O novo terror vem misturado com ficĂ§Ă£o cientifica, crĂtica social e humor, o resultado Ă© surpreendente
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures
Existe uma nova ordem mundial quando se trata de terror e suspense, os filmes agora nĂ£o tĂªm mais aquela imensa quantidade de sangue cenogrĂ¡fico jogado no vidro que fica na frente da cĂ¢mera, parecia que iria sair da tela e cair na nossa pipoca, as mortes continuam, mas a apresentaĂ§Ă£o ficou mais inteligente, quem torcia o nariz para esse tipo de gĂªnero jĂ¡ começa a acompanhar com mais cuidado.
Essa visĂ£o menos brutal foi importada da MalĂ¡sia em forma de cineasta, James Wan deu uma nova roupa e, a cada nova produĂ§Ă£o, cria personagens marcantes, sĂ£o fofos e cruĂ©is na mesma proporĂ§Ă£o. Desta vez ele nĂ£o dirigiu, mas ajudou a escrever e produziu uma obra que adicionou um elemento inesperado, a ficĂ§Ă£o cientifica, jĂ¡ estĂ¡ em cartaz no Brasil M3GAN (Atomic Monster, Blumhouse Productions, Divide/Conquer, New Zealand Film Commission, Universal Pictures), que pode ser definida como “ela Ă© mais do que um brinquedo, ela faz parte da famĂlia”.
NĂ£o vou te contar porque tem um 3 no lugar do E no nome, isso vocĂª vai descobrir no cinema, o que posso te dar de spoiler Ă© dizer que M3GAN Ă© uma boneca programada para ser a melhor companheira da criança, ela pode ouvir, assistir, aprender, Ă© amiga e protetora de quem estĂ¡ ligada a ela, foi inventada por Gemma (a Ă³tima Allison Williams) para cuidar de sua sobrinha Ă³rfĂ£ Cady (Violet McGraw), mas Ă© uma decisĂ£o que terĂ¡ consequĂªncias.
O roteiro de Akela Cooper, baseado na criaĂ§Ă£o dele e do James Wan, Ă© maravilhosamente bem escrito e recheado de situações cĂ´micas, tragicĂ´micas, violentas e inesperadas ao extremo, mas tudo Ă© tratado com muito bom gosto e sem fugir do eixo central, nem se percebe os 102 minutos. Isso tambĂ©m se deve Ă direĂ§Ă£o competente de Gerard Johnstone, que mostrou estar realmente pronto para desafios maiores na carreira.
Sempre gosto de falar da fotografia e da montagem, curiosamente sĂ£o dois cineastas que assinam as imagens, Peter McCaffrey e Simon Raby sĂ£o tambĂ©m Ă³timos iluminadores e isso fez com que algumas sombras falassem mais que o texto. JĂ¡ a montagem de Jeff McEvoy Ă© corretĂssima, tem o tempo certo de cada take e Ă© muito ajudada pelo Ă³timo trabalho que a Weta Workshop fez na concepĂ§Ă£o dos efeitos especiais e visuais, Ă© um filme plasticamente bonito.
O que marca Ă© a trilha sonora composta por Anthony Willis, certamente vai ficar martelando na sua cabeça alguns dias, Ă© brilhante e muito adequada aos “encantos” da boneca. E por falar em boneca, os jornalistas e convidados que acompanharam as cabines e sessões de prĂ©-estreia, foram surpreendidos por uma atriz vestida como a M3GAN. Em SĂ£o Paulo quem representou de uma forma muito convincente foi Gabbriele Neves, que estava simplesmente fantĂ¡stica e sim, era a boneca em carne e osso! ParabĂ©ns!
Se vocĂª tem mais de 14 anos deve assistir M3GAN por mais um motivo, o filme que custou US$ 12 milhões e jĂ¡ faturou quase US$ 100 milhões, abre discussĂ£o sobre a distancia entre pais e filhos com a eletrĂ´nica no meio, o tema Ă© importante, atual e moderno, como Ă© o novo terror, que nĂ£o se preocupa apenas em sujar as lentes e assustar os casais na plateia, tambĂ©m vai te fazer pensar.
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