O novo filme da franquia “Exterminador do Futuro” chega com uma mensagem que o cinema insiste: estamos ficando velhos

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount

Quem poderia imaginar que ele ainda teria fĂ´lego para tanta loucura e tanto vai e vem no tempo e espaço? Haja fĂ´lego para tantas brigas, guerras e disputas entre seres humanos e cibernĂ©ticos, mas principalmente, haja imaginaĂ§Ă£o para se re-inventar a cada novo capitulo de uma interminĂ¡vel epopĂ©ia de uma estĂ³ria cĂ­clica. Viver esta franquia Ă© como disputar uma corrida sem fim em um circuito oval, apenas com algumas paradas para abastecer e atualizar o carro.


Foi uma idĂ©ia originalĂ­ssima dos anos 80, quando os desconhecidos James Cameron e Arnold Schwarzenegger resolveram dar vida a um robĂ´ que vinha do futuro com a missĂ£o de matar a mĂ£e do contra revolucionĂ¡rio que combatia o impĂ©rio das mĂ¡quinas. De filme B acabou virando um fenĂ´meno das vĂ­deo locadoras, projetou os dois ao estrelato e gerou uma continuaĂ§Ă£o Ă©pica com efeitos especiais avançadĂ­ssimos para a Ă©poca.


Tudo poderia terminar por ali mesmo, mas os produtores resolveram criar duas outras continuações que nĂ£o faziam jus aos dois primeiros filmes. Agora nĂ£o, parece que as novas atenções se viraram para uma fantasia mais dentro da realidade que o ser humano vive nos dias atuais, afinal, o futuro Ă© agora, atĂ© porque as datas sugeridas no filme jĂ¡ passaram faz tempo.


Estreou nos cinemas brasileiros e no resto do planeta o novĂ­ssimo O Exterminador do Futuro: GĂªnesis (Paramount Pictures, Skydance Productions) uma, digamos, continuaĂ§Ă£o mais verossĂ­mil e dĂ¡ pra se entender que esse Ă© realmente a seqĂ¼Ăªncia dos dois primeiros episĂ³dios.


Tudo começa quando John Connor (Jason Clarke, lembrado por O Planeta dos Macacos: O Confronto), lĂ­der da resistĂªncia humana, envia o Sargento Kyle Reese (Jai Courtney, que esteve em Divergente e Insurgente) de volta a 1984 para proteger Sarah Connor (que tem na sensualĂ­ssima Emilia Clarke, uma Sarah mais feminina) e salvar o futuro, uma reviravolta inesperada dos fatos cria uma linha do tempo fragmentada.


Agora, o Sargento Reese encontra-se numa versĂ£o nova e desconhecida do passado, onde se depara com aliados improvĂ¡veis, incluindo um novo exterminador T-800, o GuardiĂ£o (o quase septuagenĂ¡rio Arnold Schwarzenegger); inimigos novos e perigosos, e uma missĂ£o inesperada: redefinir o futuro.


Mas o futuro mostra, mesmo para o robĂ´, as marcas que acompanham os seres humanos em sua jornada no planeta. Claro que nĂ£o se poderia querer que o astro principal voltasse a ter a mesma forma e traços de 30 anos atrĂ¡s, portanto, ele fica velho, mas nĂ£o obsoleto.


É uma Ă³tima sacada do roteiro feita pelos sĂ³cios Laeta Kalogridis e Patrick Lussier, aproveitando apĂªndices e situações das aventuras anteriores e trazendo para os dias atuais a aĂ§Ă£o mais dentro da realidade que vivemos. Talvez a parte mais emblemĂ¡tica seja a humanizaĂ§Ă£o quase que total do robĂ´, em algumas cenas ele se comporta mesmo como um tiozĂ£o, um padrasto da Sarah, alguĂ©m em que se pode confiar, mesmo quando ninguĂ©m Ă© confiĂ¡vel. Ele tem Ă³timas falas, engraçadas e envolvidas no contexto principal, que Ă© gerar John Connor.


A direĂ§Ă£o ficou a cargo do quase novato Alan Taylor (Thor: O Mundo Sombrio) que tem pulso e criatividade para as cenas de aĂ§Ă£o, mas deixa um pouco a desejar nos momento de diĂ¡logo tenso, falta a ele uma maior rodagem, os takes em close-up sĂ£o raros na hora de se tratar de um assunto sĂ©rio, sua preferĂªncia Ă© por planos mĂ©dios com mais de um elemento em cena.


Uma coisa que chamou a atenĂ§Ă£o foi a fotografia feita por Kramer Morgenthau (Thor: O Mundo Sombrio) por nĂ£o seguir um padrĂ£o estĂ©tico muito definido. Existem grandes acertos, principalmente nas cenas mais movimentadas, mas existem exageros de contraluz em casos onde a fotografia deveria ser menos carregada, a atenĂ§Ă£o se volta para o que vem por trĂ¡s e nĂ£o o que estĂ¡ sendo mostrado na frente.


A ediĂ§Ă£o tambĂ©m tem algumas particularidades, o editor Roger Barton Ă© um craque (Titanic, Armagedon, Pearl Harbor, Star Wars: A Vingança dos Sith, a trilogia Transformers) que gosta de uma narrativa mais voltada a situações extremas, sem exageros nos efeitos e eficientes em prender o espectador na cadeira, o ritmo acelerado e lento faz com que as pouco mais de duas horas de exibiĂ§Ă£o passem num flash.


Inclusive, os efeitos especiais, sĂ£o de uma qualidade espetacular, aliando uma maquiagem muito bem feita, um figurino simples dos personagens, mas com as devidas preocupações em apĂªndices e calças sujas, camisas rasgadas e sapatos enlameados, que transformam as cenas de aĂ§Ă£o apoiada em recursos de computador em uma quase completa traduĂ§Ă£o da realidade.


O filme jĂ¡ estĂ¡ em terceiro lugar nas bilheterias americanas e deve recuperar em algumas semanas os US$ 170.000.000 gastos na produĂ§Ă£o, deve ser cultuado pelos fanĂ¡ticos torcedores do robĂ´ que nasceu mau e acabou virando um protetor.


O Exterminador do Futuro: GĂªnesis Ă© sim um filme de aventura, Ă© sim uma ficĂ§Ă£o cientifica, Ă© sim um filme de situações romĂ¢nticas, Ă© sim um filme engraçado, sĂ©rio e de suspense e, sim, deve entrar para a histĂ³ria sem fim por ser moderno e obrigatĂ³rio para quem gosta do tema. É o representante do ditado: O tempo sĂ³ melhora as coisas.


A gente se encontra na semana que vĂªm!

Beijos & queijos

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