No longa que promete fechar a trilogia, os humanos e os dinossauros continuam se estranhando

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures

No ano de 1993, Jurassic Park – Parque dos Dinossauros era o filme mais esperado do ano. Escolhi assistir logo na estreia, às 14 horas de uma quarta-feira, no melhor cinema de São Paulo, o Comodoro Cinerama. Era o máximo, tinha sistema de projeção de 70 mm com três projetores em uma tela curva, se você sentasse nas poltronas do meio para frente, sua visão periférica era preenchida pela tela, tudo isso aliado ao sistema de som sensurround, que fazia a sala tremer. Claro que a experiência foi fenomenal, única, impressionante e, como já era fã de Spielberg, a obra me impactou ainda mais.

Quase 30 anos depois dessa espetacular experiência, me deparo com o filme que se apresenta como encerramento da segunda trilogia, ambas fizeram muito sucesso, dos 5 filmes produzidos, 3 deles tiveram arrecadação acima de US$ 1 bilhão, e essa é uma enorme prova de fogo para a estreia de hoje nos cinemas brasileiros, Jurassic Word Domínio (Amblin Entertainment, Perfect World Pictures, Universal Pictures) se propõe a colocar no devido lugar a confusão criada por quem quis bancar Deus.

Nessa nova aventura, que acontece quatro anos após a destruição da Isla Nublar, os dinossauros vivem lado a lado com os humanos e esse frágil equilíbrio remodelará o futuro das duas espécies, que são os maiores predadores da história. É um trabalho especialíssimo da Industrial Light & Magic, a interação com os humanos nessa estória utópica é feita com uma nova tecnologia de animação que utiliza extensões digitais em Animatrônicos, com isso houve uma melhora na textura e se têm mais realismo.

Colin Trevorrow escreveu, produziu e dirigiu o longa, como está envolvido desde sempre com a trilogia, manteve o elenco afiado e animado, correria não falta, nem momentos de muita tensão, são vários Easter Eggs que te fazem lembrar passagens do filme de 93. Por falar nisso, a melhor ideia foi recrutar novamente alguns atores que estavam na produção pioneira para juntar com os heróis atuais.

As interpretações de Chris Pratt e de uma quase irreconhecível Bryce Dallas Howard tem o auxilio luxuoso de Laura Dern, Jeff Goldblum e Sam Neill, todos muito à vontade em seus papéis, com falas muito bem escritas em atuações convincentes e às vezes engraçadas. Tem gente nova como DeWanda Wise, Mamoudou Athie, Dichen Lachman, Scott Haze, Campbell Scott e os retornos de BD Wong, Justice Smith, Daniella Pineda e Omar Sy, um elenco muito competente que, se for verdade, chegou pra encerrar a festa.

A direção de fotografia é de John Schwartzman, que está envolvido desde sempre com a franquia, ele usa muito o recurso da Noite Americana, desta vez abusou dos drones, melhorando muito a perspectiva de profundidade e tamanho dos locais em relação aos humanos e dinossauros. A montagem tem pouca ousadia, o motivo é que os efeitos visuais e especiais ditam o ritmo da obra e Mark Sanger executa corretamente a edição, consegue manter a atenção presa durante os 146 minutos de exibição.

Jurassic Word Domínio teve um orçamento declarado de US$ 165 milhões e, se seguir os passos dos anteriores, deve superar a marca bilionária da franquia, deve ser assistido de preferência em uma sala IMAX por maiores de 13 anos, mas vá preparado, tirar o fôlego e fazer as mãos suarem é uma das características dessas produções, que, se chegou mesmo ao fim é a segunda e mais emocionante extinção dos dinossauros, agora no cinema, como foi o ocaso do Comodoro Cinerama.

Assista ao trailer