No terceiro filme da franquia,
baseado no best-seller homônimo, parece que a idade já começa a pesar para Ron Howard
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Sony
Pictures
Dizem que, depois dos 40 anos se
você não acordar com uma dor é sinal que está morto. O cinema tem dessas
coisas, não que os atores percam o ritmo ou mesmo a disposição, se a coisa for
mais pesada apela-se para o duble, mas os olhos de alguns diretores começam a
enxergar as coisas meio turvas.
Não é raro acontecer, às vezes os
geniais realizadores não se reciclam e sua visão de longo prazo para
adaptações que terão mais de uma seqüência piora, ficam presos ao primeiro conceito
que tiveram no começo do projeto e seguem a mesma batida influenciando o roteirista
a escrever o que eles querem, deixando a criatividade do escritor meio de lado.
Estreou nos cinemas do Brasil
Inferno
(Columbia Pictures, Imagine Entertainment, LStar
Capital, Sony
Pictures ) baseado na obra do escritor Dan
Brown que arrebatou leitores no mundo e criou uma enorme expectativa pela
versão cinematográfica, afinal os dois anteriores (O Código Da Vinci
e Anjos
e Demônios) foram muito bem nas bilheterias, obrigado!
Nesse filme, Robert Langdon (vivido por Tom
Hanks, que dispensa apresentação) acorda num quarto de hospital em
Florença, sem memória do que aconteceu nos últimos dias. Ele está novamente na
mira de uma grande caçada, mas com a ajuda da Dra. Sienna Brooks (interpretada
pela lindíssima Felicity Jones de A Teoria de Tudo) e do seu
conhecimento em
simbologia, Langdon ira tentar recuperar a liberdade e as
memórias perdidas, enquanto resolve o enigma mais intrigante que ele já
presenciou.
Eu não acho que Ron
Howard, que também dirigiu os dois longas anteriores, esqueceu como se
faz. Seu currículo é impressionante e seu bom gosto indiscutível, mas a
sutileza que quase lembra uma pintura renascentista que teve nos dois
anteriores desta vez fez muita falta. O filme é mais corrido, menos conversado
e mais agitado, a tão soberba inteligência que norteia o personagem Robert
Langdon ficou meio esquecida e deixou-o com jeito de tiozão.
O roteiro é de um veterano e
escritor de sucessos David Koepp (Jurassic Park, Missão:
Impossível, O Mundo Perdido: Jurassic Park,
A
Guerra dos Mundos, Indiana Jones e o Reino da Caveira de
Cristal, Anjos e Demônios), mas que
infelizmente tem algumas mancadas primárias, principalmente na seqüência do
roubo da máscara, tamanha infantilidade dos personagens com relação ao ladrão.
Por outro lado, o filme ganha na fotografia
de Salvatore
Totino (Um Homem Entre Gigantes, Evereste, Anjos
e Demônios, Frost/Nixon, O
Código Da Vinci, A Luta Pela Esperança) que é
clara e não deixa escapar detalhes, não tem uma diferença muito grande entre
interior e exterior, as cenas trabalhadas na pós tem um facilitador, com uma
maior quantidade de branco, mais fácil é tingir depois.
Ganha também na edição que é
muito bem realizada e ritmada, feita pelo novato Tom Elkins (Annabelle,
A
Face do Mal) e pelo veterano Dan Hanley (Rush: No
Limite da Emoção, Anjos e Demônios, Frost/Nixon,
O
Código Da Vinci, Uma Mente Brilhante, O
Grinch, Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo, Willow - Na Terra da Magia,
Cocoon)
eles usaram os novos softwares de edição desenvolvidos pela Sony, as imagens das
visões do personagem são realmente impressionantes e de qualidade impar.
O lado charmoso da produção são
as locações, como sempre o diretor prefere filmar em locais reais dando um ar
mais presencial nas cenas e nesse caso não é diferente: em Veneza na Piazza
San Marco e Palácio Ducal, em Florença no Palácio
Pitti , Corredor Vasariano, Ponte
Vecchio, Galleria degli Uffizi, Palácio Vecchio, Batistério
de Florença, em Budapeste no Museu Kiscelli , Ópera
Estatal Húngara, Museu Nacional Húngaro, um estúdio
local onde foram feitas outras cenas e em Istambul no museu Hagia
Sophia, um verdadeiro tour pelos redutos mais antigos da Europa e que
são ricas fontes do simbolismo colocado no enredo.
Inferno tem
indicação para maiores de 16 anos, tem imagens fortes e seu tema central é voltado a ideologias que tomaram forma principalmente no início do século
passado portanto, eu sugiro que você assista com muita atenção, celular desligado e
olhos fixos na tela, é uma viagem áudio visual na tentativa de desvendar o
mistério que se apresenta e ah, se quiser saber quem veste os dois personagens
centrais, ai vai: a Ferragamo.
A gente se encontra na semana que vêm!
Beijos & queijos
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