A continuação, que também pode ser chamada de “Pânico 5”, é muito competênte e criativa, certamente seria motivo de orgulho para Wes Craven

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Paramount Pictures

Parece que as coisas estão mudando nas produções cinematográficas de hoje, há alguns anos, diretores iniciantes usavam o nome e não aproveitavam ideias básicas de obras mais antigas, sempre querendo criar algo novo se complicavam e tudo virava um enorme prejuízo para as produtoras. Outros “realizadores” optavam pela tal “releitura” que mais confundia que explicava, até parece que a originalidade era algo feio e a criatividade havia fugido muito do enredo.

Ainda bem que alguns produtores e diretores mais espertos passaram a usar o passado como ponto de partida, nas sequencias, conseguiram inovar e até melhorar obras de sucesso, usando técnicas cinematográficas mais modernas com estórias bem contadas, sem fugir do principio que levou milhares de espectadores ao cinema em anos passados. Com esse pensamento novo e ousado, estreia hoje no Brasil Pânico (Lantern Entertainment, Outerbanks Entertainment, Project X Entertainment, Radio Silence Productions, Spyglass Media Group, Paramount Pictures), uma realização moderna com todos os artigos de filmes de terror, mas sem tirar seu sono de noite.

Parece incoerente eu afirmar que um filme de mistério, suspense e terror é muito agradável de assistir, mas acredite, é muito gostoso e quase não se percebe que os 114 minutos de exibição passam voando. A preocupação em colocar nos smartphones dos personagens, durante as conversas, as mensagens em português do Brasil (acredito que para cada país exista uma cópia exclusiva) te captura com muito mais facilidade e te deixa entrar rapidamente na trama.

Essa nova sequência acontece vinte e cinco anos após uma série de assassinatos brutais chocar a tranquila cidade de Woodsboro. Um novo assassino está a solta e se apropria da máscara e da fama de Ghostface, começa a perseguir um grupo de adolescentes e traz à tona segredos do passado mortal da cidade.

Sabe quando eu falei em usar o passado como ponto de partida? Pois é, os diretores Matt Bettinelli-Olpin & Tyler Gillett, parceiros de longa data em filmes do gênero, foram buscar personagens do cast original para contar a nova estória. Neve Campbell (Sidney Prescott), Courteney Cox (Gale Weathers) e David Arquette (Dewey Riley) retornam nos seus papéis originais, os novos personagens ficam por conta de gente de muito talento como Melissa Barrera, Kyle Gallner, Mason Gooding, Mikey Madison, Dylan Minnette, Jenna Ortega, Jack Quaid, Marley Shelton, Jasmin Savoy Brown e Sonia Ammar.

A fotografia de Brett Jutkiewicz não procura esconder nada, tudo fica muito às claras, rostos e expressões, mesmo em cenas noturnas, são captadas com muito cuidado e bem detalhadas. A edição de Michel Aller, não tem nada de excepcional, é limpa e correta, fica por conta das ações dos atores e dublês, junto com o pessoal dos efeitos visuais, o impacto das imagens, carrega tudo que um filme de terror precisa ter, mas com muito bom gosto na realização.

Pânico é dedicado ao produtor e diretor Wes Craven que nos deixou em 2015, foi ele quem criou as duas maiores referencias do cinema de suspense e terror: a máscara do assassino de Pânico e as laminas de Freddy Krueger em “A Hora do Pesadelo” e onde estiver, deve estar muito feliz com o rumo da continuação de sua obra. Não é para todos os públicos, a classificação indicativa é de 16 anos por causa de cenas violentas, mas tem muito mais, faz parte também o humor ácido em diálogos bem escritos. Vá ao cinema conferir essa obra de US$ 24 milhões que deve seguir o destino de sucesso de seus antecessores, foram 10 anos desde o número 4, que valeu a pena esperar!

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