Na despedida de Daniel Craig, o agente secreto vive a maior experiĂªncia de sua vida

Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures

Sabe o que faltava aos filmes de James Bond? Um olhar Norte Americano na direĂ§Ă£o. Mas a cabeça dura de Albert R. Broccoli nĂ£o quis deixar que Steven Spielberg realizasse o sonho de dirigir um filme da franquia, que Ă© na verdade um negocio familiar, dois filhos continuam a obra do pai. Spielberg se ofereceu duas vezes e sempre ouviu NĂƒO, aĂ­ apareceu George Lucas e deu ao talentoso diretor o Indiana Jones, um 007 paleolĂ­tico que fez muito sucesso.

Quem nĂ£o sonharia ver um filme do agente secreto inglĂªs comandado pelo diretor no auge da sua forma e sucesso? Eu levanto a mĂ£o duas vezes, certamente a visĂ£o do herĂ³i seria outra, nĂ£o quis o destino nem o produtor mas, e sempre existe um mas, um dia eles iriam se render ao talento dos Yankes, esse momento chegou e claro que deu muito certo.

Estreia hoje no mundo a realizaĂ§Ă£o que Ă© a hora e a vez de Cary Joji Fukunaga, o americano descendente de japoneses e suecos assina 007 - Sem Tempo Para Morrer (Eon Productions, Metro-Goldwyn-Mayer, United Artists Releasing, Universal Pictures), entendo que gosto Ă© muito pessoal, mas para mim, esse Ă© o melhor longa do 007 que mais apanhou nos filmes.

Bond (Daniel Craig) deixou o serviço ativo e estĂ¡ desfrutando uma vida tranquila na Jamaica. Sua paz nĂ£o dura muito quando seu velho amigo Felix Leiter (Jeffrey Wright), da CIA, aparece pedindo ajuda. A missĂ£o de resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando o agente Ă  trilha de um vilĂ£o misterioso armado com uma nova e perigosa tecnologia. Pronto, sĂ³ isso de spoiler, o resto vocĂª vai ter que conferir ao vivo no cinema.

O que posso dizer da produĂ§Ă£o Ă© que, os lugares espetaculares onde as filmagens acontecem ganham outro olhar, a captaĂ§Ă£o mais aĂ©rea dĂ¡ nova perspectiva, o uso de drones e helicĂ³pteros, em uma quantidade que nunca vi nos filmes do agente secreto, te levam a outro patamar. É uma realizaĂ§Ă£o primorosa, as perseguições com veĂ­culos sĂ£o um balĂ© finamente coreografado e de conclusĂ£o inesperada.

Cary Joji Fukunaga criou o argumento, escreveu o roteiro e dirigiu com suavidade oriental, todos os atores sĂ£o aproveitados cuidadosamente com participações muito equilibradas, a exceĂ§Ă£o Ă© LĂ©a Seydoux (Madeleine Swann), mas Rami Malek (Lyutsifer Safin), Lashana Lynch (agente 00), Ralph Fiennes (M), Christoph Waltz (Ernst Stavro Blofeld), Ben Whishaw (Q), Naomie Harris (Eve Moneypenny), Ana de Armas (Paloma) entram em saem da estĂ³ria de forma brilhante.

Pode esperar por cenĂ¡rios e locações do nĂ­vel que a franquia oferece, a fotografia de Linus Sandgren Ă© limpa e clara, mesmo nas cenas noturnas, a captaĂ§Ă£o bem feita Ă© aproveitada com muita competĂªncia na montagem que Elliot Graham e Tom Cross fizeram, a conduĂ§Ă£o da trilha sonora forte e corretĂ­ssima Ă© do sempre Ă³timo Hans Zimmer.

007 - Sem Tempo Para Morrer teve que esperar a pandemia dar um tempo para poder encantar quem gosta de cinema bem feito, essa aventura de US$ 250 milhões, 2 horas e 43 minutos de exibiĂ§Ă£o e que encerra um ciclo, Ă© para ser apreciada por quem tem mais de 14 anos e no cinema, escolha aquele que se preocupa com distanciamento e cuidados com higiene. Ah, uma dica, fique atĂ© o fim dos crĂ©ditos, a curiosidade, que pode te matar, serĂ¡ devidamente esclarecida!

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