A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Anfavea, divulgou na sexta-feira, 4, em São Paulo, os resultados da indústria automobilística brasileira nos dois primeiros meses do ano

Texto e fotos: ANFAVEA / Eduardo Abbas

O balanço apontou um recuo de 31,3% nas vendas de veículos novos: foram 302,1 mil unidades este ano e 439,7 mil em 2015.


Em fevereiro foram licenciados 146,8 mil veículos, o que mostra uma queda de 5,5% frente a janeiro, com 155,3 mil unidades, e de 21% se analisado com fevereiro do ano passado, quando 185,9 mil unidades foram vendidas.


A produção em fevereiro foi de 131,3 mil unidades, diminuição de 36,4% ante as 206,4 mil do mesmo mês no ano passado. Se defrontado com janeiro, com 150,1 mil produtos, a indústria apresenta contração de 12,5%. No acumulado, 281,4 mil unidades foram fabricadas, o que representa decréscimo de 31,6% sobre o primeiro bimestre de 2015, com 411,7 mil unidades.


Para Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Anfavea, os dados estão em linha com a expectativa de que o primeiro trimestre apresentaria resultados muito negativos:
"A conjunção de inúmeros fatores segue impactando fortemente o mercado. O período de começo de ano é tradicionalmente menor do que o restante, em razão de feriados como o Carnaval, ou no caso da produção, com concessão de férias coletivas e paradas estratégicas. Além disso, o comparativo com o início do ano passado ainda é influenciado pelo IPI. Contudo, a crise política segue comprometendo a economia ao reduzir a confiança, os investimentos e o mercado. Quando uma crise duradoura como essa acontece, seus efeitos são severos".


As exportações registraram crescimento de 26,8% no bimestre com 60,3 mil unidades este ano e 47,6 mil em 2015. Em fevereiro 36,5 mil unidades foram negociadas com outros países - alta de 53,1% frente a janeiro, com 23,8 mil unidades, e de 16,7% ante as 31,3 mil de fevereiro do ano passado.
Um dado interessante é o quase equilíbrio das exportações, que devem atingir um patamar zerado durante o ano, isso se deve principalmente a alta do dólar e a busca de novos mercados na América Latina, uma atitude ousada da ANFAVEA para garantir a continuação da produção industrial no Brasil. A novidade é o acordo quase fechado com o IRÃ, que vai comprar vários veículos fabricados por aqui, depois do fim parcial do embargo dos EUA com o país do oriente médio, a possibilidade de ampliação do mercado brasileiro por aquelas bandas é real.

Caminhões e ônibus
A indústria comercializou em fevereiro 3,8 mil caminhões, contração de 12,8% sobre os 4,4 mil de janeiro, e de 25,3% contra mesmo mês do ano passado, com 5,1 mil. No acumulado, as vendas ficaram menores em 35,5%: foram 8,3 mil unidades este ano e 12,8 mil em 2015.
A produção chegou a 5,3 mil unidades no segundo mês do ano, o que significa aumento de 27,3% sobre as 4,1 mil de janeiro e redução de 30,8% se comparado com fevereiro do ano passado, com 7,6 mil unidades. As fábricas produziram no bimestre 9,4 mil unidades, baixa de 40,7% contra as 15,9 mil unidades do ano passado.


As exportações recuaram 3,1% no acumulado do ano, com 2,5 mil unidades este ano e 2,6 mil no ano anterior. Em fevereiro deste ano, 1,7 mil unidades deixaram as fronteiras brasileiras, o que representa expansão de 98,9% se comparado com as 842 unidades de janeiro e de 17,3% com relação as 1,4 mil de fevereiro de 2015.
As vendas de ônibus foram inferiores em 32,2% - com 700 unidades neste segundo mês do ano e mil em janeiro. Se defrontado com mesmo período do ano passado, quando 1,5 mil produtos foram vendidos, os fabricantes fecharam o mês com resultado menor em 54,2%. O balanço do bimestre registrou retração de 49,1% no licenciamento, com 1,7 mil unidades este ano e 3,4 mil no ano passado.
A produção em fevereiro ficou superior em 28,3%: foram 1,5 mil chassis em fevereiro e 1,2 mil em janeiro. Ao se comparar com as 2,6 mil de fevereiro do ano passado o decréscimo foi de 41,9%. Até o segundo mês do ano, 2,7 mil unidades deixaram as linhas de montagem, o que representa contração de 45,2% contra as 4,9 mil de 2015.
As exportações de ônibus encerraram o bimestre com crescimento de 15,7% ao se comparar as 848 unidades deste ano com as 733 do ano passado.

Máquinas agrícolas e rodoviárias
O resultado das vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias em fevereiro, com 2,3 mil unidades, ficou 50,4% maior do que as 1,6 mil unidades do mês anterior e 36,5% menor ao se defrontar com as 3,7 mil de fevereiro do ano passado. As vendas no acumulado registram queda de 44,6% quando comparadas as 3,9 mil unidades deste ano com as 7 mil de 2015.


A produção nos dois meses já transcorridos deste ano diminuiu 52% se comparado com o ano passado, quando 9,5 mil máquinas saíram das fábricas - este ano o volume chegou a 4,5 mil. Em fevereiro foram fabricadas 2,9 mil unidades, o que significa aumento de 80,4% frente as 1,6 mil de janeiro e declínio de 39,8% contra as 4,9 mil de fevereiro do ano passado.


As exportações até o segundo mês do ano, com 832 unidades, recuaram 39,8% quando comparado com as 1,4 mil do mesmo período de 2015.

Estoque, emprego e previsões
O estoque de autoveículos continua alto nas concessionárias e pátios das montadoras apesar de uma ligeira queda de janeiro para fevereiro, é um dado discutível pois nesses meses, que acumulam períodos de férias e carnaval, os dias de vendas foram relativamente menores, em março, segundo Moan, deveremos ter dias melhores de vendas, pois já se trabalha em período pleno.


Os empregos tiveram uma ligeira melhora de 0,7%, isso se deve ao fato da montadora FIAT ter levado para seu quadro de funcionários cerca de 2.000 pessoas, acabando com a pratica dos terceirizados e fazendo com que o nível do mês de fevereiro fosse positivo em relação a janeiro, caso isso não tivesse acontecido, segundo o presidente da Anfavea, seguramente esse número seria negativo.


As previsões para o ano não sofreram alteração neste primeiro bimestre, os números baixos na produção e negativos nos licenciamentos, demonstram que o mercado ainda não reagiu nem se animou, vale ainda a expectativa de que o segundo semestre deve acontecer uma melhora nestes indicadores.


Capacidade produtiva
A Anfavea divulgou ainda estudo sobre a capacidade produtiva da indústria automobilística brasileira. Segundo o levantamento, o setor de autoveículos é capaz de produzir anualmente 5,05 milhões de unidades. Ao levar em consideração a previsão da própria entidade de produção em 2016 de 2,44 milhões, a capacidade ociosa do ano seria de 52%.


Se analisado o segmento de veículos leves, que abrange automóveis e comerciais leves, a ociosidade chega a 50% - a capacidade produtiva total é de 4,63 milhões e a utilização este ano será de 2,33 milhões de unidades.
O segmento de veículos pesados apresentou a maior ociosidade entre todos os setores analisados. As fábricas deste segmento podem produzir 422 mil unidades, porém devem produzir este ano 107,8 mil caminhões e ônibus, o que mostra que estão com 74% da capacidade inutilizada.


A produção de máquinas agrícolas e rodoviárias deve chegar este ano em 56,6 mil unidades. Com uma capacidade de fabricar 109 mil unidades por ano, a ociosidade chega a 48%.
Luiz Moan Yabiku Junior, presidente da Anfavea, acredita que "este estudo mostra claramente a dificuldade que as montadoras estão enfrentando em todos os setores, com destaque importantíssimo para o segmento de caminhões e ônibus. Com a demanda no mercado interno em baixa, as empresas trabalham para administrar a produção, por meio de férias coletivas, adesão ao Programa de Proteção ao Emprego e layoff, para que desta forma possa preservar ao máximo o nível de emprego no setor".