Os números finais de 2019 foram apresentados na primeira coletiva do ano, as exportações deixaram a desejar

Texto e fotos: Abimaq

O desempenho do setor de bens de capital mecânicos e os indicadores conjunturais do setor de máquinas e implementos agrícolas do mês foram revelados na coletiva de imprensa realizada na segunda-feira.


Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente

Curva de Comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13, 2017, 2018 e 2019
Em 2019, o bom desempenho das vendas no mercado doméstico foi determinante para a manutenção do patamar positivo do setor em relação a 2018.


A melhora nas vendas de bens sob encomenda, notadamente para celulose e consumo, foram preponderantes para este crescimento no mercado doméstico. Pelo lado das exportações, que tiveram papel fundamental no desempenho das vendas do setor em 2018, apresentaram resultados mais enxutos em 2019, mesmo diante de um câmbio competitivo.

Receita Líquida Total - R$ Bilhões constantes
Na passagem do mês de novembro/19 para dezembro/19, as vendas de máquinas e equipamentos caíram 9,2%. Foi observada, também, queda na comparação contra o mesmo mês de 2018 (-5,0%). As férias coletivas, comum nessa época do ano, influenciaram no fraco resultado em dezembro.


O resultado anual de 0,7% registrou crescimento abaixo do esperado (+1,6%). Todavia, o mercado interno cresceu 7,1% no período, enquanto as vendas externas retraíram -7,2%, diante de uma economia global em crescimento moderado.

Exportação - US$ Bilhões FOB
As exportações de máquinas e equipamentos apresentou queda de 12,8% sobre o mês de novembro/19 e encolhimento de -9,8% sobre o mesmo mês de 2018.


No acumulado do ano, o desempenho negativo das vendas externas (-7,2%) tem relação com a redução no ritmo de crescimento das principais economias mundiais. Essa retração de demanda ocorreu principalmente por países da zona do Euro e da América do Sul.

Exportação por Setores - Setores com sua participação no total
Em 2019 (jan-dez), a redução das exportações foi observada em quase todos os setores fabricantes de máquinas e equipamentos. Houve crescimento apenas nas vendas de Componentes que passaram a representar mais de um quarto das exportações da indústria de máquinas e equipamentos (27,4%).


Em dezembro/19, também predominou o desempenho negativo entre os diversos setores. As variações positivas foram observadas em apenas dois segmentos: Máquinas para petróleo e energia renovável e Máquinas para agricultura.

Exportação por Destinos - US$ Milhões
Em dezembro/19 as vendas aos EUA representou quase que 1/3 do total de máquinas exportadas. Observa-se um ritmo mais lento das vendas também para este mercado. A América Latina, que no passado superou a marca de 50% das aquisições do setor, neste ano teve sua participação deteriorada por conta da retração das compras em diversos dos seus países.

Fonte: SECEX; Elaboração: DCEE/ABIMAQ . Mercosul Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
A principal queda na América Latina foi da Argentina que reduziu suas compras 28,1%, outras quedas importantes foram observadas no Paraguai de 23,8% e no Chile de 9%. Houve queda ainda nas vendas para o México, Colômbia, Bolívia, Equador e Uruguai. Na Europa, o setor também acumulou forte retração nas suas vendas (-27,9%). Com destaque para Holanda (-23,5%) e Alemanha (-16,5%).

Importação - US$ Bilhões FOB
O mês de dezembro/19 registrou estabilidade nas entradas de máquinas e equipamentos importados (0,2%) em comparação com o mês de novembro/19. Na comparação interanual o crescimento foi na ordem de 19%. No ano de 2019 o aumento foi de 19,5%, e parte da explicação para este crescimento está nas alterações legais decorrentes do Repetro-Sped, que proporcionaram mudanças na propriedade dos equipamentos de pesquisa e exploração de petróleo e gás natural - de subsidiárias localizadas no exterior para empresas sediadas no Brasil.


Este crescimento, que teve início em maio de 2019, é sustentando, principalmente, pelas aquisições de componentes para geração de energia, válvulas, tubulações, equipamentos de sondagem e exploração de óleo e gás.

Importação por Setores - Setores com sua participação no total
No mês de dezembro/19, o crescimento das importações foi observado em quase todos os setores. No ano, com exceção do setor de bens de consumo, houve crescimento das importações para todas as demais atividades produtivas.


Há que se destacar, no entanto, o forte crescimento na importação de Componentes, que saltou de US$ 4,2 bilhões em 2018 US$ 6,0 bilhões em 2019, crescimento de 42% no período jan-dez. Boa parte deles em função das modificações no Repetro. Outro importante aumento ocorreu no setor de mineração cuja importação passou de US$ 220 milhões para US$ 880 milhões em 2019.

Principais Origens das Importações - Participação no total importado (US$)
As importações de máquinas e equipamentos de origem americana aumentaram 35,6% em relação a 2018, o que levou ao retorno na liderança da participação de máquinas importadas no Brasil.


A China, que também aumentou as vendas de máquinas ao Brasil no ano (+17,3) manteve certa
estabilidade no mercado brasileiro de máquinas importadas em valores. Em quantidades de maquinário entrando em território nacional, a China mantem a liderança com folga. As máquinas alemãs (-3,7%), italianas (+0,4%) e japonesas (-17,2%), também reconhecidas pelo alto padrão tecnológico internacional, ocupam cada vez menos espaço nas estruturas industriais brasileiras.

Consumo Aparente - R$ Bilhões constantes*
O consumo aparente (produção – Exportação + Importação) de máquinas e equipamentos registrou retração no mês de dezembro de 2019 (-2,0%). Na comparação contra dezembro/18, os investimento foram 12,1% superiores.


A melhora no resultado anual, foi a combinação dos aumentos nas vendas ao mercado interno e o aumento da entrada dos produtos importados, sendo esse último a maior responsável por esse aumento, uma vez que detêm 63% de participação do mercado. Novamente o Repretro-Sped aparece como importante variável explicativa, mas neste caso aparece também a variação
cambial do período, via conversão monetária, cujo impacto foi de 5,6 p.p. na taxa de crescimento do ano.

NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada (%)
Carteira de Pedidos - Em meses para atendimento
A forte crise econômica, que levou ao encolhimento tanto do estoque de capital como de mão de obra, levou a indústria de transformação a atuar com forte ociosidade. Em dezembro de 2019 o setor atuou com 71% da sua capacidade instalada, um recuou de 0,8% em relação ao mês de novembro/19. No ano, a média de utilização da capacidade instalada foi da ordem de 75%.


A carteira de pedido também continua em níveis historicamente baixos. O setor de bens sob encomenda, cuja carteira girava ao redor de 6 meses, praticamente desapareceu com a ausência de investimentos em infraestrutura do país. O volume de investimentos em infraestrutura está em 1,7% do PIB quando, para se igualar com a média mundial, precisaria ser ao redor de 5% do PIB nacional.

Emprego - Em mil pessoas
Após ter reduzido em mais de 90.000 o números de pessoas empregadas na indústria brasileira de máquinas equipamentos, em 2018 o setor retomou o processo de ampliação e contratou 10.000 pessoas.


A partir do quarto trimestre de 2019 o setor começou a realizar demissões, mas ainda que tenha registrado queda de 1,0% dezembro/19 em relação ao mês imediatamente anterior, o setor atuou com 302,350 pessoas, um volume 0,5% superior quando comparado com dezembro/18. Em relação ao número de pessoas ocupadas no final do ano passado, ente número foi 3,0% superior, equivalente a 1.500 trabalhadores adicionais na indústria de máquinas.