A superprodução surpreende pela qualidade espetacular do trabalho

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures

Pouco se sabe sobre o legado que os Vikings deixaram para humanidade, eles foram muito importantes para o desenvolvimento das técnicas de navegação, influenciaram fortemente os povos europeus com sua arte, habilidades, tecnologias e deixaram suas marcas em vários países considerados hoje modernos e prósperos.

Os “bárbaros” foram retratados na tela em vários filmes, mas, certamente, nada se compara ao longa que estreia hoje nas salas brasileiras. O Homem do Norte (New Regency Productions, Focus Features, Perfect World Pictures, Square Peg, Universal Pictures) é uma obra que mistura ação, aventura e drama em uma proporção poucas vezes vista no cinema contemporâneo.

Robert Eggers, o diretor da moda e que fez muito sucesso com A Bruxa e O Farol dirige o filme, ele é baseado em muitas situações e fatos históricos que os nórdicos relataram em seus contos e cânticos. O roteiro foi feito a 4 mãos, Eggers bebeu na fonte, ele teve a parceria do islandês Sjón (Sigurjón Birgir Sigurðsson) um poeta, romancista, dramaturgo, compositor e roteirista da nova geração que já faz muito sucesso e colocou a Islândia no mapa de Hollywood.

Esse longa é um thriller épico de vingança que explora o quão longe um príncipe Viking irá para buscar justiça por seu pai que foi assassinado. As interpretações são viscerais, os personagens misturam elementos da cultura nórdica à representação, o elenco com Alexander Skarsgard (Amleth), Anya Taylor-Joy (Olga), Nicole Kidman (Queen Gudrún), Ethan Hawke (King Aurvandil War-Raven), Willem Dafoe (Heimir The Fool) e Björk (Seeress) mergulhou de cabeça no projeto e traz uma qualidade teatral espetacular.

Companheiro do diretor em outras produções, a fotografia do norte-americano Jarin Blaschke consegue captar todas as nuances que Terra do Fogo e Gelo apresenta, mesmo que algumas locações fiquem longe de lá, tudo é suavemente embalado pela trilha composta pela dupla Sebastian Gainsborough e Robin Carolan.

Mas tem um elemento que torna esse longa uma joia de bom gosto e qualidade, a montagem. Feita por Louise Ford, também parceira frequente do diretor, mostra um trabalho com um grau de profissionalismo impressionante, a sensibilidade nas passagens de tempo, a edição avassaladora nas lutas, as muitas trocas de planos e contraplanos narrados de forma coerente e ritmada, faz deste filme um dos mais bem montados que eu assisti este ano.

O Homem do Norte não é para perder, é filme de tela gigante, é onde os elementos produção, direção, edição, captação e interpretação interagem perfeitamente e deve ser tratado como obra de referencia, custou US$ 70 milhões pelos 137 minutos de exibição mas só para quem tem mais de 18 anos, é cinema para quem gosta de filme bem feito.

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