Um reboot feito com muita competência moderniza esse clássico que nasceu no Japão

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Sony Pictures

Boas histórias devem ser sempre contadas, claro que com o passar do tempo alguém coloca ou tira alguma coisa, mas sempre se mantém o eixo central, não se mexe no motivo nem mesmo na solução, isso faz com que o cinema seja sempre essa coisa vibrante e atual que encanta gerações desde o século XIX.


Esse enredo nasceu no Japão e chegou à telona pelas mãos competentes de Akira Kurosawa, ele e Os Sete Samurais serviram de inspiração para o clássico americano de 1960 que até teve mais três continuações, mas sem o brilho do original que ficou marcado pela trilha sonora criada por Elmer Bernstein.


Estreou no Brasil a versão do século XXI de Sete Homens e Um Destino (LSTAR Capital, Village Roadshow Pictures, Pin alto Productions, Escape Artists, Metro-Goldwyn-Mayer Pictures, Columbia Pictures, Sony Pictures) que começa assustando, mas com o passar do tempo se encontra e se transforma em um faroeste muito especial e bem feito.


Não posso dizer que é um trabalho brilhante do diretor Antoine Fuqua (Dia de Treinamento, O Protetor) pelo menos no prólogo, com muita confusão cinematográfica e takes estranhos, mas curiosamente após a abertura o filme toma outro ritmo, conta a história com riqueza de detalhes e interpretações muito convincentes de um elenco que, se não tem o brilho da constelação de 1960, é formado por alguns dos melhores atores da atualidade.


O filme se passa na pequena e subjugada cidade de Rose Creek, que tem o controle de Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard, lembrado por O Preço de uma verdade, Lovelace, Blue Jasmine) onde ele deixa os cidadãos desesperados. Liderados por Emma Cullen (a linda Haley Bennett já esteve em Marley & Eu, A Garota do Trem) contratam sete fora-da-lei para livrá-los das garras do sanguinário vilão: Sam Chisolm (o sempre ótimo Denzel Washington), Josh Farraday (Chris Pratt de Guardiões da Galáxia, Jurassic World), Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke que esteve em Dia de Treinamento, Boyhood - Da Infância à Juventude), Jack Horne (um quase irreconhecível Vincent D’Onofrio de Jurassic World, Nascido para matar e da série de TV Law & Order: Criminal Intent), Billy Rocks (onde o sul-coreano Byung-Hun Lee é lembrado por RED 2 - Aposentados e Ainda Mais Perigosos), Vasquez (o mexicano Manuel Garcia-Rulfo de Cake: Uma Razão para Viver) e Red Harvest (com o quase desconhecido Martin Sensmeier). Enquanto eles preparam a cidade para o combate violento, esses sete mercenários descobrem que estão lutando por mais do que apenas dinheiro.


O grande feito do filme é não abusar dos ferimentos feitos à bala, é tudo muito clean e basta apenas como ter como referência os furos nas roupas dos cowboys, nada de pessoas explodindo nem manchando a tela de sangue, o ataque à cidade é muito bem coreografado, os revólveres são sempre recarregados e tem um toque de realismo muito grande, a fotografia feita por Mauro Fiore (Avatar, Dia de Treinamento) usa recursos modernos como os drones e tradicionais como as enormes gruas que proporcionam uma visão geral da cidade a partir de um determinado ponto, no caso, a torre da igreja, mas exagera na contraluz do sol em momentos que, na verdade, não seria bem o caso.


Sete Homens e Um Destino é bem feito, tem atores competentes, uma direção no geral segura e uma narrativa dinâmica e direta, claro que você sabe o que vai acontecer no final, mas o filme é daqueles que sempre surpreende e faz você torcer pelos mocinhos que não são lá muito honestos, é a mágica do bang-bang, é aquele gosto de sessão da tarde com uma roupa mais nova. A música tema do clássico dos anos 60, que fora muito usada em comerciais de cigarros e marcou gerações, é uma daquelas referências que vamos levar para o resto da vida, o cinema tem isso, respeito ao trabalho de quem fez com que os dias de hoje sejam mais corretos e democráticos.


A gente se encontra na semana que vêm!

Beijos & queijos

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