A obra retratada com poesia e choque de realidade revela detalhes da vida do Rei do Reggae
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount Pictures
Todos os gĂªnios sĂ£o temperamentais, sĂ£o pessoas de difĂcil convivĂªncia e suas opiniões geralmente andam na contramĂ£o de algo claro para simples mortais. Foi assim tambĂ©m com Bob Marley, na Ă©poca em que a informaĂ§Ă£o era menor que o sucesso, ele acabou sucumbindo cedo demais e levando muito ao pĂ© da letra os mandamentos religiosos que norteavam sua vida.
Claro que sua biografia precisava de uma apresentaĂ§Ă£o cinematogrĂ¡fica, pelo que representou e pelo que deixou de fazer, mas principalmente pela obra musical de indiscutĂvel qualidade, vocĂª pode atĂ© nĂ£o ser muito fĂ£ de Reggae, mas certamente jĂ¡ cantou, dançou ou ouviu o ritmo jamaicano um dia.
Estreia hoje nos cinemas brasileiros Bob Marley: One Love (Plan B Entertainment, State Street Pictures, Tuff Gong Pictures, Paramount Pictures), a histĂ³ria Ă© contada do ponto de vista da famĂlia, Rita Marley, a viĂºva de Bob e os filhos Ziggy e Cedella assinam a produĂ§Ă£o que ainda tem Brad Pitt como produtor executivo. SĂ£o muitos roteiristas, diversos produtores associados e uma enorme quantidade de gente envolvida em todos os setores, Ă© quase como foi a vida do cantor, muita gente orbitando seu universo, a arte imita a vida!
Reinaldo Marcus Green escreve e dirige o longa biogrĂ¡fico, uma praia que ele conhece bem, o enredo destaca durante os 104 minutos de exibiĂ§Ă£o a vida e a intensidade melĂ³dica das obras do Ăcone que inspirou gerações com sua mensagem de amor e uniĂ£o atravĂ©s de sua mĂºsica revolucionĂ¡ria.
Green dirige com muito cuidado, os atores Kingsley Ben-Adir (Bob) e Lashana Lynch (Rita) atuam de forma correta e fica claro que nĂ£o existiu muito espaço para improvisos, seus personagens sĂ£o nivelados com o resto do elenco que ainda tem James Norton, Tosin Cole, Umi Myers e Anthony Welsh, talvez a proximidade dos familiares tenham inibido ações mais ousadas.
O filme tem Ă³timos recursos cinematogrĂ¡ficos, Robert Elswit fez uma captaĂ§Ă£o digital com as Arri Alexa 35 e optou pelas lentes Angenieux Optimo que atravĂ©s do IOP (Internal Optical Palette) trouxe os anos 70 para a tela, ajudado por uma Ă³tima produĂ§Ă£o de figurino e cenĂ¡rios, uma marca importante na reconstituiĂ§Ă£o histĂ³rica da vida do cantor.
A montagem feita a 4 mĂ£os por Nick Houy e Pamela Martin apresenta dois estilos muito diferentes, os diĂ¡logos e os clipes tem ritmos opostos em leitura geral de ediĂ§Ă£o, o resultado final Ă© interessante, principalmente pelo fato de que nĂ£o se precisou queimar a cabeça com a trilha sonora incidental e principal.
Bob Marley: One Love Ă© um filme importante e obrigatĂ³rio, tem classificaĂ§Ă£o indicativa de 16 anos por consumo de drogas, aborda temas sensĂveis e violĂªncia. Deve ser conferido principalmente por causa desse garoto que morreu aos 36 anos e que deveria ter acreditado mais na ciĂªncia, deixou um legado que nĂ£o deveria ser esquecido como estava e que agora se eterniza na telona.
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