A animação é tecnicamente maravilhosa e traz um alerta para a nova geração
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures
A água é a maior força que a natureza têm sobre seus habitantes, por mais frágil que ela possa parecer, o seu volume impõe respeito e domínio sobre tudo e todos, enquanto estamos preocupados em entender o espaço, deveríamos primeiro procurar respostas nos nossos continentes líquidos.
Assistir a uma nova animação sobre o mar, nos dias de hoje, parecia não ser um programa muito agradável, porém se mostrou muito mais que necessário, não só pela qualidade do ótimo enredo, mas principalmente pelo alerta de saber o que as novas gerações estão fazendo, afinal de contas, são eles que vão herdar o planeta e com a mesma água.
Já está nos cinemas brasileiros uma das mais bem construídas estórias sobre o mar e o complexo processo de crescimento e desenvolvimento biopsicossocial, em Ruby Marinho – Monstro Adolescente (DreamWorks Animation, Universal Pictures) a idade da revolta que todos tivemos é examinada com uma enorme lupa, ouvíamos nossos pais e aprendíamos a máxima de “confiar com um olho e desconfiar com o outro”, mas a nova geração, que acha que já nasceu pronta, muitas vezes não sabe e nem quer aprender o que é básico na vida.
O longa foi escrito e dirigido por Kirk DeMicco, nele, a adolescente Ruby Marinho está desesperada para se enturmar no Colégio Oceanside High, mas fica muito difícil no mundo de hoje onde o que vale é sua aparência e seu melhor amigo é o Smartphone. O enredo é divertido e intrigante, ela vai enfrentar questões típicas da juventude e acaba fazendo uma descoberta que muda sua vida. Esse é o máximo de spoiler que vou contar, para saber mais você tem que conferir na tela grande do cinema.
A aventura é muito atual e coloca a fragilidade das novas gerações em destaque. Os vilões usam artifícios antigos que sempre funcionam porque a nova geração está preocupada com as lições que vêm de casa, é uma critica social sim, a falta de interesse no passado faz com que se desdenhe o presente e se demore a entender o futuro, o tema central é o amadurecimento da personagem, que precisa pagar muito caro por ter guelras para esconder atrás dos cabelos ou apoiar os óculos.
A parte técnica é moderna, inovadora e plasticamente linda, o longa traz cores saturadas com imagens coloridas e iluminadas para retratar o mundo mágico, houve preocupação em dar realismo aos cenários, por exemplo, as sequências no oceano não acontecem em um recife de coral ou perto da superfície, são retratados abismos escuros. Os personagens criados são únicos, fogem completamente de animais antropomorfizados (que tem características ou aspectos humanos), é uma animação atípica pelo fato da família ser de monstros marinhos.
Ruby Marinho – Monstro Adolescente é uma aposta que tem orçamento de US$ 200 milhões, é um jeito moderno de retratar personagens mais perto de sua realidade, é um alerta para pais e jovens sobre as peças que a vida prega, é livre para todos os públicos e é até agora a melhor animação do ano, em todos os sentidos e juntando todos os elementos.
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