Compostos mais duros para o final de semana de Sprint

Texto e fotos: Pirelli

Duas semanas após a etapa anterior, a Fórmula 1 retorna ao continente americano para o GP de São Paulo. O fim de semana brasileiro apresenta a penúltima Sprint, antes da última da temporada, no Catar. O Brasil tem uma forte ligação com o esporte, com uma rica herança automobilística, além de ser o berço de vários grandes campeões que deixaram uma marca inesquecível na história da Fórmula 1. O circuito de Interlagos, com uma interessante combinação de diferentes tipos de retas e curvas, geralmente proporciona um grande espetáculo e disputas acirradas, com chuvas repentinas muitas vezes adicionando incerteza ao resultado final.

A seleção de compostos deste ano para o GP de São Paulo remete a 2023, com o C2, C3 e C4 como Duro, Médio e Macio, portanto, um passo mais duro do que o trio usado no ano passado. No ano passado, os pneus para pista seca não foram necessários para a corrida, mas quando utilizados na sexta-feira e no sábado de manhã, apresentaram altos níveis de desgaste, além da granulação, especialmente no eixo traseiro. O circuito havia sido totalmente recapeado, resultando em uma superfície muito lisa, menos abrasiva do que nos anos anteriores, embora ainda com muitas ondulações ao longo da pista. Se as condições forem semelhantes, com as inevitáveis variações decorrentes do envelhecimento do asfalto, a decisão de trazer compostos mais duros poderá estender a vida útil de performance dos pneus, que já são mais resistentes à degradação do que os da gama de 2024. Isso pode permitir que o composto Macio entre em cena, já que no ano passado ele foi utilizado apenas na classificação da Sprint.

O circuito, nomeado em homenagem ao piloto brasileiro José Carlos Pace, tem 4,309 quilômetros de extensão. Foi construído entre 1938 e 1940 e se inspirou fortemente em três autódromos clássicos: Brooklands, na Inglaterra, Roosevelt Raceway, nos Estados Unidos, e Montlhéry, na França. O traçado de Interlagos é interessante, com características que lembram um circuito oval no sentido anti-horário, que os pilotos percorrem 71 vezes durante a corrida. Ele conta com 15 curvas com forças laterais e longitudinais relativamente equilibradas, o que significa que os pneus não sofrem esforços excessivos, já que as cargas são distribuídas de forma praticamente igual entre os eixos dianteiro e traseiro. A combinação de várias retas com trechos mais travados proporciona diversas oportunidades de ultrapassagem, embora também aumente o risco de Safety Cars e incidentes. Nesta época do ano, o clima e as temperaturas podem variar bastante, com risco frequente de chuvas e inevitável utilização de pneus para pista molhada. Outra característica marcante de Interlagos é o asfalto irregular e ondulado, resultado do fato de o autódromo ter sido construído sobre um terreno relativamente instável, mais um desafio para pilotos e equipes no que diz respeito ao acerto dos carros e à gestão dos pneus.
Até o momento, o Brasil sediou 51 GPs do Campeonato Mundial de Fórmula 1, sendo 47 nomeados em homenagem ao país e os últimos quatro à cidade de São Paulo. O circuito de Interlagos recebeu 41 corridas, começando com o evento inaugural em 1973. Em 1978 e de 1981 a 1989, a prova foi realizada no circuito de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Nas corridas disputadas no autódromo José Carlos Pace, o piloto mais bem-sucedido é Michael Schumacher, com quatro vitórias e dez pódios. Caso Max Verstappen ou Lewis Hamilton vençam neste ano, igualarão o recorde do campeão alemão no traçado paulista. Entre as equipes, a Scuderia Ferrari lidera com nove vitórias, apenas uma a mais que a McLaren. Interlagos também foi o palco da primeira vitória de George Russell na Fórmula 1, em 2022.