IVECO. Questão de visibilidade e distribuição de peso entram na balança para decidor a configuração e a discussão vai longe.


Geral
No geral mais uma edição memorável, fascinante de acompanhar e ainda mais fascinante, certamente, de participar. Mais um punhado de histórias típicas do Dakar que entram sem cerimônia para o imaginário das competições a motor. Mais um Temporada de competições que é inaugurada com o estrondo devido. Por aqui vamos continuar acompanhando as provas do Mundial de Cross Country e outras provas interessantes onde tecnologia se mistura com talento e emoção, nessa receita sem falha para quem já gosta de para quem ainda vai gostar de competições a motor.

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