Com uma realizaĂ§Ă£o simples,
narrativa direta e evoluĂ§Ă£o dos fatos, o filme prende a atenĂ§Ă£o e sugere vĂ¡rios
finais durante a exibiĂ§Ă£o
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal
Pictures
NĂ£o existe ninguĂ©m mais perigoso
no mundo que uma mulher traĂda, vocĂª pode imaginar a mais violenta das feras
atacando seus inimigos, dilacerando seus oponentes, mas nĂ£o pode imaginar o que
uma fĂªmea que tem seu territĂ³rio invadido Ă© capaz para cobrar com juros aquilo
que lhe foi tirado e deixou sua alma marcada. As humanas tĂªm essa caracterĂstica
de serem imprevisĂveis nesse momento de, digamos, retirada de seu habitat.
Em alguns casos a passividade com
que aceitam certos fatos e sucumbem a vĂcios mais tradicionais Ă© sim um grande
motivo de preocupaĂ§Ă£o, ninguĂ©m tem idĂ©ia do que pode acontecer na seqĂ¼Ăªncia,
pode-se esperar tudo, o mais provĂ¡vel Ă© que certamente os paĂses baixos devem ser
atingidos por um pontapĂ© certeiro seguido por um estalado tapa na cara, quem jĂ¡
passou por esse tipo de situaĂ§Ă£o sabe bem o que estou escrevendo.
Baseado no livro homĂ´nimo da
jornalista e escritora nascida no Zimbabwe Paula Hawkings, que vendeu mais de
quatro milhões de exemplares, chegou às telas brasileiras o perturbador A
Garota no Trem (DreamWorks Pictures, Reliance
Entertainment, Marc Platt Productions, Universal Pictures )
um daqueles filmes que devemos ir ao cinema acompanhado do nosso par, como eu
sugeri no excelente Garota
Exemplar, afinal de contas Ă© uma histĂ³ria para ser compreendida
por ambos.
O grande mĂ©rito da realizaĂ§Ă£o Ă©
novamente a direĂ§Ă£o do talentoso Tate Taylor, que surpreendeu todos em
HistĂ³rias
Cruzadas, um dos filmes mais injustiçados pela academia e segundo
longa do diretor. Sua qualidade em usar recursos convencionais criando um clima
de teatro na tela faz com que esse filme prenda a atenĂ§Ă£o da platĂ©ia durante os
112 minutos de exibiĂ§Ă£o.
O longa conta a histĂ³ria de Rachel
Watson (a Ă³tima Emily Blunt de No Limite do AmanhĂ£,
Caminhos
da Floresta, SicĂ¡rio), uma mulher que
sofre as dores de um divĂ³rcio recente. Acostumada Ă sua rotina solitĂ¡ria, ela
passa o tempo a caminho do trabalho fantasiando sobre um casal aparentemente
perfeito que vive em uma casa prĂ³xima aos trilhos por onde seu trem passa todos
os dias.
SĂ³ que em uma manhĂ£, pela janela
do trem, ela vĂª algo surpreendente acontecer e se torna parte de um mistĂ©rio
ainda sem explicaĂ§Ă£o. No elenco ainda encontramos Luke Evans (Velozes
e furiosos 7), Rebecca Ferguson (HĂ©cules,
MissĂ£o
ImpossĂvel: NaĂ§Ă£o Secreta), Justin Theroux (Zoolander
1 e 2), Haley Bennett (Marley & Eu), Edgar
Ramirez (A Hora Mais Escura, O
Conselheiro do Crime, Joy: O Nome do Sucesso) e a
premiada de competentĂssima Allison Janney, da sĂ©rie West
Wing: Nos Bastidores do Poder e dos longas Beleza Americana e
HistĂ³rias
Cruzadas.
As filmagens foram realizadas em locações
prĂ³ximas, com equipamento convencional (CĂ¢meras e Lentes ARRI®) e utiliza na
fotografia uma grande incidĂªncia de luz natural, mesmo nas cenas feitas em estĂºdio,
Ă© a tĂ©cnica da iluminaĂ§Ă£o feita pela janela. Os elementos cenogrĂ¡ficos tambĂ©m sĂ£o
pontos fortes na realizaĂ§Ă£o das cenas, afinal, tudo pode se transformar em arma
nas mĂ£os de uma pessoa transtornada e o diretor faz questĂ£o de sempre “sugerir” tal aĂ§Ă£o durante o filme.
O que pode chocar um pouco (nĂ£o Ă©
spoiler, fique tranqĂ¼ilo!) sĂ£o as cenas que retratam o atual momento da vida em
sociedade, seja aqui no Brasil ou em outro paĂs do mundo. A violĂªncia desmedida
contra a mulher é um ponto chave e forte no roteiro, também encontrei essa
referencia no livro, a autora parece estar representando alguém ou gritando por
algum tipo de ajuda, tudo com muita competĂªncia e brilhantemente escrita e agora
representada.
É um filme obrigatĂ³rio, necessĂ¡rio
e claro, Ă© uma diversĂ£o com enormes camadas de suspense, cenas muito bem
dirigidas interpretações fortes e momentos clĂ¡ssicos de se colocar na pele dos
personagens, custou US$ 45 milhões e jĂ¡ faturou mais de US$ 63 milhões sĂ³ nos
EUA. A
Garota no Trem merece ser lembrado em premiações, ter o talento do
diretor Tate Taylor reconhecido e, para nĂ³s, temos finalmente que olhar
para nossas amadas (ou amados) companheiras (ou companheiros) para lembrar que
tudo tem um fim, sĂ³ nĂ£o precisa ser manipulado nem trĂ¡gico.
A gente se encontra na semana que vĂªm!
Beijos & queijos
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