O fórum promovido pela DPK
debateu em São Paulo o futuro da mobilidade no Brasil e no mundo
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: DPK
Parece que após 15 anos desde que
o século XXl começou que o homem percebeu que estamos vivendo no futuro
imaginado por nossos ancestrais. A impressão é que ficamos esperando algum messias
dizer “é agora” para começar a nos dar
conta que, acabou a ficção e precisamos viver um novo presente, mais tecnológico
e preocupado com a sobrevivência dos humanos na terra.
É claro que quase nada do que livros
e filmes que previam para o futuro aconteceu, apenas evoluções da eletrônica,
mas a mecânica continua a mesma, queimamos ainda muito combustível fóssil, as
viagens espaciais não são uma constante, os televisores são aqueles de colocar
na parede, coisa que o cineasta Stanley Kubrick
imaginou nos anos 60 em 2001, Uma
Odisséia No Espaço, o resto ficou apenas na vontade.
Mas mudar e evoluir é preciso,
principalmente quando se fala em mobilidade e no futuro do automóvel, esse que
hoje é considerado um vilão quando se fala em poluição do ar e que atravanca o
direito de ir e vir nas grandes cidades do mundo. Foi pensando nisso e dando o
primeiro passo rumo ao futuro sonhado por todos que a DPK, empresa do Grupo DPaschoal
voltada à distribuição de peças automotivas, promoveu o 1º Fórum-Inovação, onde
foi discutido o futuro das imensas frotas que rodam por ruas e cidades do
mundo.
Eu fui convidado para participar
desta importante discussão envolvendo a evolução da mobilidade aqui no Brasil,
afinal de contas o site BORRACHATV ON
LINE é um dos mais importantes divulgadores de novos produtos e tendências deste
mercado que é de grande importância para a nossa economia.
Uma frase que ouvi anos atrás de
um dos meus mentores foi: “se a mecânica andasse
na mesma velocidade da eletrônica, o mundo seria outro, os nossos veículos de
transporte não queimariam mais combustível”. Essa é a grande chave para
inovar e evoluir de modo consciente, planejando um mundo novo e admirável, a eletrônica
vai acionar esse futuro, através de novidades em criações e evoluções de
elementos básicos, fabricação de novos materiais usando matéria-prima menos
impactante ao meio ambiente, a vida na Terra agradece.
É claro que isso também tem um
preço, em um estudo realizado pela Roland
Berger, que é uma importante consultoria de estratégia automotiva, mostra
que o futuro da manutenção no Brasil deve passar por um ajuste dos mais
pesados. O mercado de reposição é estimado em R$ 34 bilhões (2015) e inclui
peças, fluidos, pneus e acessórios fabricados aqui ou importados.
As peças e fluidos respondem por
R$ 24 bilhões (2015) com tendência de crescimento de 4,6% ao ano atingindo R$
30 bilhões em 2020, é um número assustadoramente alto se comparado com a tendência
dos outros países do mundo em se migrar para uma tecnologia diferente: carros
compartilhados utilizando energia elétrica ou hibrida através de outros combustíveis.
Acontece que o país hoje vive uma
crise econômica que foi tratada tempos atrás como uma “marolinha”, ela devastou economias mundiais, fechou empresas e
diminuiu o tamanho de várias corporações, mas pode se encarada aqui como uma oportunidade
de crescimento em
outro setor. Com a crise, o consumidor opta por outra ação,
ele substitui a compra pela manutenção, com isso se tem um aumento da
participação de serviços de instalação e manutenção pela crescente demanda.
Segundo o estudo da Roland Berger, a cadeia independente de
manutenção é fragmentada e composta por empresas familiares, existe uma baixa
maturidade do mercado em relação a outros países, porém o potencial de aumento
do faturamento médio por veículo (R$ 321 hoje comparado com R$ 823 nos EUA)
abre espaço para uma evolução desse segmento e isso pode gerar novos modelos de
negócio.
Aí é que entra o auxilio da eletrônica
na vida de quem faz a manutenção independente. A digitalização pode alavancar
os níveis de distribuição e já começam a ser relevantes no mundo, porém
apresentam grandes desafios no Brasil, existe uma complexidade logística e
tributária, diversidade de portfólio e baixo preparo da rede de distribuição,
em termos gerais, somente os grandes centros são bem atendidos nesse quesito,
as cidades do interior ainda sofrem muito.
Isso porque a venda online de
peças automotivas, que já é utilizada para produtos de baixa tecnologia, atingiu
tamanho substancial em países desenvolvidos, aqui no Brasil ainda está em
estágio inicial de desenvolvimento. O oferecimento de serviços online ainda é
pouco maduro, mas tem grande potencial para mudar o papel das oficinas com a
modularização das ofertas e grandes players já se estabelecem nesse mercado.
Esse na verdade é um grande empecilho
que os reparadores independentes encontram, as montadoras estão cada vez mais
fechando o acesso a informações dos carros, criando novas ferramentas de manutenção,
sejam físicas ou eletrônicas e vendem serviços na rede autorizada com preços abaixo
dos praticados pelos reparadores externos, tornando a concorrência muito difícil.
Participaram deste debate
executivos de grandes empresas fabricantes de componentes e tecnologia para automóveis: Ricardo Simões – Metal Leve, Manuel Farias – Magnet Marelli, Frederik Eilers – Roland Berger, Aurélio Queiroz – Petrobras, Jorge Schertel – Nakata, Delfin Calixto – Bosch, Fernando Ribeiro – Valeo, Moisés Bucci – TRW, Bert Kempeneers - Mann e Gilmar Meneghini - DPK, todos acreditam que no futuro as frotas de veículos no
mundo devem ser de carros híbridos e elétricos, dependendo das condições climáticas
dos vários países do mundo. Prever o futuro é impossível, todos os dias surgem
novas tecnologias e soluções menos impactantes para o meio ambiente, porém o
fato é que o atual modelo de mobilidade já está superado e obsoleto.
O mundo se prepara de forma
contundente para viver um futuro mais limpo, parece que 2030 será um marco na
indústria de locomoção. A Noruega poderá se juntar à Holanda e banir a venda de
carros novos com motores a diesel ou gasolina já a partir de 2025, em Londres a Uber desde já vai ter uma frota de carros elétricos,
lá eles já operam o serviço com híbridos, a Mercedes-Benz planeja pelo menos 6 novos modelos de carros
elétricos entre 2018 e 2024,
a BMW e Toyota vão abandonar o carro a
combustão em dez anos, marca alemã só terá elétrico e híbrido, a japonesa garante
que todos os seus carros serão híbridos, elétricos ou a hidrogênio a partir de
2050, na França, em Paris, já existe um sistema de compartilhamento de carros elétricos
e a Alemanha vai proibir carros à combustão no país até 2030.
Algumas empresas de tecnologia vão
mais longe e investem em carros elétricos e autônomos, é o caso do Google, que já
desenvolveu um modelo e abre espaço para as empresas desse segmento entrar
neste novo campo. Com a desejável extinção dos carros a combustão, com o
compartilhamento de veículos em grandes cidades e o investimento das empresas
de tecnologia nesse setor. Sabedor dessas novas tendências, perguntei aos
convidados: “dessa forma, tudo leva a
crer que a indústria automobilística vai ser levada a fazer fusões entre
marcas, vocês acreditam que elas poderão ser comandadas por empresas de
tecnologia, no futuro?”.
A resposta de todos foi unânime: “ainda não dá para prever, mas existe essa
possibilidade, isso vai impactar fortemente nos reparadores e na vida dos donos
de carros, por isso temos que começar agora a nos modernizar e criar novos
mecanismos para poder dar suporte para essa nova frota de veículos que começam
a chegar”. Esse é o grande desafio para os próximos anos, esse é o objetivo
da DPK, que já programou a segunda edição do Fórum para Outubro do ano que vêm, estar sempre alinhada com o
futuro e preparar um mundo novo para quem for herdar esse novo planeta que começa
a surgir diante de nossos olhos.
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