A nova animação retrata a dura jornada de quem acredita que a música pode mudar sua vida

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures

2016 foi um ano especial nas animações, a humanização dos bichos parece que ganhou ares de caminho certo para arrecadar público e renda nos cinemas do mundo. Foram vários estúdios que optaram por esse segmento, e sabe o que é mais interessante? Esses projetos não começam ontem para serem apresentados hoje, vamos contar aí entre sinopse, roteiro, criação, execução e apresentação uns 3 anos, então, desde 2013 todo mundo só tinha bicho na cabeça.


Eu gosto muito de animações, antes conhecidas como desenho animado, onde tudo é possível de ser feito e realizado, basta querer, não ficam limitados aos recursos dos que usam humanos, não correm risco nem precisam fazer seguro, providenciar comida, hospedagem, transporte e ter um monte de gente paparicando as estrelas que colocam seu nome e reputação no projeto, é muito mais gostoso e divertido de assistir, limpa sua cabeça dos problemas do dia e te coloca em uma realidade que, certamente, todos gostariam de viver.


Este ano é especial para o pessoal da Illumination Entertainment, uma produtora de animação americana que tem um pé também na França, ela criou ao longo dos seus 10 anos de existência personagens que ficaram marcados pela irreverência e falta de sutileza, são engraçados e tem uma atuação mais próxima da realidade que vivemos, talvez por isso sejam tão necessários e conseqüentemente amados por todos.


Estréia hoje nos cinemas brasileiros o sétimo longa metragem da produtora, em Sing – Quem Canta Seus Males Espanta (Illumination Entertainment, Universal Pictures) a receita de sucesso tem uma fórmula muito conhecida e admirada pelos brasileiros, principalmente aqueles que estavam vivos nos anos 70 e 80: os programas que descobriam novos talentos para a música. Ter uma voz afinada é um dom de poucos no mundo, agora, ter uma voz afinada e cantar com sentimento é coisa muito rara.


O que surpreende na animação é o fato de não se associar diretamente o estilo do animal ao estilo de música que ele canta, em alguns casos são opostos que se atraem. O filme conta a história do coala Buster Moon que está prestes a ver seu teatro ir à falência e, por isso, decide criar um concurso musical com o intuito de alavancar as vendas. Entre os participantes do concurso estão um rato, uma elefanta com pânico de palco, uma mãe que cuida de uma ninhada de 25 leitões, um gorila gângster e um porco-espinho fêmea que curte punk-rock.


Eu assisti a versão legendada (a dublada com artistas brasileiros também está disponível nos cinemas) e me agradou demais, principalmente pelos dubladores originais: Matthew Mcconaughey (Clube de Compras Dallas), Reese Witherspoon (Johnny & June), Seth Macfarlane (Ted), Scarlett Johansson (de Os Vingadores), John C. Reilly (Detona Ralph), Taron Egerton (Kingsman: Serviço Secreto), Tori Kelly (indicada ao Grammy) que conseguem transformar essa em uma das melhores animações do ano.


O que a Illumination Entertainment faz em seus filmes com grande competência é usar trechos de músicas já consagradas durante a narrativa sempre que seus personagens se encontram em algum tipo de situação que arremeta a isso. Usando essa característica e criando figuras bem elaboradas, o diretor e roteirista Garth Jennings (O Filho de Rambow, O Guia do Mochileiro das Galáxias) incluiu mais de 65 canções de clássicos com Frank Sinatra, Drake, Katy Perry, Lady Gaga, Queen, que pontuam a história com muita competência e sim, em alguns casos, fazem parte da piada.


Agora, por que usar bichos? Qual a relação com os dias atuais que os produtores procuraram associar? Todos os animais retratados fogem de suas características primárias, muito diferente do que acontece em outras animações, aqui o elefante tem medo, o rato é metido, o coala um sonhador e tudo se resume em ganhar dinheiro, mas tem um porém.


A ótima repercussão de Pets - A Vida Secreta dos Bichos, que é do mesmo produtor, onde as mascotes já mostravam uma vida social diferente longe de seus donos, é quase que uma introdução para esse filme. Mesmo distanciados eles se completam, posso dizer até que se trata de uma quase seqüência, não importa na verdade a característica física do personagem nem mesmo a voz que o dubla, o ele representa na sociedade é o toque genial que faz dessa uma das mais inteligentes produções do ano.


Leve a família toda, se deixe envolver pela história, pelas músicas e sim, dê muitas risadas, Sing – Quem Canta Seus Males Espanta é seguramente um dos mais fortes candidatos ao careca dourado no ano que vêm, não é piegas, sua realização técnica é primorosa, é cheio de cores e efeitos visuais que encantam e prendem a atenção, vai fazer você lembrar momentos ótimos da sua vida assistindo a um espetacular Show de Calouros.


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

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