Ambas as apresentações têm classificação livre e vão ocorrer no Teatro Juarez Machado, anexo ao Centreventos Cau Hansen

Texto e fotos: Instituto Festival de Dança de Joinville

A Estímulo Mostra de Dança, atração que valoriza os trabalhos de grupos que se destacaram nas últimas cinco edições do Festival de Dança de Joinville, será comandada neste ano pelos grupos Kulture Kaos, de Joinville (SC), e Tangará Cia da Dança, de São Paulo (SP).

Ouro da casa em versão estendida
No dia 20 de julho, às 17h, será a estreia do espetáculo "A Origem de Sílfos", que é centrado nas Danças Urbanas e conta com influências de outros gêneros e do teatro. Cerca de 40 profissionais do Kulture Kaos estão trabalhando na preparação da coreografia. “A apresentação na Estímulo será o ápice da nossa história com o Festival de Dança. Estamos com uma expectativa muito grande de poder apresentar esse formato de apresentação mais longa, com 40 minutos”, afirma Bruno de Oliveira Soares, diretor do grupo, diretor executivo do espetáculo, coreógrafo e editor de música do Kulture Kaos. "A temática do espetáculo tem base na mitologia dos Silfos, a fim de abordar a importância do autoconhecimento e da resiliência. Pretendemos apresentar um espetáculo divertido, temático e leve e, por meio dele, demonstrar a necessidade de aceitarmos quem realmente somos e nosso propósito", explica Gus Joesting, diretor geral do espetáculo, professor e coreógrafo. “A obra terá uma minisérie documental, abordando o cotidiano dos ensaios, depoimento de dançarinos, coreográfos e preparadora cênica, com o objetivo de aproximar o público da história lúdica que será levada para o Juarez Machado em julho. Esse material será disponibilizado nos veículos de comunicação do Kulture Kaos”, acrescenta.

Simbiose entre poesia, dança e reflexão
No dia 25 de julho, às 17h, será a vez do público conferir o espetáculo “Severina”, da Tangará Cia de Dança, em parceria com o Palíndromo Coletivo Artístico. “Desde 2017, idealizamos nossa participação na Estímulo, porém foi com esta obra que tivemos de fato a força e organização para acreditarmos na aprovação de nossa inscrição. Apresentar ‘Severina’ é uma ímpar vitória profissional e representa a conquista de espaço, notoriedade e visibilidade para mostrarmos nossa arte para um público seleto que aprecia, valoriza e vive a dança”, avalia Guilherme Rienzo, diretor, coreógrafo, bailarino, professor de danças populares brasileiras e preparador corporal da Tangará Cia de Dança. A coreografia conta com a participação de 20 profissionais da companhia na montagem e apresentação; é livremente inspirada na obra “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto; e mescla danças populares, dança contemporânea e artes cênicas. “Em ‘Severina’, a linguagem da dança é fundamentada pela pesquisa híbrida entre as danças populares regionais pernambucanas, em diálogo com a dança contemporânea, a dramaturgia do poema, abordagens e provocações de interpretação cênica, inclusive com as propriedades do uso da máscara na composição com figurino e luz para a estética cenográfica”, explica Guilherme.
O diretor ressalta a importância dos questionamentos sucitados pela obra. “Em sua concepção, o poema é um auto natalino pernambucano e, apesar de tratar das dificuldades da vida e o ‘flerte’ constante com a morte, há um ato de esperança e fé. Acreditamos que por meio da performance artística possamos comunicar com o público para que haja provocações e reflexões sobre a vida e nossas relações humanas”, pondera. “Tratar desta obra é descrever sobre a desigualdade social, é homenagear diretamente os nordestinos e todos as pessoas que migraram de suas terras natais e contribuíram diretamente para a formação de nosso país”, acrescenta. Guilherme destaca que os conhecimentos sobre as danças populares nordestinas, especificamente as pernambucanas, são frutos de estudos e da criação de uma metodologia autoral, chamada “Brasilidades em Dança”. “A inspiração na diversidade das imagens de vegetação, estruturas geográficas e paisagens agregam na criação das células coreográficas, fluxo de movimento e expressividade dos corpos. A reinterpretação poética e etimológica das palavras presentes no poema também foram fontes singulares para estimular as células e sequências coreográficas que compõem a performance”, pondera.