A criaĂ§Ă£o que mudou radicalmente a forma de fazer cinema chega ao quarto longa com um olhar diferente
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Warner Bros. Pictures
Desde que surgiu em 1999, o nome Matrix provoca
comichĂ£o em quem gosta de cinema de ficĂ§Ă£o bem feito, com ideias geniais e
temas fortes em seus enredos, os trĂªs primeiros filhos da parceria familiar
foram sucesso de critica, arrebentaram nas bilheterias e permitiram aos fĂ£s
sonharem com vĂ¡rias continuações. Mas, e sempre existe um mas, as coisas quase
nunca sĂ£o como queremos ou imaginamos.
Parecia que tudo iria se resumir a uma trilogia criada pelas irmĂ£s Lilly e Lana Wachowski, afinal de contas, houve um hiato muito grande desde a Ăºltima produĂ§Ă£o, as pessoas e as ideias envelhecem e agradar ao novo pĂºblico de hoje Ă© mais difĂcil que no inicio do sĂ©culo. Lana nĂ£o pensou assim e resolveu encarar o desafio de criar uma nova continuaĂ§Ă£o, a trilogia virou saga e ganhou as telas dos cinemas, com um detalhe, Lilly nĂ£o estĂ¡ no projeto, Ă© um vĂ´o solo da irmĂ£ mais nova.
8 anos depois da revoluĂ§Ă£o, estreou no Brasil e no mundo Matrix Resurrections (Village Roadshow Pictures, NPV Entertainment, Silver Pictures, Warner Bros. Pictures), uma aventura que se propõe a explicar mais e surpreender menos, trata-se de uma viagem de 2 horas e 28 minutos cheia de referencias e easter eggs.
Nesse longa que foi escrito, produzido e dirigido pela Lana, foram criadas muitas ambiguidades no mundo de duas realidades, a vida cotidiana e o que estĂ¡ por trĂ¡s dela. Thomas Anderson (Keanu Reeves) terĂ¡ que escolher seguir o coelho branco mais uma vez. A escolha, embora seja uma ilusĂ£o, ainda Ă© a Ăºnica maneira de entrar ou sair da Matrix, que Ă© mais forte, mais segura e mais perigosa.
NĂ£o vou dar mais nenhum spoiler, filmes provocam reações distintas, alguns amam outros odeiam, o que nĂ£o dĂ¡ para ficar alheio Ă© da qualidade cinematogrĂ¡fica e de interpretaĂ§Ă£o dos personagens que, depois de tanto tempo, ainda continuam em forma para as exigentes situações a que sĂ£o submetidos. Uma dica, nĂ£o procure entender profundamente as mensagens, entre na viagem como um passageiro privilegiado.
Houve mudança na direĂ§Ă£o de fotografia, saiu o Bill Pope, que esteve nos trĂªs primeiros longas e entrou o John Toll e a Daniele Massaccesi (que operou as cĂ¢meras) e isso tem impacto visual na captaĂ§Ă£o em relaĂ§Ă£o aos filmes anteriores que tinham aquele “ar” de coisa mais caseira. O mesmo acontece com a montagem, o experiente Zach Staenberg deu lugar a Joseph Jett Sally, a forma Ă© outra atĂ© porque a narrativa Ă© muito diferente.
Os longas anteriores se apoiavam em efeitos visuais impactantes, cenĂ¡rios que giram, o impressionante Bullet Time, personagens que voam e lutam ao mesmo tempo, foram tantas as criações que o desafio da Double Negative para esse filme era muito alĂ©m do imaginĂ¡vel e do ineditismo. Eles nĂ£o decepcionaram, durante toda a exibiĂ§Ă£o Ă© um show de criatividade e inovaĂ§Ă£o, vai ser um concorrente muito forte ao Oscar® na categoria, principalmente pela impressionante sequĂªncia de fuga.
Matrix Resurrections Ă© uma obra cinematogrĂ¡fica da melhor qualidade, tem que ser vista e revista algumas vezes, vale o ingresso e o tempo dedicado, no final, procure decifrar a mensagem da diretora e aguarde os crĂ©ditos, tem cena extra.
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