• Emplacamentos de veículos registram alta de 13,45%;
  • Mercado de Usados permanece estável.
Texto: Eduardo Abbas / Fenabrave
Fotos: Claudio Larangeira

Não dá pra reclamar, mas também não é pra soltar foguete, o primeiro semestre de 2019 deixa um gosto de quero mais, principalmente se os políticos brasileiros fossem mais esclarecidos, não olhassem só para o umbigo e aprovassem o que é preciso para o Brasil avançar.


A tendencia em quase todos os segmentos foi de números positivos na comparação anual e queda no mês, os bancos turbinaram crédito para as pessoas físicas e restringiram um pouco para as jurídicas, houve um pequeno aumento no índice de emprego em comparação ao número de concessionárias perdidas no setor desde o começo da crise, segundo a Fenabrave, são 1.500 que encerraram as atividades.


Nesta semana, a Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores divulgou o desempenho dos emplacamentos de veículos no mês de junho e do acumulado do primeiro semestre de 2019. De acordo com a entidade, foram vendidos 1.919.047 veículos no primeiro semestre deste ano, entre automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros, o que representa crescimento de 13,45%, na comparação com o mesmo período do ano passado.


Apenas em junho, as 316.475 unidades vendidas representaram alta de 10% ante igual mês de 2018, mas o resultado, se comparado ao mês de maio de 2018, representa queda de 11,7%. Para o Presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr, a queda está, diretamente, atrelada aos dias úteis de vendas. “Em junho, tivemos três dias úteis a menos para emplacamentos, com relação a maio, o que reduziu os volumes. Contudo, as vendas diárias, nesses períodos, cresceram 2,23%, o que nos mostra um cenário positivo, passando de 15.612 unidades, em maio, para 15.961 unidades em junho”, explicou o Presidente da Federação.

Automóveis e Comerciais Leves
Ao final do primeiro semestre, os segmentos de automóveis e comerciais leves, somaram 1.248.899 unidades emplacadas, refletindo em aumento de 10,81%, quando comparadas ao mesmo acumulado de 2018.


Considerando apenas o resultado de junho, as 213.438 unidades emplacadas ficaram 9,44% acima das vendas de igual mês do ano passado, porém, com retração de 8,85% ante maio deste ano. "Em junho, já observamos uma mudança significativa no comportamento do consumidor, principalmente, com relação ao nível de confiança em contrair dívidas de financiamento. E isso está, diretamente, relacionado aos rumos da economia, em função das Reformas pendentes", argumentou Assumpção Júnior.


Embora os resultados demonstrem crescimento, o Setor da Distribuição de Veículos alerta para um fenômeno atípico, que foi o crescimento, mais acelerado, das Vendas Diretas, na comparação com o desempenho obtido no varejo. “Para termos uma ideia, no acumulado de janeiro a junho, as Vendas Diretas representaram 45,06% dos emplacamentos de automóveis e comerciais leves, contra 40,04% no mesmo período de 2018. E, enquanto o varejo cresceu 2,15% nesse período, as Vendas Diretas avançaram 23,59%”, alertou o Presidente da Fenabrave.

Ônibus e caminhões
O mercado de caminhões registrou alta de 44,93% nas vendas do primeiro semestre de 2019, sobre mesmo período de 2018, totalizando 46.867 unidades. Em junho, os 7.804 caminhões emplacados ficaram 36,2% acima do volume comercializado no mesmo mês de 2018, mas 15,46% abaixo das vendas de maio de 2019. “O mercado de caminhões, mesmo atrelado ao PIB, que vem caindo, manteve o ritmo de recuperação. Contudo, no último mês, observamos algumas postergações de compra, por conta das incertezas políticas, o que gerou retração nas vendas mensais”, comentou Sérgio Zonta, Vice-Presidente da Fenabrave para o segmento de Caminhões, Ônibus e Implementos Rodoviários.


Seguindo o ritmo de recuperação, observado em caminhões, o segmento de Implementos Rodoviários registrou alta de 58,81% nos licenciamentos do primeiro semestre deste ano, frente a igual período do ano passado, totalizando 30.840 unidades, contra 19.420 emplacamentos registrados em 2018. Em junho, os emplacamentos somaram 5.248 unidades, marcando alta de 40,81% em relação ao mesmo mês do ano passado, mas, com retração de 13,54% na comparação com maio de 2019. Na avaliação de Zonta, a renovação de frota tem incentivado as vendas, embora o segmento também tenha sentido impactos das incertezas políticas, que afetaram a economia. As vendas de Ônibus registraram forte crescimento no primeiro semestre, chegando a 71,36% sobre o acumulado de 2018, somando 12.403 unidades. Segundo Zonta, o “Programa Caminho da Escola” e a renovação de frota de modelos rodoviários e urbanos impulsionaram o mercado.


Motocicletas
O segmento de motocicletas apontou avanço de 16% no primeiro semestre de 2019, sobre idêntico período de 2018, totalizando 530.161 unidades. Em junho, foram licenciadas 80.040 motos, 8% a mais do que em igual mês do ano passado, porém, 18,34% menos do que em maio. “Além da quantidade de dias úteis a menos em junho, as vendas de motocicletas estão represadas por conta da falta de produtos. As fabricantes, com falta de componentes, ainda não conseguiram acelerar o ritmo de produção, para acompanhar a nova demanda pós-crise. Com isso, as motos, de até 250 cilindradas, estão sentindo mais esse impacto negativo e esse segmento representa 80% das vendas deste segmento”, explicou Carlos Porto, Vice-Presidente da Fenabrave para o segmento de Motocicletas.

Tratores e máquinas agrícolas
Para o segmento de Tratores e Colheitadeiras, os dados da Fenabrave mostram que foram vendidos, de janeiro a junho, 20.750 unidades, numa retração de 0,53% ante igual intervalo do ano passado. Para Marcelo Nogueira, Vice-Presidente da Fenabrave para estes segmentos, o mercado não deve reagir positivamente, mesmo com os recursos liberados para os programas de compra de máquinas, contemplados pelo Plano Safra. “Embora o setor agrícola tenha projeção de crescimento na área plantada para a próxima safra, os recursos destinados para a compra de máquinas serão insuficientes, novamente. O ideal seria algo em torno de R$ 12 bilhões, mas teremos apenas R$ 9,6 bilhões”, lamentou Nogueira.


Implementos rodoviários
O mercado de implementos rodoviários apresentou, entre maio e junho crescimento queda de 13,54%, mas o acumulado do ano mostra um aumento de 58,81% sobre o mesmo período do ano passado. Como a safra esperada para este ano deve ser igual ou pouco menor que a de 2018, esses números devem permanecer positivos.

Veículos usados
As transações de veículos usados, considerando todos os segmentos somados - automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros - apresentaram leve alta, de 0,72%, no fechamento do primeiro semestre, ante igual intervalo de 2018, somando 6.828.223 unidades. Contudo, as transferências realizadas em junho, que totalizaram 1.068.013 unidades, representam queda de 16,31% ante junho do ano passado, e estão 4,23% abaixo das vendas de maio.


Segundo Alarico, embora o crédito esteja disponível, o cliente está em compasso de espera. “O consumidor está muito cauteloso para contrair dívidas, aguardando pela melhora na economia, que depende, diretamente das Reformas do governo, ainda pendentes”, comentou. No segmento de Automóveis e Comerciais Leves, a relação entre o volume de modelos usados e de modelos 0 km é de 3,8. Em caminhões, essa relação é de 3,5, e chegando a 2,7 para motos.

Revisão das Projeções para 2019
Com o fechamento do primeiro semestre, e diante dos apontamentos econômicos e políticos da atualidade, a Fenabrave revisou suas expectativas para o mercado de veículos neste ano.

  • Para o setor em geral, a entidade projeta crescimento de 9,17%, ante os 10,7% esperados na previsão de abril. Com isso, o mercado total, com exceção de tratores e máquinas agrícolas, que não são emplacadas, deverá somar 3.876.905 unidades.
  • A previsão para as vendas de automóveis e comerciais leves passou de 11% para 8%, somando agora 2.668.414 unidades. Para caminhões, a projeção que era de 15,4% foi para 17,6%, totalizando 89.885 unidades.
  • Atrelado às vendas de caminhões, o mercado de implementos rodoviários deve alcançar 55.818 equipamentos vendidos, o que representa alta de 24,9%, contra os 17,1% previstos em abril. As vendas de ônibus devem crescer 19%, com o total de 22.788 unidades, ante a expectativa anterior de 20,19%.
  • Para o mercado de motocicletas, a Fenabrave projeta alta de 10,6% e não mais 9,2%, como em abril, alcançando 1.040.000 de unidades. Em abril, a entidade esperava estabilidade para as vendas de tratores e de máquinas agrícolas, contudo, com a revisão dos dados, a projeção, agora, aponta para uma queda de 3,69% para tratores, somando 42 mil unidades, e 5,6 mil colheitadeiras, refletindo em queda de 2,86%.