Com imagens fantásticas, o longa retrata o mais polêmico dono de equipe de corridas

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Diamond Films

Enzo Ferrari, esse nome já bastava para abalar estruturas e intimidar amigos e inimigos no mesmo grau. Autodidata, construiu um império vendendo o mais desconfortável carro esportivo do mundo, uma “jóia” que acabou se tornando objeto de desejo de 9 entre 10 habitantes do planeta. Montou a equipe de corridas mais longeva e vitoriosa da Fórmula 1, ela estava lá em 13 de maio de 1950 no Circuito de Silverstone e vai voltar em 2 de março de 2024 no Circuito Internacional do Bahrein.

Nas veias da família corria gasolina, eles nasceram para criar máquinas que se moviam em velocidades inimagináveis, quebrar recordes, encantar os apaixonados pelo esporte e chocar o mundo, seja por suas conquistas ou suas sofridas derrotas.

Estreia nos cinemas brasileiros Ferrari (STXfilms, Moto Productions, Forward Pass, Le Grisbi, Iervolino & Lady Bacardi Entertainment, Storyteller Productions, Esme Grace Media/COIL, Ketchup Entertainment, Red Sea Film Fund, Diamond Films), o longa é baseado no livro “Enzo Ferrari: The Man and the Machine” escrito pelo saudoso jornalista Brock Yates conta uma pequena parte da história desse italiano de Módena, tem realização primorosa e cheia de emoção.

O roteiro do também saudoso Troy Kennedy Martin foi produzido e dirigido por Michael Mann, que vinha tentando fazer o filme há 30 anos e aos 81 mostra que está em forma, ele cria ações espetaculares e tira tudo dos atores que assumem seus personagens com muita competência.

O ano é 1957, o ex-piloto Enzo Ferrari (Adam Driver) está em crise junto com a empresa que ele e a esposa Laura (Penélope Cruz) construíram há uma década. Seu casamento está abalado pela perda do único filho do casal e o relacionamento com Lina Lardi (Shailene Woodley) dificulta ainda mais suas decisões, mas ele decide encarar suas perdas apostando tudo em uma corrida, a icônica Mille Miglia.

No elenco ainda estão Sarah Gadon (Linda Christian), Jack O'Connell (Peter Collins), Patrick Dempsey (Piero Taruffi) e Gabriel Leone (Alfonso de Portago), eles vivem seus personagens de forma profunda e sem exageros, junte-se a isso as réplicas de carros de corrida, figurinos, acessórios e automóveis em ações e cenários reais, o filme foi todo rodado na Itália e usou pouco CGI, o realismo é impressionante.

Quem assina a fotografia, que tem tons da região de Emilia Romagna, é Erik Messerschmidt, ele dividiu a operação das câmeras digitais com Mann, que prefere ter olhos no Viewfinder, isso criou cenas de corrida com uma perspectiva mais intimista e que se completam com a edição de um craque, Pietro Scalia dá um show na montagem.

Não dá para deixar de ver Ferrari, que teve orçamento divulgado de US$ 95 milhões, 130 minutos de duração que passam em um piscar de olhos, atuações fortes e convincentes, direção segura, mostra sem medo os bastidores secretos daqueles que mandavam no automobilismo e na indústria automotiva, trata a vida glamorosa com ares humanos e cheios de riscos em apenas 1 ano da vida do Comendador, imagine como foram os outros 89.

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