A cinebiografia do Rei do Rock Ă© a obra que vai marcar o ano
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures
O Rei Voltou! Depois daquele principio de noite do dia 16 de agosto de 1977, quando ouvi a notĂcia da morte de Elvis Presley no rĂ¡dio, foram necessĂ¡rios 44 anos, 10 meses, e 27 dias, mais tempo que ele esteve vivo, para uma nova geraĂ§Ă£o conhecer sua obra e ver, finalmente, o cinema reverenciar o maior Ăcone da mĂºsica do sĂ©culo XX.
Durante esses 16.403 dias sempre ouvi que “Elvis nĂ£o morreu”, mas nunca soube exatamente como se apagou uma chama tĂ£o intensa e forte, hoje, algumas gerações nem fazem ideia de quem foi e o que representou a voz mais potente do rock, Chegou a hora de tudo mudar, deixar de ser apenas a referencia que alguns conhecem e mergulhar na histĂ³ria.
Estreia nos cinemas brasileiros Elvis (Bazmark Production, Jackal Group Production, Warner Bros. Pictures), o filme Ă© uma dessas produções espetaculares, traz uma realizaĂ§Ă£o impecĂ¡vel, talentos que representam perfeitamente seus personagens, um enorme cuidado com os figurinos e costumes da Ă©poca e sim, tem tudo pra arrebentar na premiaĂ§Ă£o do Oscar® no ano que vĂªm.
O longa tem argumento, roteiro, produĂ§Ă£o e direĂ§Ă£o de Baz Luhrmann, esse australiano conseguiu passar as diretrizes para os seus comandados e eles reproduziram com perfeiĂ§Ă£o a essĂªncia do que acontecia no mundo nos anos 50, 60 e 70, inicio, meio e fim da vida do mito.
O filme mostra Elvis Presley (Austin Butler, que estĂ¡ estupendo!) e sua tumultuada relaĂ§Ă£o com seu empresĂ¡rio, o coronel Tom Parker (um quase irreconhecĂvel e sempre talentoso Tom Hanks) durante mais de 20 anos, a vida com seus pais, amigos, fĂ£s e a pessoa mais importante e influente que cruzou seu caminho, Priscilla Presley (a Ă³tima Olivia DeJonge).
NĂ£o Ă© apenas o trio que se destaca em atuações fortes e cheias de emoĂ§Ă£o, o elenco tem ainda Helen Thomson que interpreta a mĂ£e de Elvis, Gladys, Richard Roxburgh o pai, Vernon, Luke Bracey, Natasha Bassett, David Wenham, Xavier Samuel, Kodi Smit-McPhee e um cast de apoio enorme que vivem seus personagens com muita força e realismo.
Realizar um filme cujo enredo Ă© sobre um cantor ou uma banda, teoricamente fica fĂ¡cil montar a trilha sonora, mas Ă© uma faca de dois gumes, a utilizaĂ§Ă£o de algumas canções sempre vai deixar de fora aquela que vocĂª gosta, principalmente se tratando de Elvis. Por isso Luhrmann resolveu caprichar muito nas reproduções dos shows, o excĂªntrico figurino do Rei foi reproduzido fielmente, em alguns casos as peças eram as originais.
Outro ponto de muito cuidado e dedicaĂ§Ă£o foi a coreografia, Elvis nĂ£o era um dançarino e seus passos eram, na maior parte das vezes, aleatĂ³rios e sem muita tĂ©cnica, tudo foi duramente ensaiado e reproduzidos com grande competĂªncia, criando uma atmosfera perfeita quando misturados a cenĂ¡rios finamente reproduzidos.
Tudo isso Ă© mostrado com muita sensibilidade por Mandy Walker, uma diretora de fotografia que tem no currĂculo longas cujos personagens brilham mais que as luzes dos cenĂ¡rios, esse tipo de captaĂ§Ă£o, que usa luz incidental, Ă© muito diferente de outro tipo de fotografia que preenche todo o espaço, ele Ă© especial e tem uma forma especifica de registro, como tambĂ©m Ă© diferente a ediĂ§Ă£o, Jonathan Redmond e Matt Villa entenderam isso perfeitamente e foram da forma ritmada durante os clipes atĂ© a lenta entre os diĂ¡logos, isso sem comprometer a narrativa que mistura primeira, segunda e terceira pessoa.
NĂ£o dou muitos spoilers em minhas avaliações, atĂ© porque nĂ£o existem hoje muitos segredos da vida do Rei, mas vou te prevenir, Elvis nĂ£o Ă© um filme para todas as idades, a classificaĂ§Ă£o indicativa Ă© de 14 anos porque contĂ©m drogas, violĂªncia e conteĂºdo sexual, Ă© imperdĂvel para quem conhece pouco ou muito da vida e obra do cantor, quem nĂ£o sabe nada Ă© uma Ă³tima referĂªncia para começar a pesquisar, mas Ă© obrigatĂ³rio, principalmente para quem gosta de cinema bem feito com histĂ³ria real. Preparem seus lenços, sĂ£o 2 horas e 39 minutos que custaram US$ 85 milhões e que vĂ£o valer por uma vida, glamorosa ou injusta, por uma histĂ³ria de amor sem final feliz e pela dura realidade de perceber o quanto era bom depois que perdemos. Vida longa ao Rei!











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