O Ă³timo thriller que dĂ¡ ideia de presente, passado e futuro tem a marca registrada de M. Night Shyamalan
Texto: Eduardo Abbas
Fotos: Universal Pictures
O que Ă© o tempo? Tempo Ă©, por definiĂ§Ă£o, a duraĂ§Ă£o dos fatos, se diz que “O tempo cura tudo”, ou que “O amor faz passar o tempo e o tempo faz passar o amor”, ou atĂ© que “sempre Ă© melhor dar tempo ao tempo”, mas na verdade esse substantivo Ă© o condutor de uma produĂ§Ă£o ousada e, porque nĂ£o, muito corajosa.
Estreia hoje no Brasil Tempo (Blinding Edge Pictures, Perfect World Pictures, Universal Pictures), que estĂ¡ em cartaz nos cinema dos EUA hĂ¡ uma semana e jĂ¡ superou em arrecadaĂ§Ă£o o custo de US$ 18 milhões. Trata-se de um filme com a cara de M. Night Shyamalan que escreveu, produziu, dirigiu e chega para enlouquecer o pĂºblico durante os 108 minutos de duraĂ§Ă£o.
O tema Ă© complexo e cheio de detalhes, o roteiro foi baseado nos quadrinhos Castelo de Areia de Pierre Oscar LĂ©vy e Frederik Peeters onde uma famĂlia vivencia um fenĂ´meno insĂ³lito e inexplicĂ¡vel em um feriado tropical na praia isolada onde eles estĂ£o relaxando por algumas horas, de alguma forma, ela os faz envelhecer rapidamente. Mas calma, tudo que acontece durante a exibiĂ§Ă£o deixarĂ¡ o espectador muito mais confuso, atĂ© porque tentar resolver o mistĂ©rio Ă© quase impossĂvel.
Esse trabalho Ă© uma novidade na carreira do diretor, o longa foi rodado praticamente todo ao ar livre e usando locações, as cenas de estĂºdio sĂ£o pequenas e realizadas burocraticamente, o resultado Ă© um realismo que envolve de maneira forte o espectador, nĂ£o dĂ¡ pra piscar, o ritmo das coisas acontecendo e as novidades aparecendo alucinadamente nĂ£o deixa espaço nem para trocar a mĂ¡scara de proteĂ§Ă£o no cinema.
Shyamalan, nesta competente adaptaĂ§Ă£o, coloca em alguns momentos cacos desnecessĂ¡rios, nem tudo precisa ser tĂ£o explicado, pois estĂ¡ na iminĂªncia de acontecer. O que nĂ£o dĂ¡ pra negar Ă© sua conduĂ§Ă£o nas interpretações, que sĂ£o muito convincentes e sem exageros de um elenco que tem Gael GarcĂa Bernal (Guy), Vicky Krieps (Prisca), Rufus Sewell (Charles), Nikki Amuka-Bird (Patricia), Ken Leung (Jarin), Abbey Lee (Chrystal), Aaron Pierr (Mid-Sized Sedan), Kathleen Chalfant (Agnes) e as crianças que insistem em crescer: Maddox (Alexa Swinton, Thomasin McKenzie, Embeth Davidtz), Trent (Nolan River, Luca Faustino Rodriguez, Alex Wolff, Emun Elliott) e Kara (Mikaya Fisher, Eliza Scanlen), onde a troca de atores em cada nova passagem de tempo Ă© feita com enorme competĂªncia por ser quase imperceptĂvel.
Tecnicamente o filme Ă© bem realizado, a fotografia de Mike Gioulakis (Fragmentado, Vidro) Ă© correta e o cenĂ¡rio natural ajuda muito, agora, a montagem, Ă© muito boa! O editor Brett M. Reed consegue fazer com que as passagens de tempo durante o decorrer da trama sejam tĂ£o suaves como as ondas do mar na RepĂºblica Dominicana onde foi filmado, ficando as surpresas e sustos nas inevitĂ¡veis revelações que acontecem sempre em momentos completamente inesperados.
O filme Ă© embalado pela trilha sonora do maestro Trevor Gureckis, ele usou os sons da natureza em compasso com poucos instrumentos, embalando suavemente o desenrolar da aĂ§Ă£o. O mesmo acontece com a maquiagem dos atores em seu processo de envelhecimento, sĂ³ nos damos conta que o tempo correu para eles quando acontece algo novo.
Tempo nĂ£o Ă© uma obra descartĂ¡vel e muito menos pouco enriquecedora, Ă© sĂ³ para quem tem mais de 14 anos e serve de rota para o conhecimento do homem na sua breve passagem por este plano, Ă© um filme para assistir de mente aberta, refletir sobre, sair do cinema pensando e sim, aproveitar o que todos temos de sobra, a vida, enquanto Ă© tempo.
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