O quinto mês do ano apresentou aumento no consumo e no número de empregos

Texto e fotos: Abimaq / Eduardo Abbas

Ainda sem uma política econômica definida pelo atual governo, que continua esperando a votação das reformas, a indústria teve no mês de maio números positivos em quase todos os setores.


As exportações não reagem e continuam em queda, isso acabou impactando a indústria automotiva fortemente, tanto que estão acontecendo ajustes nas empresas por conta desse desequilíbrio, a Toyota, uma das mais atuantes empresas nesse setor, demitiu 840 funcionários e fechou um turno de trabalho.


Perguntei se isso era apenas um ponto fora da curva, segundo a Abimaq "é um ponto fora da curva e é também a chegada da crise nas montadoras japonesas, nos anos passados eles foram os que menos sofreram. As exportações complicaram a vida deles, no mercado interno os concorrentes melhoraram os produtos e se aproximaram do nível deles e a demora na retomada da economia acabou complicando mais os orçamentos".

Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente

Receita Líquida Total - R$ Bilhões constantes
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou crescimento no mês de maio de 2019 na sua receita líquida de vendas. Em relação ao mês de abril o crescimento foi de 4,7% e sobre o mesmo mês de 2018 de 15,1%.


Estes resultados elevaram a taxa de crescimento acumulada no ano para 7,5%. O desempenho de 2019 continua influenciado pelo mercado doméstico que registrou crescimento de 12%. As exportações mesmo tendo caído em relação a abril, ficaram acima do resultado observado em maio de 2018, permitindo assim a redução da taxa de queda acumulada no ano para 3,6%.

Curva de Comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13, 2017, 2018 e 2019
A melhora no desempenho econômico no último semestre de 2018 propiciou aumento da confiança do setor produtivo e estimulou a realização de investimentos. Infelizmente este cenário mudou, e os dados do PIB no primeiro trimestre deste ano mostraram nova desaceleração da economia e com ela o adiamento de investimentos.


Ainda que os números do setor de máquinas e equipamentos viessem acima daqueles observados no primeiro semestre de 2018, período cuja atividade foi influenciada pela paralisação dos caminhoneiros, há dúvidas que esta melhora seja mantida ao longo dos próximos meses. O que poderá nos levar a uma revisão das expectativas para este ano, até o momento estimada em crescimento de 5%.

Exportação - US$ Bilhões FOB
As exportações do mês de maio de 2019 ficaram acima daquelas realizadas no mesmo mês de 2018, mas 6,1% abaixo das realizadas no mês de abril. Em 2018 as exportações de maio tiveram um forte recuou (40%) sobre abril – caíram de US$ 858 milhões para US$ 517 milhões - isto explica o crescimento da mesma ordem de grandeza em maio deste ano.


Em função disto, a taxa de queda acumulada em 2019 (jan-mai) em relação a 2018 diminuiu de 10,7% (até abril) para 3,6% (até maio).

Exportação por Setores - Setores com sua participação no total
A queda das exportações de máquinas e equipamentos no mês de maio ocorreu de forma generalizada.


Mas contribuíram com maior intensidade para este desempenho, as vendas realizadas pelos seguintes grupos setoriais:
  • Componentes para a indústria de bens de capital (-26,7%) – válvulas e geradores
  • Infraestrutura e indústria de base (-3,0%)
  • Máquinas para a indústria de transformação (-2,6%) – tratamento superficial
Exportação por Destinos - US$ Milhões
As exportações de máquinas e equipamentos no mês de maio apresentaram um melhor desempenho nos Estados Unidos, que tiverem sua representatividade aumentada em 8,2 p.p. entre os compradores de máquinas.

Fonte: SECEX; Elaboração: DCEE/ABIMAQ . Mercosul Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
Houve melhora também nas vendas para alguns países da América Latina (México, Peru e Colômbia). As exportações para a Argentina continuam bastante fracas, até o mês de maio o volume exportado não passou da metade daquele observado em 2018. No ano (jan-mai) a queda de 3,6% está relaciona à contração da econômica argentina, mas também pelo encolhimento das vendas para países da Europa (Holanda e França) e para a China.

Importação - US$ Bilhões FOB
No mês de maio/19, as importações cresceram em relação ao mês de abril/19 (+26,8%) e também na comparação com o mesmo mês de 2019 (+40,5%).


Houve aumento nas compras de máquinas e equipamentos importados por muitos setores da economia, mas há que se destacar o aumento 22% na aquisição de componentes, bens utilizados, na sua maior parte, para reposição. Com este aumento importante nas importações, o resultado acumulado no ano (jan-mai/19), voltou a registrar crescimento (+6,6%) na comparação com o mesmo período de 2018.

Importação por Setores - Setores com sua participação no total
O resultado do período jan-mai de 2019, mostrou que 4 dos 7 grupos setoriais aumentaram as importações de máquinas e equipamentos em relação a 2018, com destaque para:
  1. Bens de capital (22%), principalmente geradores cuja importação chegou a US$ 308 milhões contra US$ 77 milhões em 2018.
  2. Agricultura (14,5%): Importação de colheitadeiras.

Com este crescimento houve novamente inversão da curva de desempenho das importações que saiu de queda de 1,2% (até abril) para crescimento de 6,6% (até maio).

Principais Origens das Importações - Participação no total importado (US$)
Apesar da forte aumento da participação das importações dos Estados Unidos, a China continua como a principal origem das importações de máquinas e equipamentos tanto em valor como em volume.


Os EUA, apresentaram melhora em suas vendas para o Brasil nos últimos meses, com isso sua participação subiu 2 p.p. em relação a 2018 (de 17,4% para 19,4%). Já a Alemanha continua perdendo participação no mercado brasileiro. Sua participação caiu em quase 2 p.p. em 2019, de 15,5% em 2018 para 13,8%.

Consumo Aparente - R$ Bilhões constantes*
No mês de maio de 2019 o consumo de máquinas e equipamentos cresceu em relação ao mês de abril19 (+22,4%) puxado pelo aumento das vendas de máquinas nacionais (+12%), mas, principalmente, pelas importações (+27%).


Este forte crescimento na ponta, interrompeu a tendência de desaceleração dos investimentos no país. O consumo de máquinas e equipamentos que registrava crescimento de 9,2% até o mês de abril, passou a registrar crescimento de 12,3% até o mês de maio. Neste período as importações aumentaram sua participação no consumo aparente nacional em 0,7 p.p.

NUCI - Nível de Utilização da Capacidade Instalada (%)
Carteira de Pedidos - Em meses para atendimento
O NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou um pequeno recuou (-0,1%) em relação ao mês de abril/19, mantendo a ociosidade do setor ao redor de 25%.


A carteira de pedidos também registrou queda (-2,7% contra o mês anterior) como reflexo da desaceleração da econômica observada no último trimestre. Apesar das quedas observadas nos últimos dois meses, no ano, tanto o nível de utilização da capacidade instalada como a carteira de pedidos, mantiveram-se acima do nível de 2018 (1,8% e 3,5% respectivamente).

Emprego - Em mil pessoas
A partir de 2018, o setor fabricante de máquinas e equipamentos iniciou o processo de ampliação do quadro de pessoal, encerrando o ano com pouco mais de 300 mil postos de trabalho. Um aumento de mais de 10 mil pessoas empregadas só em 2018.


Em 2019 o setor manteve esta tendência de recuperação. Até o mês de maio foram criados outros 8.000 postos. No mês de maio o incremento foi de +0,4%. Atualmente o setor fabricante de máquinas e equipamentos atua com 308.780 pessoas ocupadas.