Esqueça tudo o que você imagina sobre o natal, este ano o bicho vai pegar!

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures

Não deveria ser assim, mas é uma das noites mais falsas do ano, familiares e agregados de repente viram melhores e inseparáveis amigos, trocam presentes que, na maior parte das vezes, foi comprado por alguém para outro alguém entregar, afinal, todos se amam e se gostam não é? E a fartura? Comida e bebida para encher barrigas vazias, alimentar egos enormes e criar motivos para que, em algum momento, se comece a resenha, sempre sobra para algum parente que não apareceu...

Não é que eu não goste do Natal, o que pega é essa falsidade sistêmica que acompanha a celebração desde sempre, mas tem gente que adora, curte, vive montando árvore e enfeitando a casa como se vivêssemos no Polo Norte e aqui nevasse. Estreia hoje no Brasil um longa que eu gostei muito, seja pela pegada cômica, pelos inúmeros Easter Eggs, o tema inusitado e claro, a forma mais realista de retratar o natal usando um microcosmo, em Noite Infeliz (87North, Universal Pictures) as piadas bem contadas e as atuações convincentes certamente vão marcar a produção nesse fim de ano.

O filme é escrito pela dupla de sucesso Pat Casey e Josh Miller, trata-se de um thriller sombrio onde uma equipe de mercenários invade a mansão de uma família rica na véspera do Natal fazendo todos de reféns, só que os invasores não estão preparados para um herói improvável que não é nenhum santo. As cenas são proporcionais em humor e violência, o trabalho dos dubles é muito bem coreografado, em varias passagens, vem à lembrança outros filmes com ambientação parecida, é a cópia em forma de homenagem.

O diretor norueguês Tommy Wirkola já se deu bem na escalação do elenco, quem encabeça é David Harbour (Papai Noel), tem John Leguizamo (Scrooge), Edi Patterson (Alva Lightstone), Cam Gigandet (Morgan Lightstone), Alex Hassell (Jason Lightstone), Alexis Louder (Linda), a ótima Leah Brady (Trudy Lightstone) e a sempre espetacular Beverly D'Angelo (que dá o tom perfeito de Gertrude Lightstone), todos em ótima sintonia, as trocas de olhares e as ações conjuntas mostram uma direção firme e correta, as falas sempre bem colocadas e as intervenções, são excelentes.

A fotografia do australiano Matthew Weston é clara e limpa, não tem preocupação em esconder nas sombras as ações, ao contrario, a iluminação, mesmo nas cenas externas, é rica e mostra toda a ação. A montagem de Jim Page é rápida, insinuante e com muitas variações de takes em uma mesma sequência, boa parte da edição é feita de forma ritmada, graças à trilha musical composta por Dominic Lewis, que aproveita acordes de outras produções, isso marca positivamente, facilita a edição e deixa na cabeça do espectador um ponto de nostalgia.

Só dá para levar a família ao cinema para curtir os 101 minutos de Noite Infeliz se todos tiverem mais de 16 anos, é um filme que vale a pena pelo inusitado roteiro, pela excelente produção e pelo desempenho dos atores, é um jeito diferente de comemorar a data, dizem que o Natal é para se estar em família, ou longe dela.

Assista ao trailer dublado