A série de sucesso chega à telona com sua segunda aventura, prepare-se pra rir e chorar
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures
É um caminho que, na maior parte das vezes, nĂ£o dĂ¡ certo. VĂ¡rias sĂ©ries de sucesso jĂ¡ tentaram a carreira no cinema e se deram mal, nĂ£o passaram da primeira tentativa, atĂ© porque as condições e os pĂºblicos sĂ£o bem diferentes, mas esses ingleses espertinhos acharam a fĂ³rmula certa, aquela onde os opostos se completam.
Estreou nesta quinta-feira no Brasil Downton Abbey II: Uma Nova Era (Carnival Films, Focus Features, Universal Pictures), que tem o bem humorado e explicativo roteiro feito pelo nobre inglĂªs Julian Fellowes, criador e roteirista tambĂ©m da sĂ©rie de TV e um grande acumulador de prĂªmios na telinha e na telona.
NĂ£o Ă© a toa que deu certo, Ă© a mesma cabeça pensando nas diversas possibilidades, a interferĂªncia externa praticamente nĂ£o existe e o script segue com sua narrativa coerente da primeira a Ăºltima linha. O que mudou da aventura anterior foi o diretor, quem assina a nova Ă© Simon Curtis, ele que tem origem no teatro britĂ¢nico, levou para os seus filmes uma alta qualidade de interpretaĂ§Ă£o, os personagens sĂ£o mais intimistas e fortes, o mais curioso Ă© ele aceitar o desafio de reger um drama romanceado com pitadas de comĂ©dia, o resultado Ă© muito bom.
NĂ£o vou dar spoliers, basta saber que os amados personagens vĂ£o ter uma grande jornada no sul da França para desvendar o mistĂ©rio da Villa recĂ©m-herdada pela Condessa ViĂºva. O enorme elenco que tem Hugh Bonneville, Laura Carmichael, Jim Carter, Brendan Coyle, Michelle Dockery, Kevin Doyle, Joanne Froggatt, Harry Hadden-Paton, Robert James-Collier, Allen Leech, Phyllis Logan, Elizabeth McGovern, Sophie McShera, Tuppence Middleton, Lesley Nicol, Maggie Smith, Imelda Staunton, Penelope Wilton, ganham novos membros: Hugh Dancy, Laura Haddock, Nathalie Baye, Dominic West, Jonathan ZaccaĂ¯, estĂ¡ mais afiado que nunca, na verdade sĂ£o mesmo quase uma famĂlia tamanho grau de dedicaĂ§Ă£o ao personagem.
É uma obra de qualidade superior se tratando das locações, dos lindos figurinos e dos cenĂ¡rios internos que sĂ£o finamente cuidados, com isso a fotografia de Andrew Dunn, que usa e abusa dos drones em momentos especĂficos, Ă© lindamente colorida, ele usa luz incidental sobre cada aĂ§Ă£o ou personagem, com isso ele trata as cenas como se fossem quadros com temperatura de cor mais baixa.
A maquiagem Ă© Ă³tima, a beleza natural das atrizes nĂ£o desaparece atrĂ¡s de uma camada imensa de pĂ³ facial ou qualquer outro produto do gĂªnero, seus sorrisos e expressões sĂ£o preservados e se destacam, seja em cenas diurnas, noturnas, internas ou externas. Como se trata de uma teatralizaĂ§Ă£o de texto, a montagem Ă© obrigatoriamente lenta, senti em alguns momentos um “atraso” no corte feito pelo Adam Recht, nada comprometedor, nem que possa te dar sono durante os 125 minutos de exibiĂ§Ă£o.
Downton Abbey II: Uma Nova Era vai agradar muito quem jĂ¡ acha a sĂ©rie o mĂ¡ximo, Ă© um filme com cabeça, tronco e membros do cinema inglĂªs, Ă© o teatro na tela, certamente teve um orçamento baixo (o anterior custou US$ 20 milhões e faturou US$ 200 milhões) e prova que nĂ£o Ă© preciso ter muito dinheiro para mostrar talento, que o digam os ingleses.
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