Os números do primeiro bimestre são positivos, as pedras nos sapatos continuam sendo as exportações, os índices insistem em não subir

Texto: Eduardo Abbas / Abimaq
Fotos: Abimaq

2019 segue o roteiro esperado, é um ano de recuperação da economia e a retomada da indústria, lenta mas constante e isso é o que realmente importa, as balelas do passado parece que realmente deram lugar a uma nova e real perspectiva de crescimento.


Os EUA voltaram a ser nossos melhores clientes, novos postos de trabalho começam a aparecer e o emprego encontra suporte em quase todos os setores, principalmente na produção de máquinas agrícolas e consumo, quem patina é a indústria pesada onde a variação faz parte do histórico.


O grande problema são as exportações, puxadas para baixo em parte pela indústria automotiva que deixou de enviar menos automóveis que o esperado para os países da América Latina. Segundo Maria Cristina Zanella "Este é apenas um setor com problemas, o mundo todo está comprando menos do Brasil, a Argentina que é nosso melhor cliente em está em recessão, mas países como a China e vários da Zona do Euro também diminuíram suas importações".

Acompanhe o resumo do mês e os indicadores individualmente


Receita líquida total - R$ Bilhões Constantes
O mês de fevereiro de 2019, como esperado, apresentou crescimento (+23,8%) na comparação mensal (contra jan/19), impulsionado pelo aumento das vendas para o mercado interno (63,2%), que voltou ao nível de setembro/18 após uma relevante desaceleração no final de 2018.


No bimestre, a Receita Líquida Total do setor apresentou crescimento de 10,6%. Em linha com nossas expectativas, o crescimento das vendas em 2018 do setor vem influenciado pela melhora na demanda internas.

Curva de comportamento - Receita Líquida – Média 2010-13, 2017, 2018 e 2019
O desempenho das vendas de máquinas e equipamentos no mês de fevereiro de 2019 manteve o comportamento sazonal a taxas superiores à média do período pré-crise, fazendo com que a queda acumulada após aquele período recuasse para 37% no primeiro bimestre, 10 p.p. a menos da observada em dez/18.


Assim, a receita líquida do setor alcançou R$ 6,5 bilhões contra R$ 9,8 bilhões na média do período 2010-13. A expectativa é que nos próximos meses a receita mantenha-se acima do resultado de 2018, mas provavelmente a taxas ligeiramente menores que a atual, e encerre o ano com crescimento pouco abaixo do daquele ano (+5,0%).

Exportação - US$ Bilhões FOB
Em fevereiro de 2019 a exportação do setor registrou a segunda queda consecutiva, tanto em relação ao mês anterior (-11,2%), como ao mesmo mês do ano anterior (-23,9%). Com isso, o resultado acumulado ano foi de queda de -17,7%.


A recessão na economia Argentina teve papel importante neste resultado, ao reduzir suas compras de máquinas em 55% no primeiro bimestre de 2019, mas há um aparente desaquecimento em outras economias.

Exportação por setores - Setores com sua participação no total
Na comparação bimestral o fraco desempenho das vendas no mercado externo foi observado em todos os grandes setores, com destaque para:
  1. Máquinas para logística e construção civil (-20,7%);
  2. Componentes para a indústria de bens de capital (-6,8%);
  3. Máquinas e implementos agrícolas (-24,5%).

Estes segmentos juntos representam mais de 60% da queda nas exportações do setor de Máquinas e Equipamentos.

Exportação por destinos - US$ Milhões
Neste primeiro bimestre do ano, aproximadamente 50% das vendas de máquinas e equipamentos brasileiros, tiveram como destino os Estados Unidos e a Europa.

Fonte: SECEX; Elaboração: DCEE/ABIMAQ . Mercosul Estados Membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela
Já em relação à América Latina, a participação nas vendas ao exterior atingiu 33% - o menor patamar dos últimos 10 anos. Além da redução das exportações para o Mercosul, o que também ajudou a puxar para baixo o resultado de 2019 foi queda das vendas para a China e também a países da Europa.

Importação - US$ Bilhões FOB
O desempenho mais fraco das importações de máquinas e equipamentos, observado no último trimestre de 2018, ainda permaneceu em 2019. No mês de fevereiro/19, as importações caíram 15,5% quando comparadas com o mês imediatamente anterior, e eliminaram boa parte do crescimento observado em jan19 (17,6%).


Apesar disto, em relação a fev18 houve crescimento de 2,6%, elevando assim o desempenho anual para 1,1%.

Importação por setores - Setores com sua participação no total
O resultado do 1º bimestre de 2019 foi puxado pelas importações realizadas pelos seguintes setores:
  1. Indústria de bens de capital que ampliou em +8,9% a aquisição de componentes;
  2. Infraestrutura e Indústria de base (+6,2%);
  3. Setor agrícola (+32,8%);
  4. Setor de petróleo e energia renovável (+6,0%).

A participação desses segmentos no resultado do bimestre foi de 48% do total importado pelo país.

Principais origens das importações - Participação no total importado (US$)
A China vem se consolidando, nos últimos dois anos, na posição de principal origem das importações de máquinas e equipamentos, tanto em valor, como em volume. As máquinas de origem chinesa representaram forte crescimento nos últimos anos, passando a Alemanha em 2012 e os EUA em 2017, tradicionalmente segundo e primeiro países de origem das importações.


No bimestre, os EUA voltou a ocupar a segunda colocação, após ter registrado, em janeiro/19, um volume importado menor que a Alemanha. Nos últimos 5 anos, os EUA, ao contrário da China e Alemanha, vem perdendo espaço no mercado brasileiro de máquinas e equipamentos.

Consumo aparente - R$ Bilhões constantes*
O mês de fevereiro de 2019 apresentou pelo segundo mês consecutivo alta dos investimentos produtivos em máquinas e equipamentos com incremento de 9,2% no resultado de janeiro/19. Na análise interanual, fevereiro/19, também se observou crescimento (26,9%). Sendo destaque o desempenho das vendas de bens produzidos no mercado interno que, apesar da melhora, ainda mantem níveis reduzidos.


No bimestre, o consumo chegou a R$ 16,5 bilhões, 18,4% acima do mesmo período de 2018. Há que considerar neste resultado a variação cambial do período de (16%) que elevou os valores das máquinas e equipamentos importados.

NUCI Nível de Utilização da Capacidade Instalada (%)
Carteira de Pedidos Em meses para atendimento
O NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada ficou 5,8% acima do resultado acumulado no bimestre de 2018.


Apesar da melhora a indústria de máquinas e equipamentos continua trabalhando com alto índice de ociosidade. A carteira de pedidos também apresentou melhora no bimestre e ficou 9% acima do mesmo bimestre de 2018.

Emprego - Em mil pessoas
A partir de 2018, o setor iniciou a retomada do emprego, e encerrou o ano com 300 mil postos de trabalho.


No mês de fevereiro/19, o setor apresentou aumento no número de pessoas empregadas de 1%, chegando a 306 mil postos de trabalho. Para 2019, a expectativa é de manutenção das taxas de crescimento.