O vencedor do Globo de Ouro® nas categorias Drama e Diretor é a história da criação de um gênio, Steven Spielberg
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures
Desta vez ele não veio para brincar, aproveitando a pandemia, Steven Spielberg resolveu escrever um roteiro para um filme sobre nada mais nada menos que sua vida. Era um projeto antigo que o diretor nunca teve "tempo" de colocar no papel e posteriormente na tela, mas, e sempre existe um mas, a catástrofe mundial aflorou a coragem e virou obra cinematográfica, afinal de contas, “filmes são sonhos que você nunca esquece”.
Depois dessa frase você será capturado durante 2 horas e 31 minutos para apreciar uma das melhores produções do cineasta, em todos os pontos, a perfeição é uma constante na obra que já começou a corrida pelo Oscar® deste ano largando muito na frente. Estreia hoje nos cinemas brasileiros Os Fabelmans (Amblin Entertainment, Reliance Entertainment, Universal Pictures), escrito, produzido e dirigido por ele e, diz, baseado em fatos de sua vida. Considerado um filme Semi Biográfico, o longa é uma encantadora obra que mistura a ficção com fatos reais, não dá para saber onde acaba um e começa o outro.
Nele, o diretor narra à história de um jovem que usa o poder dos filmes para expor a verdade sobre tudo e todos. É o máximo de spoiler que vou dar, o resto você tem que conferir, de preferência em um cinema com tela grande para aproveitar a estupenda captação feita por Janusz Kamiński, parceiro de longa data, que fez de forma tradicional com equipamento de última geração Arriflex e Panavision, depois virou D-Cinema.
A genialidade de Spielberg transcende, as referencias a outros longas de diretores cultuados por ele se espalham pela trama, os easter eggs são cuidadosamente inseridos, a insistência na palavra “Cinerama” estampada em um edifício durante uma cena de rua, remete ao longa que mudou seu modo de ver os filmes e quando pensou em desistir da carreira, isso associado ao diálogo maravilhosamente escrito e incentivador, que ele talvez quisesse ter ouvido, ou ouviu.
Os personagens da trama são trabalhados de forma carinhosa e profunda, o destaque é Michelle Williams (Mitzi Fabelman), seu personagem é por onde a história orbita, com destaque para o sempre ótimo Paul Dano (Burt Fabelman), Seth Rogen (Bennie Loewy), Gabriel LaBelle (Sammy Fabelman) e Mateo Zoryan (o jovem Sammy Fabelman), que vai entrar pra a história do cinema pela imagem icônica que abre a minha crônica.
É um filme também de despedida, pelo menos John Williams promete que essa trilha será a última, simples e singela, passa quase sem ser percebida graças à edição sempre competente e ritmada de Michael Kahn, que agora tem a companhia de Sarah Broshar, talvez ele esteja preparando uma sucessora. Os dois aproveitam ao máximo as opções de cenas, são todas reconstituições de época feitas por departamentos de arte e figurino que devem ser lembrados pela academia.
Segundo os produtores, Os Fabelmans custou US$ 40 milhões e já está em cartaz nos EUA, alguns países da Europa e da Ásia, ganhou os principais prêmios no esquenta para o Oscar® e pode dar a terceira estatueta para o diretor, deixando ele atrás apenas de John Ford que ganhou quatro. Spielberg abre o coração e expõe suas intimidades para deixar mais uma vez o mundo encantado, o gênio do século XX invade o XXI de peito aberto usando tudo que o seu maior parceiro, o cinema, lhe deu, porque segundo Mitzi Fabelman “a culpa é um sentimento desperdiçado”, o importante na vida é ser feliz com suas escolhas.
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