Os números foram apresentados na coletiva de imprensa desta terça-feira

Texto e fotos: Abimaq

O desempenho do setor de bens de capital mecânicos e os indicadores conjunturais do setor de máquinas e implementos agrícolas do mês foram revelados ontem.


Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente

Receita Líquida Total - R$ Bilhões constantes
A indústria brasileira de Máquinas e equipamentos registrou crescimento da receita líquida de vendas durante o mês de agosto de 2019 quando comparado com o mês de julho de 2019.


Em relação ao mesmo mês de 2018 houve, no entanto, queda de 2% que resultou, mais uma vez, em redução da taxa de crescimento acumulada no ano, desta vez para 1,1%. Em 2019 a redução das vendas é decorrente da desaceleração das atividades no mercado internacional, no doméstico as vendas de máquinas cresceram 5,9% em relação a 2018 (jan-ago).

Curva de Comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13, 2017, 2018 e 2019
No mês de agosto de 2019, o setor fabricante de máquinas e equipamentos confirmou as expectativas e registrou crescimento em relação ao mês de julho puxado pelo bom desempenho nas vendas direcionadas ao mercado doméstico que cresceram 16% no período.


Mas as vendas para o mercado externo decepcionou e inviabilizou a superação do resultado alcançado no mesmo mês de 2018 (R$ 7,7 bi). Os dados registrados até o mês de agosto são reflexo da fraca atividade econômica observada nesta ano e indicam que as expectativas de crescimento, ao redor do observado em 2018 (5%), não se confirmarão. A revisão do modelo indica um crescimento da ordem de 1% em 2019.

Exportação - US$ Bilhões FOB
As exportações de máquinas e equipamentos, no mês de agosto/18, apresentaram retração de 2,6% quando comparado com o mês imediatamente anterior. Na comparação interanual, o setor reduziu suas vendas em 15,7%.


Em razão disto, o resultado acumulado no ano voltou a piorar e chegou a uma queda de 5,1% em relação a 2019. A queda nas exportações tem forte relação com a redução no ritmo de crescimento das principais economias mundiais, em razão da continuidade das incertezas em torno da guerra comercial entre EUA e China e problemas em diversos países da zona do Euro. Outro fator importante a ser considerado é a recessão na Argentina, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.

Exportação por Setores - Setores com sua participação no total
No mês de agosto houve crescimento em diversos setores da indústria de máquinas, porém os mais relevantes em termos de participação nas exportações de máquinas registram recuo. O setor fabricantes de Máquinas para Logística e Construção Civil e o de Componentes para a indústria de Bens de Capital, que juntos responderam por 60% das vendas destinadas ao mercado externo recuaram, respectivamente, 24% e 13,5% em ago/2019.


Por outro lado houve crescimento no setor fabricante de Máquinas para Agricultura (11,5%) e também no de Máquina para Petróleo e energia Renovável (275%). Este último em função da venda de US$ 46 milhões em Tubos sem costura. No ano somente o setor de Componentes manteve taxa de crescimento nas exportações (14%).

Exportação por Destinos - US$ Milhões
Em agosto EUA e América Latina registraram a mesma proporção no total das exportações de máquinas nacionais. Juntos esses dois mercados representaram quase 65% das vendas de máquinas e equipamentos brasileiros no exterior.

Fonte: SECEX; Elaboração: DCEE/ABIMAQ . Mercosul Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
As vendas para a América Latina, que no passado chegaram a superar a marca de 50% do total exportado pelo setor, teve sua participação deteriorada em razão, principalmente, do cenário econômico argentino, que reduziu em 41% suas compras de máquinas brasileira. A Europa também apresentou forte retração nas aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros no período (-31%).

Importação - US$ Bilhões FOB
No mês de agosto/19, houve aumento das importações de máquinas e equipamentos, tanto em relação ao mês de julho (24%) como em relação ao mês de agosto de 2018 (60%). Com isso, no ano (jan/ago), as importações superaram em 17% o resultado observado em 2018.


Este crescimento mais intenso se deu a partir do mês de maio de 2019 e em setores específicos. Entre eles aparecem componentes para geração de energia e válvulas, tubulações e equipamentos de sondagem para o setor de exploração de óleo e gás.

Importação por Setores - Setores com sua participação no total
No mês de agosto, houve aumento nas importações por quatro dos sete segmentos de mercado monitorados, entre eles aparecem o setor de:

  1. Infraestrutura e Indústria de Base: que registrou aumento de 315,7% em razão da aquisição de Máquinas para Sondagem / Perfuração, no valor total de US$ 590 milhões. Sozinho,este produto representou 28% das importações realizadas no mês de agosto.
  2. Bens de consumo que registrou aumento de 10% nas importações de máquinas e equipamentos, com predominância de aquisição de máquinas para o setor alimentício.
Principais Origens das Importações - Participação no total importado (US$)
As importações de máquinas para sondagem e perfuração, elevou a participação dos Estados Unidos no total das compras de máquinas ao níveis de 2007 (22,4%). E praticamente consolidaram sua primeira colocação entre os fornecedores de máquinas para o Brasil.


A China perdeu participação em função do forte aumento da participação dos equipamentos americanos no mercado nacional. As máquinas alemãs, italianas e japonesas, reconhecidamente como aquelas de alto padrão tecnológico internacional, ocupam cada vez menos espaço nas estruturas industrias brasileiras.

Consumo Aparente - R$ Bilhões constantes*
O consumo aparente (produção – Exportação + Importação) de máquinas e equipamentos registrou forte crescimento no mês de agosto de 2019 em relação ao mês imediatamente anterior (+26,0%), e quando comparado com agosto de 2018 (+40%).


Este desempenho se deu, principalmente, pela aquisição de máquinas para sondagem de petróleo, que se desconsiderada gera um crescimento de apenas 1,2% em relação a julho e de 12,4% em relação ao mesmo mês de 2018. A variação cambial do período também contribuiu para o aumento do resultado do consumo aparente via importação, neste caso o aumento no resultado anual chegou a 6 p.p..

NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada (%)
Carteira de Pedidos - Em meses para atendimento
Após a forte crise econômica, que levou ao encolhimento tanto do estoque de capital como de mão de obra, a indústria de máquinas e equipamentos continua atuando com forte ociosidade. Em agosto de 2019 o setor atuou com 75% da sua capacidade instalada, um recuou de 1,1% em relação ao mês de agosto/19.


A carteira de pedido também continua em níveis historicamente baixos. O setor de bens sob encomenda, cuja carteira girava ao redor de 6 meses, praticamente desapareceu com a ausência de investimentos em infraestrutura do país. O volume de investimentos em infraestrutura está em 1,7% do PIB quando, para se igualar com a média mundial, precisaria ser ao redor de 5% do PIB nacional.

Emprego - Em mil pessoas
Após ter reduzido em mais de 90.000 o números de pessoas empregadas na indústria brasileira de máquinas equipamentos, em 2018 o setor retomou o processo de ampliação e contratou 10.000 pessoas.


Em 2019, mesmo com a atividade ainda fraca, o setor manteve as contratações e encerrou o mês de agosto/19 com mais 8.000 pessoas empregadas sobre o final de 2018, um total de 309 mil colaboradores. A indústria de máquinas e equipamentos se destaca pela qualidade da sua mão de obra, e por estar entre os setores que oferecem as melhores remunerações do país, 86% acima da média nacional.