A continuação do clássico dos anos 80 é, até agora, o melhor filme do ano
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount Pictures
O cinema, para mim, sempre representou três lados: referencia no trabalho, diversão de alto nível e fonte de conhecimento. Eu agradeço sempre ter tido a oportunidade de viver varias fases da sétima arte, sigo a indústria desde os anos 70 e por isso pude presenciar muitos sucessos, diversos fracassos e, parafraseando e adaptando a frase de um técnico de futebol, posso afirmar que, se não houver dedicação, a bilheteria pune!
Não é o caso, acompanhar a exibição desse filme na cabine fez com que eu viajasse no tempo, é um misto de sensações que vão desde a memória afetiva criada em uma época em que a musica tema fazia mais sucesso que o filme, até a lembrança de como se estivesse entrando na casa da vovó e sentisse o cheiro de bolinhos de chuva quentinhos colocados estrategicamente ao lado do sofá para juntos acompanharmos a aventura dos Ases Indomáveis em VHS.
Entra em cartaz hoje nos cinemas do Brasil Top Gun: Maverick (Skydance Media, Jerry Bruckheimer Films, Paramount Pictures), uma continuação que demorou mais de 30 anos para se ter coragem de fazer, o espírito destemido do ator e a audácia de investir US$ 152 milhões na produção feita por Jerry Bruckheimer não ficaram no esquecimento, as fotos de ontem e hoje mostram isso.
Nessa nova aventura, Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise) está onde sempre amou, ultrapassando os limites como piloto de testes e longe do mundo, mas uma missão inesperada o devolve ao reencontro com pessoas que o admiravam, outras nem tanto. O roteiro, escrito a seis mãos (Ehren Kruger, Eric Warren Singer e Christopher McQuarrie) consegue captar a essência do primeiro filme e dar a dignidade que cada personagem merece, mescla momentos de humor, tensão, emoção e muita ação com ideias que não são novas, mas são bem encaixadas.
Quem assina a direção é Joseph Kosinski, ele faz parte de uma geração de realizadores que sabem usar ótimas atuações e efeitos visuais para contar uma estória que vai ser atual em qualquer momento. O elenco é bem escolhido, foram resgatados alguns personagens do primeiro filme e novos foram criados, as atuações de Miles Teller, Jennifer Connelly, Jon Hamm, Glen Powell, Lewis Pullman, Charles Parnell, Bashir Salahuddin, Monica Barbaro, Jay Ellis, Danny Ramirez, Greg Tarzan Davis, Ed Harris entre outros, mostram a imersão que cada ator e atriz fez para viver aquela vida.
Mas é a participação de Val Kilmer (o agora Almirante Tom “Iceman” Kazansky), ele que passa por um grave problema de saúde na vida real, teve a tecnologia como aliada na atuação, é um dos pontos mais fortes e emocionantes durante as 2 horas e 11 minutos da exibição, o papel não é só homenagem, ele é muito importante na trama.
Claro que a fotografia do chileno Claudio Miranda tem a mesma proposta do primeiro filme, é competente, usa com muita sensibilidade as opções de contraluz e deixa um caminho aberto para o realismo impressionante que os efeitos visuais criados pela Method Studios fizeram neste longa, a qualidade em tela cheia de todos os detalhes da cabine dos pilotos, a edição rápida e precisa feita Eddie Hamilton consegue te manter ligado durante toda a exibição, acredite!
Outro resgate que esse filme vai permitir é poder se apaixonar pela trilha sonora, composta por Hans Zimmer, Lorne Balfe e Lady Gaga, é emocionante e cheia de momentos, fortes e suaves. A cantora também escreveu e canta a música tema “Hold My Hand“, fazem parte também a banda OneRepublic com “I Ain’t Worried“ e o ator Miles Teller com “Great Balls Of Fire“.
Top Gun: Maverick deveria ter estreado em julho de 2020, mas a pandemia acabou atrasando a chegada aos cinemas do mundo de uma das mais belas e competentes obras do cinema atual, deve ser apreciado em salas com opção IMAX e pela classificação indicativa, por maiores de 14 anos. Não preciso dizer que é imperdível, nem que resgatou memórias que faço questão de manter vivas, como os inesquecíveis bolinhos de chuva.
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