EvoluĂ§Ă£o dos dispositivos automotivos oferece mais segurança aos usuĂ¡rios

Obrigatoriedade de determinados itens de segurança deve impactar nas vendas de veículos

Texto e fotos: Perkons

A DĂ©cada de AĂ§Ă£o pela Segurança no TrĂ¢nsito da OMS tem como um dos seus pilares a segurança veicular para diminuir o impacto dos acidentes. Nos Ăºltimos anos, a fabricaĂ§Ă£o de automĂ³veis tem ganhado inovações que visam deixar os veĂ­culos mais seguros e confortĂ¡veis. PorĂ©m, ao contrĂ¡rio do que propõe a dĂ©cada, algumas tecnologias nĂ£o sĂ£o obrigatĂ³rias e ainda sĂ£o acessĂ­veis apenas para aqueles que tĂªm condições de pagar.


Podem ser citados como importantes itens para a conduĂ§Ă£o segura: freios ABS, sensor de estacionamento, airbag, controle de estabilidade e traĂ§Ă£o e alertas para troca de marcha para tornar o uso do carro mais eficiente e gastar menos combustĂ­vel.
Para o gerente de produtos da Perkons Ricardo Simões, considerando que segurança Ă© vital, tais dispositivos deveriam ser incorporados a todos os veĂ­culos. “Seria difĂ­cil, levando em conta os custos envolvidos, mas, ainda assim, o preço de uma vida vale a pena. A inclusĂ£o dos itens jĂ¡ ocorre naturalmente no mercado de automĂ³veis, mas Ă© um privilĂ©gio para quem pode pagar pelo alto preço da inovaĂ§Ă£o”, afirma.
O uso de determinados itens de segurança auxilia e preenche lacunas, seja na atenĂ§Ă£o humana ou nas forças exercidas sobre o veĂ­culo em uma manobra. Portanto, a adoĂ§Ă£o de dispositivos de segurança poderia salvar vidas, mas nada substitui a direĂ§Ă£o responsĂ¡vel, na avaliaĂ§Ă£o de Simões.  Outro apontamento do gerente de produtos Ă© a necessidade de voltar a atenĂ§Ă£o para itens de segurança para motociclistas. “O ABS, por exemplo, Ă© obrigatĂ³rio apenas para carros de passeio e caminhonetes”, destaca.
Simões conclui que Ă© preciso resoluĂ§Ă£o que exija e regulamente a obrigatoriedade de dispositivos de segurança, como foi o caso da exigĂªncia de ABS e airbag. “Se nĂ£o fosse exigĂªncia, as fabricantes nĂ£o estenderiam Ă s linhas de veĂ­culos populares e tampouco a maioria dos consumidores optaria por pagar a mais pelo item. Creio que seria muito positivo se isso viesse a ocorrer tambĂ©m com os demais itens, pois sĂ£o importantes para garantir a direĂ§Ă£o segura”, comenta. Um ponto sensĂ­vel, de acordo com Simões, Ă© que as tecnologias precisam ser testadas atĂ© que estejam maduras e tenham sua eficĂ¡cia comprovada para a utilizaĂ§Ă£o em escala.

Ações que promovem a segurança veicular
O engenheiro mecĂ¢nico e professor da Unicamp, Celso Arruda, assegura que acidentes sĂ£o reduzidos com educaĂ§Ă£o e engenharia – pontos que envolvem a interaĂ§Ă£o do veĂ­culo com a pista, sinalizaĂ§Ă£o, qualidade do piso, inclinaĂ§Ă£o da curva, alĂ©m da tecnologia do veĂ­culo e da fiscalizaĂ§Ă£o eficiente.
Ele explica que Ă© preciso separar segurança ativa, que evita acidentes, de segurança passiva, apĂ³s o acidente. “Acidentes de trĂ¢nsito dependem apenas dos itens de segurança ativa, tal como o freio ABS, que permite maior manobrabilidade do carro em situações emergenciais. JĂ¡ os cintos sĂ£o de segurança passiva e reduzem os danos aos passageiros”, esclarece.

Sobe o preço e caem as vendas
O aumento da segurança do carro gera aumento no preço e diminuiĂ§Ă£o das vendas. Para Arruda, a indĂºstria automobilĂ­stica usa o atributo de segurança como um dos apelos para impulsionar a venda de veĂ­culos. PorĂ©m, ainda sĂ£o mais fortes os argumentos de status e liberdade e nĂ£o hĂ¡ compensaĂ§Ă£o financeira para os carros seguros tanto para a indĂºstria quanto para o consumidor. “A cada 1% de aumento no preço do veĂ­culo existe uma reduĂ§Ă£o na venda de veĂ­culos de atĂ© 10%. AlĂ©m disso, os seguros deveriam ser menores para os carros mais seguros, como ocorre no exterior”, frisa.
“As regulamentações precisam prever esse impacto que nĂ£o estĂ¡ apenas na aquisiĂ§Ă£o da tecnologia, mas tambĂ©m na manutenĂ§Ă£o, seguros e impostos. Uma forma de minimizar este impacto seria a promoĂ§Ă£o de formas de incentivo pelo governo para a fabricaĂ§Ă£o de carros mais seguros”, complementa Ricardo Simões.