- Nas motos, a indústria deve registrar alta de 18,8%, os emplacamentos devem atingir 1,35 milhão de unidades e as exportações alta de 10,3%;
- Já nas bicicletas, houve uma pequena redução na expectativa, impactada pela falta de componentes e mudança recente no gosto do consumidor.
Texto e fotos: SD&PRESS Consultoria / Eduardo Abbas
Por mais prático que seja, por mais longe que pode chegar, não existe nada melhor que o contato humano, principalmente quando se trata de comparar números, acompanhar reações a perguntas diretas e, principalmente, ver a alegria estampada nos rostos quando boas notícias são dadas.
O local da reunião deste mês foi em um edifício no centro histórico de São Paulo, perto da Bolsa de Valores e onde todos os modais de mobilidade puderam ser utilizados pelos jornalistas que participaram do evento. Tudo vai indo de vento em popa no setor das motocicletas, a impressão é que, se não houvesse uma limitação na oferta, os números seriam muito maiores.
Pela segunda vez no ano a Abraciclo revisou para cima as projeções. A nova perspectiva é de que as fabricantes do PIM (Polo Industrial de Manaus) produzam 1.420.000 motocicletas, volume 18,8% superior às 1.195.149 unidades fabricadas no ano passado. O presidente Marcos Fermanian, explica que, ao avaliar diversos fatores e a tendência para os próximos meses, aposta agora em uma retomada ainda mais forte do segmento. “As unidades fabris mantêm a curva de produção ascendente e o mercado pede por mais motocicleta”, diz. “Hoje o consumidor procura por um veículo ágil, econômico e com baixo custo de manutenção para seus deslocamentos”, completa. Com a nova previsão, o segmento de motocicletas deve ficar próximo aos patamares alcançados em 2014. Naquele ano, foram produzidas 1.517.662 unidades. A Abraciclo também revisou as projeções para as vendas no varejo e exportações. A nova estimativa é de que sejam licenciadas 1.350.000 motocicletas, aumento de 16,7% na comparação com as 1.156.776 unidades registradas no ano passado. Para as exportações, a projeção é que sejam embarcadas 59.000 motocicletas, volume 10,3% superior às 53.476 unidades exportadas em 2021.
As montadoras estão a todo vapor, foram mais de 1 milhão de unidades produzidas neste ano, em setembro chegaram a 139.622 e alcançaram o segundo melhor resultado do ano. O volume só foi superado pelas 145.852 motocicletas fabricadas no mês anterior (retração de 4,3%). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve alta de 28,2% (108.948 unidades).
Esse foi o melhor desempenho para o mês desde 2013 (150.731 unidades), em nove meses 1.061.543 motocicletas saíram das linhas de montagem do Polo Industrial de Manaus (PIM), o que corresponde a uma alta de 18,4% na comparação com o mesmo período do ano passado (896.558 unidades) e segundo a associação, esse é o melhor resultado para o período em oito anos quando foram fabricadas 1.166.527 motos.
A impacto nas vendas no varejo também são expressivos, os emplacamentos atingiram o segundo melhor resultado do ano em setembro quando foram licenciadas 123.641 motocicletas, ficando atrás das 133.344 unidades registradas em maio. Na comparação com o mês do ano passado, houve crescimento de 13,6% (108.816 motocicletas) e em relação a agosto, a alta foi de 4,3% (118.545 unidades). Esse foi o melhor resultado para o mês desde 2011 (174.487 motocicletas). A média diária de emplacamentos em setembro, que teve 21 dias úteis, foi de 5.888 motocicletas. Na comparação com o mesmo mês de 2021, com um dia útil a menos, foi registrada alta de 8,2% (5.441 unidades). Em relação a agosto, com 23 dias úteis, houve aumento de 14,2% (5.154 motocicletas). Com 61.674 unidades e 49,9% de participação no mercado, a Street foi a categoria mais licenciada em setembro. A Trail ficou em segundo lugar (24.421 motocicletas e 19,8% dos emplacamentos), seguida pela Motoneta (19.299 unidades e 15,6%).
Na avaliação de Fermanian, os números comprovam o movimento do mercado. “Estamos normalizando o abastecimento das revendas e atendendo o consumidor que espera por uma motocicleta. Ainda existe fila de espera para as modelos de baixa cilindrada e scooters, o que deve ser normalizado em breve”, destaca. Perguntei a ele se a aprovação do crédito e os consórcios contemplados poderiam impactar positivamente nesses números. Segundo ele "hoje a aprovação está muito baixa, o grande aliado do comprador de motos é o consórcio, que estima-se representar 1/4 das vendas, portanto, sim, com o aumento desses números até o fim do ano, esperamos ter também melhora nas vendas, mesmo com a oferta limitada".
E as boas notícias se espalham pelo Brasil, houve na região Norte o maior crescimento porcentual no volume de emplacamentos em setembro. Foram licenciadas 15.914 motocicletas, volume 31,8% superior ao registrado no mesmo mês do ano passado (12.074 unidades). Em números absolutos, a liderança é do Sudeste (48.129 motocicletas e 38,9% de participação do mercado). Na sequência do ranking, ficaram Nordeste (35.676 unidades e 28,9% do mercado), Norte (15.914 motocicletas e 12,9%), Centro-Oeste (12.433 unidades e 10,1%) e Sul (11.489 unidades e 9,3%). No ranking do acumulado do ano, as três primeiras posições foram mantidas: Sudeste (382.997 unidades e 38,8% do mercado), Nordeste (290.579 motocicletas e 29,5%) e Norte (121.348 unidades e 12,3%). Em quarto lugar, ficou a região Sul (96.732 motocicletas e 9,8%), seguida pelo Centro-Oeste (94.594 unidades e 9,6%).
As exportações também surpreendem, as fabricantes exportaram 5.786 motocicletas no mês passado, isso corresponde a um alta de 18,8% na comparação com o mesmo período do ano passado (4.872). Na comparação com agosto, no entanto, houve queda de 25,9% (7.807). Segundo o portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, que registra os embarques totais de cada mês, analisados pela Abraciclo, os Estados Unidos foram o principal destino, com 2.010 motocicletas, o que corresponde a 28,4% do volume total embarcado. Em segundo ficou a Argentina com 25,9% (1.832) e Colômbia 21,2% (1.500).
De janeiro a setembro, foram exportadas 43.670 unidades, volume 2,1% superior às 42.765 unidades registradas no mesmo período do ano passado. Ainda de acordo com dados o Comex Stat, analisados pela Abraciclo, a Colômbia foi o principal mercado, com 12.064 unidades e 28,6% dos embarques para o exterior. Na sequência, ficaram a Argentina (9.958 motocicletas e 23,6% do volume exportado) e os Estados Unidos (8.810 unidades e 20,9%).
A projeção das bicicletas sofreu um pequeno revés, pela segunda vez no ano, a nova perspectiva é fechar 2022 com 630 mil unidades fabricadas, o que representa retração de 15,9% na comparação com as 749.320 bicicletas que saíram das linhas de montagem no ano passado. O vice-presidente do segmento de bicicletas, Cyro Gazola, afirma que o setor está sendo fortemente impactado pela conjuntura econômica que reduziu o poder de compra do brasileiro. “A procura pelos modelos de entrada registrou forte queda. Muitas pessoas postergaram ou simplesmente desistiram de adquirir uma bicicleta”, explica. Gazola destaca, a crise no abastecimento que está longe de ser solucionada. Cerca de 50% dos itens de uma bicicleta, como quadros, sistemas de freios, transmissões, suspensões e selins são importados, para reduzir essa dependência do mercado externo, a associação está desenvolvendo um trabalho junto aos fornecedores de peças e componentes para incentivar a nacionalização de produtos e estimular a indústria local.
Os números de setembro ficaram em 48.442 bicicletas que saíram das linhas de montagem das fábricas instaladas no PIM (Polo Industrial de Manaus). O volume é 42,2% menor ao registrado no mesmo mês do ano passado (83.766 unidades) e 11,4% inferior às 54.644 bicicletas fabricadas em agosto. No acumulado do ano, foram produzidas 476.610 bicicletas, recuo 18,7% na comparação com o mesmo período de 2021 (586.536 unidades).
Com 29.802 unidades, a Moutain Bike (MTB) foi a categoria mais fabricada em setembro, representando 61,5% do volume produzido pelas fabricantes do Polo de Manaus. A Urbana/Lazer ficou em segundo lugar do ranking, com 10.829 unidades e 22,4% do volume total. Em terceiro lugar, veio a Infantojuvenil (6.214 bicicletas e 12,8%).
As posições foram mantidas no ranking do acumulado do ano: MTB (302.206 bicicletas e 63,4% do total fabricado, Urbana/Lazer (122.940 unidades e 25,8%) e Infantojuvenil (35.851 bicicletas e 7,5%).
Na distribuição por região, a Sudeste foi que recebeu o maior volume, em setembro, foram enviadas 32.500 unidades, o que corresponde a 67,1% do volume fabricado. O Sul ficou em segundo lugar, com 5.569 bicicletas, 11,5% do total produzido. Na sequência vieram o Nordeste (5.146 unidades e 10,6% da produção), Centro-Oeste (3.440 bicicletas e 7,1%) e Norte (1.787 unidades e 3,7%). As posições no ranking anual foram mantidas: Sudeste (287.843 bicicletas e 60,4% do volume total produzido), Sul (85.654 unidades e 18%), Nordeste (45.661 bicicletas e 9,6%), Centro-Oeste (32.617 unidades e 6,8%) e Norte (24.835 bicicletas e 5,2%).
Mas quem anda correndo por fora e chegando na frente são as bicicletas elétricas, elas que vieram para ficar caíram definitivamente no gosto dos consumidores brasileiros. Mesmo com o preço ainda muito salgado levam uma enorme vantagem para quem optar por um modelo que usa a força das pernas e tem o auxilio de um motor elétrico quando necessário. As vantagens são muitas, comparando com o automóvel, o tempo de recarga é muito menor, existe a facilidade de não se precisar ter uma instalação especial em casa e é muito mais fácil de usar e guardar, além do que não é preciso pagar nenhum tipo de imposto anual, na verdade, é só alegria!
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